quinta-feira, 21 de julho de 2022

BC europeu eleva taxa de juros pela 1ª vez desde 2011

Taxa estava em -0,5% e passou a zero. Objetivo é tentar conter a escalada da inflação na região.

O Banco Central Europeu (BCE) elevou nesta quinta-feira (21) a taxa básica de juros da zona do euro pela primeira vez em mais de uma década, em meio a temores de uma crise energética e perspectivas econômicas sombrias na zona do euro. A alta, de 0,5 ponto percentual, levou a taxa a zero.

A taxa de depósito do banco europeu tem sido negativa nos últimos oito anos e estava em -0,5%. Essa taxa, que significa que os bancos pagam para deixar seu dinheiro no BCE, foi projetada para estimular os empréstimos e a atividade econômica, mas ao mesmo tempo estimula a inflação.

A última vez que o BCE elevou suas taxas de juros foi em 2011, mas uma crise da dívida europeia rapidamente obrigou a instituição a reverter o curso.

Em uma tentativa de amortecer o impacto do aumento dos custos de empréstimo, o BCE também revelou uma nova ferramenta, o Instrumento de Proteção de Transmissão (TPI).

Isto permitirá que o banco compre títulos quando vir sinais de fragmentação financeira – uma divergência injustificada nos custos de empréstimo entre os 19 países da zona do euro.

Inflação X Crescimento

A alta na taxa de juros vem para tentar reverter a trajetória de inflação na região, onde os preços ao consumidor subiram 8,6% ano a ano em junho, um recorde para a zona do euro e acima da meta anual de 2% do BCE.

Ao mesmo tempo, a alta precisa ser 'calibrada' para não agravar a crise econômica em uma zona do euro já enfraquecida pelos problemas de abastecimento de gás e pela crise política na Itália.

Os bancos centrais normalmente hesitam antes de aumentar as taxas quando a economia enfrenta uma situação delicada, "mas as pressões inflacionárias aumentaram a um ponto em que o BCE precisa intervir", aponta Frederik Ducrozet, da Pictet Wealth Management.

Oferta de gás

A Rússia reabriu nesta quinta-feira o fluxo de gás para a Europa, após uma suspensão de 10 dias das operações do gasoduto Nord Stream, mas com apenas 40% da sua capacidade.

A dependência europeia das importações energéticas russas preocupa as autoridades europeias, com a previsão de racionamento caso Moscou suspenda o fornecimento de gás. A Comissão Europeia apresentou na quarta-feira um plano para reduzir o consumo de gás em 15%, a fim de mitigar o potencial impacto econômico.

G1, Com informações da AFP e Reuters, 21/jul