sexta-feira, 15 de julho de 2022

PIB da China tem forte desaceleração no 2º trimestre em meio a riscos globais

Alta de 0,4% foi o pior desempenho para a segunda maior economia do mundo desde que a série de dados começou, em 1992.

O crescimento econômico da China perdeu força de maneira acentuada no 2º trimestre, com forte impacto dos lockdowns generalizados contra a Covid-19 no Produto Interno Bruto (PIB) do país – em um cenário global cada vez mais sombrio.

A economia chinesa cresceu apenas 0,4% entre abril e junho em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (15). Esse foi o pior desempenho para a segunda maior economia do mundo desde que a série de dados começou, em 1992 – superando apenas a queda de 6,9% no primeiro trimestre de 2020, quando houve o choque inicial da Covid.

Os dados desta sexta-feira (15) aumentam os temores de uma recessão global, conforme os bancos centrais aumentam as taxas de juros de países ao redor do mundo numa tentativa de conter a inflação. Esse movimento aumenta as dificuldades de consumidores e empresas em conseguir crédito e enfrentar os desafios da guerra da Ucrânia e dos problemas nas cadeias de abastecimento.

A alta do PIB no trimestre também ficou abaixo da expectativa de avanço de 1,0% em uma pesquisa da Reuters e marcou uma forte desaceleração em relação ao crescimento de 4,8% no primeiro trimestre.

Na comparação trimestral, o PIB caiu 2,6% no segundo trimestre em relação ao período anterior, contra expectativa de declínio de 1,5% e alta revisada de 1,4% no trimestre anterior. No primeiro semestre do ano, o PIB cresceu 2,5% em relação ao ano anterior.

"Dado o crescimento fraco, é provável que o governo da China implemente medidas de estímulo econômico a partir de agora para reverter o desempenho fraco, mas os obstáculos são grandes para que o Banco do Povo da China reduza ainda mais as taxas de juros, uma vez que alimentaria uma inflação que tem sido mantida relativamente baixa no momento."

Restrições contra a Covid

Em março e abril foram adotados lockdowns totais ou parciais nos principais centros em todo o país, incluindo a capital comercial Xangai, que teve uma contração anual de 13,7% do PIB no segundo trimestre. A produção na capital Pequim diminuiu 2,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

Embora muitas dessas restrições tenham sido levantadas desde então, e os dados de junho mostrem sinais de melhora, analistas não esperam uma rápida recuperação econômica. A China está se mantendo fiel à sua política dura de Covid zero em meio a novos surtos, o mercado imobiliário do país está em profunda recessão e as perspectivas globais estão piorando.

A imposição de novos lockdowns em algumas cidades e a chegada da variante altamente contagiosa BA.5 aumentaram as preocupações entre as empresas e os consumidores sobre um período prolongado de incerteza.

Reuters, 15/jul