segunda-feira, 31 de julho de 2017
Capacitação profissional para síndicos de prédios
O síndico morador ou profissional? Seja qual for a opção do condomínio, uma coisa é certa: encontrar soluções para reduzir as despesas condominiais é uma tarefa que exige esforço e qualificação. Por isso, muitos síndicos têm procurado cursos e outras formas de atualização para ter acesso a novidades que tragam benefícios e economia para o edifício e para os moradores. Uma das oportunidades é o curso Capacitação para Gestores Condominiais, que a Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi) vai promover de 7 de agosto a 20 de setembro, no Centro.
Síndicos, subsíndicos, funcionários de administradoras de imóveis, administradores e demais pessoas interessadas em atuar no segmento vão ter a oportunidade de ampliar as competências necessárias para administrar o condomínio e aprender como obter da administradora responsável os melhores resultados. "O nosso objetivo é sempre informar, esclarecer dúvidas e facilitar o dia a dia. É fundamental que todos estejam sempre atualizados sobre o setor imobiliário, que vem crescendo e se aprimorando cada vez mais", diz Deborah Mendonça, presidente da Abadi.
Coordenador da Universidade Corporativa Secovi Rio (UniSecovi Rio), Alexandre Tavares comenta que administrar um condomínio de forma eficiente é o único jeito de evitar gastos desnecessários. E, ao mesmo tempo, otimizar os que são fundamentais para uma boa qualidade de vida nos condomínios. "Em nossos cursos e palestras ensinamos, por exemplo, como realizar a previsão orçamentária de forma correta e como ações sustentáveis podem poupar recursos, como água e energia, reduzindo assim os gastos condominiais", afirma Tavares.
Além de cursos técnicos que abordam leis, processos e rotinas administrativas e de cursos comportamentais, a UniSecovi Rio também oferece outros temas que estão ligados ao dia a dia do gestor. É o caso do curso Análise de Propostas e Gestão de Contratos de Obras para Condomínios, em parceria com a Santos Projetos, que será realizado nos dias 14 e 15 de agosto, no Centro.
"Vamos mostrar as boas práticas no processo de cotação de obras e na gestão de contratos de obras. E orientar como a abordagem técnica desses assuntos traz retorno imediato para síndicos e condomínios tanto em termos financeiros quanto em termos de garantia da real solução dos problemas do edifício", explica o arquiteto Fernando Santos, orientador do curso. Para quem está iniciando na profissão, a principal dica de Alexandre Tavares é estar sempre em busca de novos conhecimentos.
"A atividade de síndico é extremamente complexa e gera para quem a exerce inúmeras responsabilidades cíveis e criminais. Nem sempre o que parece simples ou o que é feito continuamente é a melhor opção. Os condomínios e leis tornam-se cada vez mais complexos, as tecnologias evoluem. E, desta forma, estar atualizado e consciente das melhores práticas é fundamental", ressalta.
Opções
ABADI - Capacitação para Gestores Condominiais, de 7 de agosto a 20 de setembro (segundas e quartas), na sede da Abadi, na Rua do Carmo 6, 7º andar. O horário será das 18h30 às 21h30. Inscrições por nufei@abadi.com.br. Informações em www.abadi.com.br.
SECOVIRIO - Curso Análise de Propostas e Gestão de Contratos de Obras para Condomínios. O curso ocorrerá de 14 a 15 de agosto, das 18h às 21h, na sede do sindicato, localizado na Avenida Almirante Barroso 52, 9º andar, no Centro. Informações e inscrições pelo site www.sindiconet.com.br/cursos.
SÍNDICO NET - Os cursos ficam disponíveis todo o ano. O aluno pode assistir às aulas em vídeo pelo computador, tablet e celular.
Síndico Net oferece cursos online
O portal Síndico Net é mais uma opção para quem deseja estar atualizado e preparado para atuar como síndico. São três opções de cursos online: Plano Diretor, Taxas e Despesas e o Curso para Formação de Síndicos Profissionais. Este último, aliás, tem disciplinas como Implantação de Condomínio, Recursos Humanos, Planejamento e Gestão Financeira, e Sustentabilidade e Economia.
