sexta-feira, 1 de julho de 2022

Bolsas dos EUA amargam perdas entre 15% e 30% no 1º semestre com temores de recessão

 

O índice Dow Jones fechou o mês de junho com perda acumulada de 6,71%, S&P 500 -8,39% e Nasdaq -8,71%.

Os três principais índices acionários dos Estados Unidos encerraram a sessão desta quinta-feira (30) com queda consistente, em um dia em que o investidor se manteve distante de ativos de risco.

A sessão finalizou não apenas o mês de junho, mas o primeiro semestre do ano, marcado por uma forte desvalorização dos índices acionários em meio a um aperto monetário bastante agressivo do Federal Reserve (Fed), com alta de 1,5 ponto percentual nas taxas dos Fed Funds, além de o banco central norte-americano ter iniciado seu enxugamento de seu balanço patrimonial (o chamado “Quantitative Tightening”).

Hoje, a preocupação com uma recessão voltou a rondar o imaginário do investidor, alimentando o mau humor.

No fim das negociações, o índice Dow Jones terminou em queda de 0,82%, a 30.775,43 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,88%, a 3.785,38 pontos, e o Nasdaq recuou 1,33%, a 11.028,74 pontos.

Durante a sessão, os indicadores chegaram a cair com mais força, mas diante de um reajuste dos rendimentos dos títulos do Tesouro, que passaram a recuar, as bolsas receberam um alívio e reduziram suas perdas.

No acumulado do ano, as três principais referências de Wall Street foram penalizadas, com retração de 15,31% (Dow Jones), 20,58% (S&P500) e 29,51% (Nasdaq). Com a queda superior a 20% do S&P 500, o índice registrou seu pior primeiro semestre desde 1970, segundo a Dow Jones Market Data. O índice Dow Jones fechou o mês de junho com perda acumulada de 6,71%, S&P 500 -8,39% e Nasdaq -8,71%.

Recessão preocupa

A preocupação com uma recessão já vinha crescendo com a confiança do consumidor abalada, e hoje os dados sobre os gastos com consumo aumentaram o temor.

De acordo com os números divulgados pelo Departamento do Comércio dos Estados Unidos, os gastos reais do consumidor caíram -0,4% em maio, na relação com o mês anterior, em vez de -0,3%, conforme previsto pelo consenso, enquanto a leitura de abril foi revisada para um nível menor, de crescimento de 0,7% para 0,3%.

Não bastasse isso, hoje pela tarde, a ferramenta de projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para o segundo trimestre nos EUA, do Fed de Atlanta, mostrou que a estimativa agora é que a economia recue 1%. Se o número se consolidar conforme o prognóstico, a economia americana entra em recessão técnica.

Desempenho dos setores

Entre os índices setoriais, apenas um registra alta no acumulado dos últimos seis meses, que é o de energia, com ganhos de 29,21%. O setor se beneficiou do avanço dos preços do petróleo devido principalmente à guerra na Ucrânia. Em 2022, o contrato Brent subiu 52,5%, enquanto o WTI avançou 46,7%.

Em meio a esse cenário de valorização do petróleo, as ações da Exxon Mobil subiram aproximadamente 39,96% no período, enquanto as da Chevron avançaram 23,37%. Na sessão desta quinta-feira, no entanto, o petróleo terminou em queda superior a 1%, em meio à realização de lucros e temor por uma recessão.

O segmento de consumo discricionário foi o que apresentou o pior desempenho, com queda aproximada de 34,2%.

Valor Online, 07/jul