quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Estrangeiros investem US$ 90 bilhões no Brasil em 2022, maior valor em dez anos

Informações foram divulgadas nesta quinta-feira pelo Banco Central. Ao mesmo tempo, rombo nas contas externas subiu 20% no ano passado, para US$ 55,6 bilhões.

Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira totalizaram US$ 90,5 bilhões no ano de 2022, informou nesta quinta-feira (26) o Banco Central.

Trata-se do maior patamar para um ano fechado desde 2012 (US$ 92,5 bilhões), ou seja, em dez anos.

Em 2021, o ingresso de investimentos diretos totalizou US$ 46,4 bilhões. A série histórica do BC para esse indicador tem início em 1995.

A entrada de investimentos no país está relacionada com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) — apesar da desaceleração que vem sendo registrada por conta da alta dos juros básicos da economia.

Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 5%. O resultado oficial para 2022 ainda não foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas a expectativa do mercado financeiro é de uma expansão de cerca de 3% no ano passado.

O ingresso de recursos por essa modalidade revela que os estrangeiros estão realizando investimentos produtivos no país, o que denota confiança na economia brasileira.

Contas externas

Ainda de acordo com o BC, as contas externas do país registraram um déficit de US$ 55,6 bilhões em todo ano passado, com aumento de 20% na comparação com 2021 (-US$ 46,3 bilhões).

Esse foi o maior rombo para um ano fechado desde 2019, quando somou US$ 68 bilhões. A série histórica do BC para esse indicador tem início em 1995.

O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).

De acordo com o BC, o aumento no déficit das contas externas, em 2022, se deve uma piora na conta de serviços (mais gastos no exterior, incluindo viagens) e de rendas (aumento das remessas ao exterior pelas empresas).

O aumento do déficit das contas externas também está relacionado com o crescimento da economia brasileira. Com nível de atividade ainda positivo, há uma demanda maior por produtos e serviços do exterior.

Apesar do aumento no rombo das contas externas, os investimentos estrangeiros diretos na economia foram suficientes para "financiar" o resultado negativo.

Alexandro Martello, G1, 26/jan