Por ser online, o curso pode ser feito onde a pessoa estiver. "O aluno tem um período para concluir as aulas e tem a liberdade de, dentro do prazo, realizar os módulos em qualquer dia e horário. A plataforma fica disponível 24 horas por dia. O curso de Formação de Síndico Profissional, por exemplo, tem 12 módulos e uma carga horária de aproximadamente 15 horas", explica Marjorie Albuquerque, gerente de Marketing do portal.
O Dia, Cristiane Campos, 30/jul
sexta-feira, 28 de julho de 2017
Queda de juro deve ajudar concessão
A queda de 3,7 pontos percentuais dos juros totais em junho ante igual período de 2016 (de 32,5% ao ano para 28,8% ao ano) sinaliza cenário melhor para o crédito, mas crises política e econômica prejudicam retomada.
Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Para pessoas físicas, a redução foi de 5,5 pontos percentuais (p.p.) na mesma relação, de 41,9% ao ano para 36,4 ao ano. O principal reflexo positivo veio de crédito pessoal, que mostrou uma das maiores variações para baixo, com -4,8 pontos percentuais (de 53,4% em junho de 2016, para 48,6%).
No cartão de crédito, por sua vez, apesar da queda de 26,4 p.p. dos juros totais na mesma relação (de 117,7% para 91,3%), junho registrou novo aumento das taxas cobradas no rotativo (+0,4 p.p. ante maio, de 377,9% para 378,3%). O crescimento veio após três meses consecutivos de retração - inclusive impactada positivamente pelas novas regras do rotativo - e mesmo após quedas consecutivas na taxa básica de juros (Selic).
De acordo com especialista consultado pelo DCI, porém, a última retração da Selic na quarta-feira passada e a sinalização de que a taxa deve chegar aos 8% podem auxiliar no crescimento do mercado de crédito, que ainda encontra nas crises política e econômica barreiras para a retomada.
"A taxa de juros real ainda é muito alta, mas ainda acredito que a política de crédito irá retomar. Apesar da melhora já existir, ela não é geral, então temos que aguardar esse movimento evoluir nos próximos meses", diz o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Antônio Carlos Alves dos Santos.
Inadimplência - Da outra ponta, porém, os calotes mostraram queda tanto em pessoas físicas como jurídicas. Entre consumidores, o recuo foi de 0,2 p.p., de 4,1% em maio para 3,9%, em junho.
Já entre as pessoas jurídicas, a queda foi ainda maior, de 0,4 p.p., de 4,0% para 3,6%, na mesma base de comparação.
"Com a diminuição da taxa de juros, poderemos ver um sinal positivo no crédito de curto prazo, aliada à queda da inadimplência. É uma melhora lenta, mas razoável na economia. Ainda dependemos muito da indecisão fiscal e da insegurança jurídica, que impossibilitam decisões mais fortes no momento", conclui Santos.
DCI, 28/jul
quinta-feira, 27 de julho de 2017
A casa do rock'n roll
A casa de dois andares onde há 35 anos funciona o Empório, bar que se tornou um clássico da noite carioca (no esquenta ou na saideira), está à venda. Os donos do imóvel, na Maria Quitéria 37, em Ipanema, estão oferecendo o casarão, de 240m², por R$ 5,3 milhões. O lugar é um dos mais conhecidos points de rock'n roll da cidade.
O Globo, Gente Boa, 27/jul
quarta-feira, 26 de julho de 2017
Empresários fazem doações à polícia para melhorar segurança no Rio
No domingo (16), quem trafegava pela Linha Vermelha por volta das 8 da noite viveu uma cena que parecia ter saído dos anos 1990, época em que o Rio estava no ápice do desgoverno e da violência urbana. Na altura da Favela da Maré, balas disparadas por traficantes cruzavam a pista e zuniam por cima dos veículos, levando motoristas a parar o automóvel e, junto com passageiros, buscar proteção como podiam, abaixando-se dentro do carro ou deitando-se no asfalto. Alguns se refugiaram em um batalhão da Polícia Militar à beira da pista, onde esperaram a fuzilaria arrefecer. Por sorte, os projéteis não atingiram ninguém. A saraivada de balas não foi um incidente isolado. Desde janeiro, a Linha Vermelha já foi interditada catorze vezes por tiroteios, arrastões ou protestos. E essa não é a única estatística dramática da violência urbana no Rio. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), foram cometidos no estado 2 329 homicídios dolosos de janeiro a maio de 2017, 10% a mais que no mesmo período de 2016. O roubo de cargas atingiu a maior alta em 25 anos e, nas ruas, ocorre um roubo a cada quatro minutos - em abril houve 23 000, um recorde desde 2003. O origem do problema, é quase consenso, está na situação de miserabilidade que acomete a segurança pública. Entretanto, um fenômeno novo tem chamado atenção em meio a esse cenário deprimente. Empresários, comerciantes e até mesmo cidadãos comuns começam a contribuir para que a polícia tenha as mínimas condições de realizar seu trabalho. Não é uma ação coordenada, mas um bloco de iniciativas esparsas e isoladas, que ganha peso a cada dia. "Essas parcerias são uma maneira de amenizar a crise. Temos estimulado isso, desde que tudo aconteça dentro dos limites da lei e dos princípios éticos", diz o coronel Wolney Dias Ferreira, comandante-geral da PM.
