Setor registrou alta de 0,3% em maio. Em 1 ano, porém, queda acumulada foi ampliada para -1,9%, contra -0,3% nos 12 meses até abril.
A produção industrial brasileira cresceu 0,3% em maio, na comparação com abril, na quarta alta mensal consecutiva, conforme divulgado nesta terça-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação a maio do ano passado, o avanço foi de 0,5%.
Apesar do resultado positivo, o avanço em maio não foi suficiente para eliminar a perda de 1,9% registrada em janeiro, e a indústria segue com um nível de atividade abaixo do padrão pré-pandemia.
O resultado veio abaixo do esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de avanço de 0,7% na variação mensal e de 1,1% na base anual.
No ano, a indústria acumula alta de 2,6%. Em 12 meses, porém, a queda acumulada foi ampliada para -1,9%, contra -0,3% nos 12 meses até abril.
Entre os fatores que limitam a recuperação da indústria, segundo o IBGE, está a inflação em patamares mais elevados reduzindo a renda das famílias, taxa de juros alta encarecendo o crédito e o mercado de trabalho que ainda permanece com a característica de uma massa de rendimentos que não mostra avanço.
Na comparação com fevereiro de 2020, antes do início da crise provocada pela pandemia do coronavírus, metade das 26 atividades industriais ainda não conseguiram recuperar o patamar produtivo.
Dentre as 13 que recuperaram o patamar pré-pandemia, a que mais se destaca é a de máquinas e equipamentos, cuja produção em maio estava 22,6% em relação ao mês anterior ao início da crise sanitária. No lado oposto, a atividade de móveis é a que está mais distante da recuperação, operando 23,6% abaixo.
Destaques do mês
Em maio, 3 das 4 grandes categorias econômicas e 19 das 26 atividades industriais pesquisadas apontaram avanço na produção.
Entre os ramos industriais, as influências positivas mais importantes foram na produção de máquinas e equipamentos (7,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (3,7%), com ambas voltando a crescer após recuarem no mês anterior: -3,1% e -4,6%, respectivamente.
Já as principais quedas foram em indústrias extrativas (-5,6%) e outros produtos químicos (-8,0%).
Entre as grandes categorias econômicas, bens de capital (7,4%) e bens de consumo duráveis (3,0%) tiveram as taxas positivas mais acentuadas em maio de 2022, com ambas voltando a crescer após recuarem em abril.
O setor de bens de consumo semi e não duráveis (0,8%) também cresceu, mas com ritmo abaixo do verificado no mês anterior (2,3%). O segmento de bens intermediários (-1,3%) foi o único que recuou em maio, interrompendo três meses consecutivos de avanço na produção.
Perspectivas
A indústria brasileira vem sendo impactada pelos custos elevados por conta da disparada das commodities e energia, além da falta de insumos e restrições de oferta.
Apesar deste cenário, a confiança da indústria no Brasil subiu pelo terceiro mês seguido em junho e o índice de confiança empresarial atingiu o maior nível desde outubro de 2021.
A expectativa dos economistas, porém, é de uma desaceleração da atividade econômica neste 2º semestre em razão do aperto das condições monetárias e financeiras, em meio à alta da taxa básica de juros para tentar frear a inflação.
O Banco Central admitiu oficialmente que a meta de inflação será descumprida em 2022 pelo segundo ano seguido – a estimativa é que o IPCA feche o ano em 8,8%.
Para tentar cumprir a meta do próximo ano, o BC elevou neste mês a taxa básica de juros para 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. A instituição também indicou que a Selic ficará alta por um período maior de tempo.
Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, G1, 05/jul