quarta-feira, 17 de maio de 2017

Mercado de trabalho reage


O mercado formal de trabalho brasileiro registrou em abril a geração líquida (admissões menos demissões) de 59.856 empregos - o melhor resultado para o mês desde 2014. Com o desempenho positivo de fevereiro deste ano, quando foram abertas 35.612 vagas, o país começa a reverter a trajetória dos últimos dois anos de eliminação de postos com carteira assinada, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho.

No primeiro quadrimestre deste ano, o saldo ainda está negativo, mas em 933 postos - praticamente estável em relação ao estoque de empregos existente em dezembro de 2016. Entre janeiro e abril do ano passado, o resultado estava negativo em 378.481, e nos últimos 12 meses, o país perdeu 969.896 postos com carteira assinada.

Ao divulgar os dados, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, destacou que as contratações superaram as demissões em sete dos oito setores relevantes da economia. Segundo ele, os resultados positivos de fevereiro e de abril deste ano apontam para uma reversão de seguidos resultados negativos do mercado de trabalho:

- Os resultados de fevereiro e abril de 2017 são um sinal muito forte de que o emprego retorna à sua condição de normalidade no Brasil.

Ele mencionou que outros indicadores econômicos apontam nessa direção, como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do Banco Central (BC) de alta de 1,12% no primeiro trimestre, revelando que a recessão pode ter ficado para trás.

15 DE 26 SUBSETORES FICARAM POSITIVOS

Em abril, os empregos foram puxados pelo setor de serviços, que respondeu por 24.712 contratações contra um saldo negativo de 9.937 em abril do ano passado. Entre os subsetores que mais empregaram estão serviços médicos e odontológicos, ensino, alojamento e alimentação.

A agricultura também teve bom desempenho, com saldo positivo de 14.648; seguida pela indústria de transformação, que abriu 13.689 vagas, sobretudo nos subsetores de fabricação de produtos farmacêuticos e alimentos e bebidas. Já o comércio, principalmente varejista, respondeu por 5.327 novas contratações. O único setor que demitiu foi a construção civil, que fechou 1.760 postos. Mesmo assim, bem menos do que no mesmo período do ano passado: 16.036 desligamentos.

Segundo o especialista Rodolfo Torelly, do site Emprego Hoje, 15 dos 26 subsetores do Caged aumentaram as contratações no primeiro quadrimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, isso acontecia em apenas sete deles.

Torelly destaca que o perfil desta melhora é diferenciado, já que setores como comércio varejista e construção civil diminuíram suas perdas:

- O crescimento do emprego começa a se disseminar, ainda que lentamente, por toda a cadeia produtiva haja visto o crescimento do emprego em setores básicos, como a indústria, que responde à demanda dos mercados interno e externo.

Entre os estados que mais empregaram em abril estão São Paulo, com saldo positivo de 30.227 postos, seguido por Minas Gerais, Bahia, Goiás e Paraná. Do outro lado, Alagoas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro foram os que mais demitiram.

Para analistas da Rosenberg Associados, o resultado de abril pode ter sido beneficiado pelas contratações do comércio em resposta à liberação das contas inativas do FGTS. Eles acreditam, no entanto, que a recuperação do mercado de trabalho deve se dar de maneira mais concreta no segundo semestre deste ano.

Rio foi o estado que mais demitiu este ano

Enquanto o mercado formal de trabalho brasileiro ensaia uma recuperação, o Estado do Rio continua perdendo postos com carteira assinada. Segundo um levantamento do site especializado Trabalho Hoje, o Rio foi a unidade da federação que mais demitiu entre janeiro e abril, com saldo líquido negativo (admissões menos demissões) de 55.868 vagas. Nos últimos 12 meses, já foram eliminados 220.634 empregos - o segundo pior resultado no ranking do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Perdeu apenas para São Paulo.

Em abril, o Rio ficou em terceiro lugar entre os que mais demitiram, com saldo negativo de 2.554 postos. Os cortes foram localizados no setor de serviços, principalmente nos segmentos de comércio e administração de imóveis, transporte e comunicação, alojamento e alimentação.

Quando se analisa o mercado formal de trabalho no estado no último ano, as demissões ocorreram de forma mais generalizada: além de serviços, com 102.355 desligamentos; registraram saldo negativo a construção civil, com menos 63.244 postos; a indústria, com 28.611 cortes, e o comércio, que fechou 19.539 vagas.

Para Rodolfo Torelly, especialista do site, a queda do emprego formal no Rio está relacionada à crise do estado.

- Fica patente a forte desorganização do poder governamental no estado, com falta de pagamento de salários e faturas a empresas.



O Globo, Geralda Doca, 17/mai