Entre os bairros da cidade, a Barra da Tijuca tornou-se a principal vitrine desse tipo de colaboração. Homens de negócios se uniram a moradores e a executivos do setor hoteleiro para dar forma à Associação Comunitária Bairro Seguro (ACBS), em dezembro. O objetivo inicial era montar uma central de monitoramento que reunisse as câmeras mantidas pela prefeitura e pelos estabelecimentos comerciais e condomínios da região e repassar as informações à polícia, de modo a coibir a criminalidade. Entre os apoiadores de primeira hora estavam empresários como José Isaac Peres, dono da Multiplan, proprietária do BarraShopping e do VillageMall, Carlos Carvalho, da construtora Carvalho Hosken, e Alfredo Lopes, do braço carioca da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih). Em uma sala de 75 metros quadrados localizada num edifício próximo ao shopping Via Parque, dois plantonistas se revezam no monitoramento das imagens captadas por mais de 120 câmeras em uma área que vai do Itanhangá à Barra de Guaratiba. Paralelamente, um software rastreia as redes sociais em busca de informações e relatos sobre ocorrências na região. O sistema dispara em média dois alertas de segurança por dia. "No Jardim Oceânico vinham acontecendo muitos assaltos a residências, mas, quando o meliante percebe que está sendo observado e que a polícia se tornou mais ágil, ele pensa duas vezes", afirma Lopes, da Abih-RJ. O projeto, atualmente com um volume total de investimentos de quase 1 milhão de reais, já entrou numa segunda fase. O resultado da unidade piloto foi tão bom que se decidiu implantar uma central também no 31º Batalhão da PM (Barra e Recreio), que mantém ainda 100% das viaturas da unidade rodando graças às contribuições que custeiam a manutenção da frota.
Para melhorar as condições de segurança da cidade nem sempre são necessárias grandes somas. Em janeiro deste ano, a Secretaria Municipal de Ordem Pública lançou um megaprojeto de segurança em parceria com a PM e a Polícia Civil. O secretário Paulo César Amêndola, ex-coronel da PM que criou o Batalhão de Operações Especiais (Bope), montou o Núcleo de Videopatrulhamento da Guarda Municipal, no 3º andar do Centro de Operações Rio (COR), que começou um projeto piloto de vigilância no Leme e em Copacabana. Doze guardas monitoram diariamente 46 câmeras nesse trecho, aproveitando a estrutura do COR. Até o próximo verão, haverá pelo menos mais sessenta "olhos eletrônicos" doados pela concessionária Orla Rio. A Guarda tem acesso ainda às imagens de dezoito câmeras na Lapa cedidas pela iniciativa privada através do Projeto Sociedade Mais Segura (S+S).
