segunda-feira, 3 de maio de 2021

Crédito bancário acumula R$ 4,5 trilhões no primeiro ano da pandemia, diz Febraban

Levantamento mostra que Pessoa Jurídica recebeu, pela média mensal, 12,1% mais crédito que em 2019, antes da crise. Pessoa Física ainda tem maior fatia, mas teve alta menor, de 1,4%.

A concessão de crédito pelos bancos brasileiros atingiu recorde no primeiro ano de pandemia do coronavírus. Um levantamento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com base em dados do Banco Central mostra que o saldo entre março de 2020 e março de 2021 foi de R$ 4,5 trilhões, uma média de R$ 347,3 bilhões por mês.

Por essa métrica, os 12 meses de pandemia tiveram média mensal de empréstimos 6,3% maior que o ano de 2019. O maior volume, de crédito livre, chegou a uma média de 304,3 bilhões, alta de 1,7% em relação a 2019. O crédito direcionado subiu 56,4%, mas parte de média bem mais baixa: de R$ 27,5 bilhões para R$ 42,9 bilhões ao mês.

Nessa janela de pandemia, a média de crédito entregue à Pessoa Jurídica teve aumento de 12,1% comparado a 2019, chegando a R$ 168,4 bilhões. A Pessoa Física manteve liderança, mas subiu menos: alta de 1,4%, atingindo R$ 178,9 bilhões ao mês.

A Febraban ressalta ainda que o estoque de crédito bancário atingiu seu maior patamar já registrado em março deste ano, chegando a R$ 4,1 trilhões. Comparado a fevereiro de 2020, a alta foi de 17,8%. "Com o forte avanço, a relação crédito/PIB passou de 46,7% (em fevereiro de 2020) para 54,4% (em março de 2021), também atingindo volume inédito", diz nota da entidade.

Renegociações

As renegociações de crédito foram a principal medida de crédito adotada na pandemia. Segundo a Febraban, foram 17 milhões de contratos reajustados de meados de março a dezembro em 2020, que somavam saldo devedor de R$ 1 trilhão.

Ao longo da crise, os agentes bancários fizeram extensão de prazo para pagamento de dívidas e suspensão de parcelas para quem estivesse com contas em dia. As parcelas suspensas somaram R$ 150 bilhões.

As micro e pequenas empresas receberam concessões de crédito no valor de R$ 325,2 bilhões, entre novos contratos e renovações. Só do Pronampe, programa de crédito com garantia financiada pelo governo federal, foram desembolsados R$ 37,5 bilhões.

Os programas de crédito, postergação de parcelas e baixa taxa Selic no período foram fatores importantes para redução do spread bancário e da inadimplência.

De acordo com a federação de bancos, exemplo disso é que a taxa média de juros do Sistema Financeiro Nacional recuou de 23% ao ano em fevereiro de 2020 para 20% em março de 2021, e o spread bancário caiu de 18,5 pontos percentuais para os atuais 15,1.

"A taxa média de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) do sistema convergiu para um patamar historicamente baixo, chegando a 2,1% aa em dezembro de 2020, nível que se encontra praticamente inalterado até março (2,2% aa), e consideravelmente abaixo das taxas registradas nos meses anteriores à crise, quando superavam os 3,0% aa", diz a Febraban em nota.

G1, 03/mar