quarta-feira, 26 de maio de 2021

Com bom resultado da balança comercial, contas externas têm superávit recorde em abril

Saldo positivo foi de US$ 5,66 bilhões em abril, o maior desde o início da série histórica, em 1995. Investimento estrangeiro direto e gastos de brasileiros no exterior sobem.

As contas externas registraram superávit mensal recorde em abril, ao mesmo tempo em que os investimentos estrangeiros diretos e os gastos de brasileiros no exterior avançaram, informou nesta quarta-feira (26) o Banco Central (BC).

Impulsionadas pelo saldo recorde da balança comercial brasileira, que vive bom momento por conta da alta dos preços de alimentos, minério de ferro e petróleo, além da disparada do dólar, as contas externas tiveram saldo positivo de US$ 5,663 bilhões no mês passado - maior resultado para todos os meses.

Até então, o maior saldo positivo na conta de transações correntes, formada pela balança comercial, pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior), havia ocorrido em julho de 2006 (US$ 3,019 bilhões). A série histórica do BC começa em janeiro de 1995.

No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, segundo o BC, as contas externas registraram rombo de US$ 9,717 bilhões, o que representa queda de 54,5% na comparação com o mesmo período do ano passado (-US$ 21,402 bilhões).

Essa redução está relacionada com o bom saldo comercial, com um déficit menor na conta de serviços e com a redução nas remessas de lucros e dividendos para fora do país.

Em um cenário de recessão por conta do coronavírus, o déficit das contas externas recuou 75% em 2020 e foi para US$ 12,517 bilhões;

Para todo ano de 2021, a expectativa do Banco Central é de uma nova melhora nas contas externas, por conta do bom saldo da balança comercial (fruto do dólar alto, que torna as exportações mais rentáveis e as compras do exterior mais caras). A estimativa da instituição é de um saldo positivo de US$ 2 bilhões nas contas externas neste ano, o primeiro desde 2007.

Investimento estrangeiro

O Banco Central também informou que os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 3,544 bilhões em abril, com aumento de 117% na comparação com o mesmo mês do ano passado (US$ 1,632 bilhão).

Nos quatro primeiros meses deste ano, de acordo com números oficiais, o ingresso de investimentos estrangeiros na economia somou US$ 21,253 bilhões, com alta de 49% contra o mesmo período do ano passado (US$ 14,253 bilhões).

A entrada de investimentos do exterior foi suficiente para cobrir o rombo de R$ 9,717 bilhões nas contas externas no ano. Quando o déficit não é "coberto" pelos investimentos estrangeiros, o país tem de se apoiar em outros fluxos, como ingresso de recursos para aplicações financeiras, ou empréstimos buscados no exterior, para fechar as contas.

Em todo ano passado, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 34,167 bilhões, queda de 50,6% frente a 2019. Foi o menor ingresso em 11 anos;

Para 2021, o Banco Central estima um ingresso de US$ 60 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira.

Gastos de brasileiros no exterior

O Banco Central também informou que os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 301 milhões em abril, o que representa aumento na comparação como mesmo mês do ano passado - quando as despesas lá fora totalizaram US$ 203 milhões.

O crescimento aconteceu porque abril do ano passado foi o primeiro mês de distanciamento social, e início da suspensão de voos ao exterior, relacionada com a pandemia do coronavírus.

Nos quatro primeiros meses deste ano, porém, as despesas de brasileiros no exterior somaram US$ 1,161 bilhão, com queda de 63% frente ao mesmo período de 2020 (US$ 3,135 bilhões).

Alexandro Martello, G1, 26/mai