Ações pontuais nas redondezas das empresas e moradias também produzem impacto. Diretor da rede de hotéis Arena, José Domingo Bouzon decidiu tornar a área do Arpoador menos inóspita no período noturno com uma medida simples: trocar as lâmpadas queimadas do Parque Garota de Ipanema. Com o reparo, associado a medidas de manutenção do parque feitas por funcionários do empresário durante o dia, o ar de abandono se foi. Com um hotel na Rua Francisco Otaviano e outras duas unidades no Leme e em Copacabana, Bouzon também recuperou a Delegacia Especial de Apoio ao Turista no Leblon, que atende essas regiões. "Se todo mundo ajudar um pouco, teremos um Rio melhor", afirma o executivo. Empresas como as redes de supermercados Extra, Guanabara e Rede Economia, instituições financeiras como o Banco do Brasil e o Santander e ainda shoppings como o Fashion Mall, Tijuca e Norte Shopping se cotizam para auxiliar delegacias da zonas Norte a Sul com doações que vão de material de escritório a café, açúcar, produtos de limpeza e papel higiênico. Maior fabricante de cigarros do país, a Souza Cruz, cuja sede fica no Centro, tem repassado carros e computadores usados para a polícia.
Não é incomum o fato de iniciativas como as patrocinadas pela Souza Cruz, pela Multiplan e pela rede de hotéis Arena serem criticadas como ações que têm como objetivo final facilitar ou melhorar suas condições de negócios. E muitos empresários de bem - mas de visão estreita - receiam colaborar com a polícia e o poder público com medo de ter o nome ou a imagem associados a maracutaias ou favorecimentos ilícitos. Não à toa, essa é uma das preocupações do coronel Sérgio Schalioni, comandante do 31º BPM. "Aqui, todo apoio à tropa está dentro da mais absoluta transparência, nunca envolve troca de favores nem dinheiro em espécie", alerta. Qualquer que seja o argumento utilizado contra as contribuições e parcerias, ele cai por terra diante de duas evidências. A primeira é que é possível realizar ações sólidas, sérias e transparentes dentro da mais estrita lisura legal e moral, regidas pela lei e por contratos. E a segunda diz respeito ao incomensurável benefício público que tais iniciativas trazem. Apenas a recente doação de 250 motocicletas feita por José Isaac Peres, da Multiplan, fez com que a frota da Guarda Municipal se ampliasse de 79 para 329 unidades. Outro elemento que pode dificultar o engajamento do empresariado é a busca de resultados imediatos e de curto prazo. "Os brasileiros, em geral, não têm inclinação a uma filantropia mais sofisticada. Há falta de entendimento dos problemas e de como agir", afirma a cientista política Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé, que, junto com a iniciativa privada, criou o ISPGeo, sistema de análise de dados usado pela Secretaria Estadual de Segurança na estratégia de policiamento.
De maneira geral, os cariocas não veem os policiais como servidores confiáveis e capazes de combater o crime de forma eficaz. Os constantes escândalos de corrupção, os episódios de violência e despreparo nos embates com bandidos, mais as denúncias de abusos contra suspeitos - tudo isso ajuda a demonizar a imagem dos homens da lei. Entretanto, a situação da PM no estado é de absoluta precariedade, com a corporação enfrentando contínuas reduções de orçamento e de pessoal. É fato que a Polícia Militar fluminense é a que mais mata - mas seus homens são também os que mais morrem. A instituição conta, hoje, com um efetivo de 45 000 policiais, 15 000 menos que o necessário. A maioria dos coletes à prova de balas disponibilizados aos PMs está com a validade vencida, e não há gasolina suficiente para abastecer as viaturas. Metade da frota motorizada encontra-se parada por falta de manutenção - um convênio recente com o Sindicarga devolveu às ruas alguns dos blindados.
No Bairro Peixoto, em Copacabana, moradores, empresários e comerciantes vêm estruturando um sistema de cotas para ajudar a manter o policiamento do local. No início do ano, quinze moradores se uniram para arrecadar 1.000 reais e consertar a viatura que patrulhava a área. Agora, planeja-se a cobrança de uma taxa de 30 reais para criar um fundo de auxílio aos PMs que atuam ali. "É uma questão de dignidade e respeito. Os policiais perdem um amigo por dia e estão com salários atrasados. Precisamos cuidar do ser humano e da nossa comunidade", avalia o empresário Pedro Salomão, dono da Rádio Ibiza, que mora e trabalha no bairro. Na Tijuca, 22 condomínios no entorno da Praça Afonso Pena estão votando o pagamento de cotas para instalação e manutenção de quatro contêineres que servirão de Q.G. para os policiais, com vestiários, banheiros e ar-condicionado. Já no Leblon, o objetivo é que a população contribua para a criação do Leblon Presente, nos moldes do Lagoa Presente, projeto financiado pela Fecomércio-RJ que tem similares em outras quatro áreas da cidade - Lapa, Flamengo, Centro e Méier.
