No comunicado desta quarta-feira, comitê indicou que taxa de juros futura poderá ser ajustada para assegurar o cumprimento da meta de inflação.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou nesta quarta-feira (5) a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, de 2,75% para 3,5% ao ano. Segundo analistas, uma nova alta de 0,75 ponto percentual deve ocorrer na próxima reunião, em junho.
Este foi o segundo aumento seguido da Selic. Em março, o Copom elevou a taxa de 2% para 2,75% ao ano, aumento além do esperado à época pelo mercado financeiro.
No comunicado, o Copom indicou um processo de normalização parcial da taxa de juros, mas pontuou que "não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação."
"Ele (BC) preferiu, de certa forma, se desamarrar um pouco dessa ideia (de normalização parcial)", diz Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências.
O Banco Central tem sido pressionado por uma inflação alta persistente e por uma economia que cresce pouco, afetada pelos estragos da pandemia. Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 6,10% em 12 meses e estourou o teto da meta do governo para a inflação no ano, algo que não acontecia há quatro anos.
A preocupação é que a inflação em alta siga persistente no próximo ano - o Copom tem avaliado que essa pressão é passageira.
No comunicado desta quarta, o Comitê deixou claro que a política monetária tem como objetivo a inflação de 2022. Para o próximo ano, a meta de inflação é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Na projeção utilizada pelo Comitê, o IPCA deve encerrar o próximo ano em 3,4%, portanto, abaixo do centro da meta. No relatório Focus, que colhe a avaliação de uma centena de analistas, a expectativa é de alta de 3,61%.
Na avaliação de Reinaldo Nogueira, diretor-geral do Ibmec São Paulo e Brasília, o Copom indicou que vai utilizar os juros para encaminhar a inflação para o centro da meta, mas que novas altas — ainda que inferiores a 0,75 — serão necessárias para controlar o índice de preços.
"O que importa mais é essa trajetória. Esse direcionamento [de alta] tem um efeito sobre capitais e sobre os preços de importados, que impacta na inflação", explicou.
Luiz Guilherme Gerbelli e Patricia Basilio, G1, 06/mai