Para os cariocas, tornou-se inquestionável que os desafios impostos pela violência urbana demandam respostas articuladas, capazes de mobilizar outros setores além da polícia ou da Justiça Criminal. No mundo inteiro há exemplos de associações entre o setor público e o privado. Desde 1996, a Business against Crime South Africa, organização formada por líderes empresariais na África do Sul, trabalha com as forças da lei para aprimorar a resposta aos crimes e aperfeiçoar o atendimento às vítimas, além de implantar programas de prevenção de violência nas escolas. Já na Inglaterra, a entidade privada Crime Concern ajuda na redução da criminalidade desde 1988. "Sem recursos, estou fazendo o possível e o impossível para minimizar os danos. Parte significativa do meu esforço concentra-se em criar um pacto nacional para desarmar os bandidos e punir com mais rigor os criminosos", afirma o secretário de Segurança do estado, Roberto Sá. Nos tempos mais difíceis da violência carioca, o samba Saudades da Guanabara, gravado
por Beth Carvalho em 1992, delineava uma metáfora dura em seu brado de esperança: "Tira as flechas do peito do meu padroeiro / que São Sebastião do Rio de Janeiro / ainda pode se salvar". Contundente, tal imagem segue mais atual que nunca.
Veja Rio, Daniela Pessoa, 26/jul
terça-feira, 25 de julho de 2017
FMI revê projeção de crescimento do Brasil
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou, de 0,2% para 0,3% a projeção de crescimento da economia brasileira para este ano. A estimativa faz parte da revisão do relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês), divulgada ontem. Já para 2018, o organismo reviu o cálculo para baixo: a previsão de crescimento passou de 1,7% para 1,3%. A última versão do WEO havia sido divulgada em abril.
De acordo com o documento, o aumento na projeção para a economia brasileira este ano deveu-se a um desempenho melhor no primeiro trimestre. O FMI, no entanto, ressaltou que "a demanda interna ainda fraca e o aumento da incerteza política vão se refletir em um ritmo deprimido de recuperação, daí a estimativa de crescimento menor em 2018."
Em relação à economia global, o Fundo manteve inalteradas as previsões de crescimento para os dois anos, embora tenha revisado para cima as expectativas de crescimento para zona do euro e China este ano - de 1,7% para 1,9% e de 6,6% para 6,7%, respectivamente. A estimativa é que o PIB mundial cresça 3,5% em 2017 e 3,6% em 2018, mesmas projeções divulgadas em abril.
"Embora os riscos em torno da previsão de crescimento global pareçam amplamente equilibrados a curto prazo, eles continuam em desvantagens a médio prazo", afirma o relatório.
O FMI reduziu as previsões para o crescimento dos Estados Unidos para 2,1% em 2017 e 2018, um pouco abaixo das projeções de 2,3% e 2,5%, respectivamente, de apenas três meses atrás. Segundo o relatório, isso se deve à expansão abaixo do esperado no primeiro trimestre e à expectativa de que a política fiscal será menos expansionista do que esperado anteriormente.
Com relação à América Latina, o FMI afirmou que a região está gradualmente se recuperando, ao mesmo tempo em que Argentina e Brasil estão saindo da recessão econômica, enquanto a expansão do México continuará ganhando velocidade. O organismo, no entanto, reiterou sua advertência sobre os riscos políticos.
As estimativas para o crescimento econômico do México passaram de 1,7% a 1,9% em 2017. Para a América Latina, a projeção recuou de 1,1% para 1%. O FMI acredita que as condições na Venezuela podem se deteriorar mais. (Com agências internacionais)
O Globo, Marcello Corrêa, 25/jul
sexta-feira, 21 de julho de 2017
Mais impostos e menos gastos
O governo dobrou ontem o PIS/Cofins sobre combustíveis e cortou mais R$ 5,9 bilhões do Orçamento, no esforço para reduzir o rombo das contas federais. O tarifaço na gasolina e no diesel foi criticado pelo setor produtivo e deve resultar em aumento de 7% nas bombas, após cinco meses de queda. Analistas descartam, porém, descontrole da inflação e mantêm a aposta de que os juros cairão na próxima semana. Para cumprir a meta fiscal do ano, a equipe econômica ainda precisa manter intacto o projeto do Refis no Congresso. O forte aumento nas alíquotas do PIS/Cofins de gasolina, etanol e diesel, que renderá uma arrecadação de R$ 10,4 bilhões este ano, não foi suficiente para cobrir o rombo das contas públicas. A equipe econômica anunciou ontem que, além de elevar imediatamente a carga tributária dos combustíveis, fará um contingenciamento adicional de R$ 5,9 bilhões no Orçamento de 2017 para assegurar o cumprimento da meta fiscal, de déficit primário de R$ 139 bilhões, ou 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Juntas, as medidas somam R$ 16,3 bilhões.
- Elas (as medidas) são necessárias pela queda da arrecadação em função da recessão, que afetou o resultado das empresas e do setor financeiro e refletiu os prejuízos acumulados nos últimos dois anos. As medidas fazem com que o mais importante seja preservado, que é o ajuste e a garantia de que teremos uma trajetória de crescimento. O Brasil vai recuperar o crescimento no segundo semestre, e já vemos uma queda do desemprego - disse ontem o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para justificar o aperto extra.
O governo relutou em aumentar impostos, especialmente em um momento de baixa popularidade e fragilização política do presidente Michel Temer. Porém, diante do rombo, não viu outra alternativa. O Orçamento já está contingenciado em R$ 39 bilhões. Com a tesourada adicional, o aperto subirá para quase R$ 45 bilhões, o que impacta fortemente os investimentos e prejudica a prestação de serviços públicos. Esse valor corresponde, aproximadamente, a um Bolsa Família e meio, conforme o orçamento do programa previsto para este ano, de quase R$ 30 bilhões. Por falta de dinheiro, já houve atraso na emissão de passaportes e prejuízo no funcionamento de agências do INSS.
RECEITAS EXTRAS
Assim, a única forma de fechar as contas sem comprometer a meta fiscal era buscar receitas extras. E como a inflação está sob controle, há espaço para que o aumento dos combustíveis ocorra sem prejudicar a política monetária. Segundo um interlocutor do Planalto, Meirelles chegou a sugerir ao presidente subir outros tributos para reforçar as contas e evitar cortes adicionais, mas Temer aceitou elevar apenas o PIS/Cofins sobre combustíveis porque este setor está tendo queda nos preços.
A alíquota para gasolina subirá de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 por litro, uma alta de R$ 0,41, que dará uma receita extra de R$ 5,191 bilhões. No caso do diesel, o aumento será de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 por litro (R$ 0,21), com arrecadação de R$ 3,962 bilhões. Para o etanol, haverá aumentos diferenciados para produtores e distribuidores. No primeiro grupo, a alíquota do PIS/Cofins subirá de R$ 0,12 para R$ 0,1309, dando uma arrecadação adicional de R$ 114,9 milhões. Já para os distribuidores, ela sairá de zero para R$ 0,1964, o que garantirá um reforço adicional de R$ 1,152 bilhão aos cofres públicos. O aumento foi criticado pelas principais federações das indústrias.
'CORTOU NO LIMITE, NO OSSO'
Pelas contas do governo, o aumento do PIS/Cofins, cujo decreto deve ser publicado hoje no Diário Oficial, deve resultar em uma alta de 7% para os consumidores. O ajuste nos tributos terá um impacto na inflação que, segundo especialistas, será de 0,5 ponto percentual.
O governo também chegou a debater se seria o caso de mudar a meta fiscal do ano para permitir um rombo maior nas contas públicas diante da forte queda na arrecadação. No entanto, a conclusão foi que uma alteração do compromisso fiscal seria um retrocesso em termos de credibilidade, contou uma fonte.
- Cortou no limite, no osso. Mas o governo tem que trabalhar com o que tem. Se a arrecadação melhorar nos próximos meses, poderá haver alguma flexibilização. Tudo vai depender do fluxo de receitas - comentou um assessor do Planalto.
Por meio de nota, os ministérios do Planejamento e da Fazenda fizeram questão de informar que o novo contingenciamento é temporário e será compensado "por receitas extraordinárias que ocorrerão ainda este ano".
Segundo interlocutores da equipe econômica, o governo tentou até o último minuto não cortar despesas, especialmente porque vários ministérios estão com pagamentos atrasados e reclamam da falta de recursos. Para isso, havia a previsão de incluir no novo relatório de avaliação fiscal, que será apresentado hoje, algumas receitas não tributárias, como depósitos judiciais da Caixa Econômica, que renderão R$ 2 bilhões. Isso, no entanto, não foi possível por questões técnicas. No caso da Caixa, o banco tem que fazer uma auditoria nos valores antes que eles possam ser usados pelo governo.
- O governo tentou colocar esses valores no relatório, mas não foi possível. Assim que forem liberados, os valores vão permitir a liberação do contingenciamento - disse um técnico.
Sobre o aumento do PIS/Cofins, Fazenda e Planejamento informaram que ele é "absolutamente necessário tendo em vista a preservação do ajuste fiscal e a manutenção da trajetória de recuperação da economia brasileira".
O Globo, Martha Beck, Geralda Doca e Bárbara Nascimento, 21/jul
quinta-feira, 20 de julho de 2017
Mercado Produtor é tombado por lei
Os comerciantes diziam viver dias apreensivos. Afinal, aos poucos, a falta de movimento ameaçava fechar um dos mercados mais tradicionais da Barra. Mas, no último dia 10, a promulgação de uma lei que tomba a sede do Mercado Produtor promete evitar o fechamento do espaço, que há anos vem lutando para se manter em meio a uma briga judicial pela posse do terreno.
De autoria do vereador Thiago K. Ribeiro, o projeto já havia sido aprovado por maioria absoluta na Câmara em maio deste ano, mas o Poder Executivo vetara a proposta, que retornou ao Plenário para o parecer dos vereadores. No dia 27 de junho, os parlamentares rejeitaram o veto por 38 votos a um. Ribeiro explica que, graças ao tombamento, mesmo com a venda do terreno, o mercado deverá ser mantido.
- Estamos do lado dos comerciantes, porque eles merecem respeito por manter a tradição do mercado viva. É um serviço cultural que precisa ser preservado - diz o vereador.
Devido ao alto valor dos aluguéis, que vinha crescendo desde 2004, muitos comerciantes não tinham mais como arcar com os custos de permanência, o que os levou a atrasar ou parar de efetuar os pagamentos. O Fundo Rioprevidência, gestor oficial do terreno, decidira assim pela reintegração de posse. Para isso, vinha encerrando contratos de aluguel e retomando os 111 boxes do imóvel, a fim de arrecadar verba. Desde então, 52 unidades do mercado foram retomadas.
Conforme o prestígio do mercado diminuía, alguns passaram a questionar a licitude do contrato de posse. Em 2008, o dono do bar Fonte de Mel, João Carlos Cardozo, chegou a entrar com pedido de usucapião, e descobriu que o terreno, na verdade, não teria propriedade definida, o que levou outros comerciantes a tentarem reverter a situação na Justiça.
- Estamos aqui com braços e pernas quebradas. Agora, quero fazer uma reunião com quem ainda está por aqui e quem perdeu loja, para ver como fica a situação dos processos em andamento - diz Cardozo.
O Mercado Produtor nasceu em 1983, quando o então prefeito Saturnino Braga transferiu os vendedores de peixe que faziam ponto na Avenida das Américas para o terreno na Avenida Ayrton Senna. Nas últimas décadas, o local passou a ser referência na região para a venda de frutos do mar.
O Globo-Barra, Arion Lucas, 20/jul
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Modernizar para avançar
O Congresso deu um importante passo, na semana passada, ao aprovar a modernização da legislação trabalhista. Esse novo marco regulatório coloca o Brasil nos trilhos da modernidade e da pacificação das relações de trabalho.
Estamos em meio a um cenário de elevada rotatividade de mão de obra, no qual os empresários pouco investem na qualificação dos empregados. A modernização trabalhista, entre outros méritos, pode ajudar a reverter esse processo, melhorando o diálogo entre as partes e possibilitando que haja ganho mútuo com aumento da permanência dos trabalhadores nas empresas.
A evidência internacional mostra que a regulamentação do mercado de trabalho gera impacto significativo nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB), na produtividade, na oscilação do emprego e na velocidade do ajuste após os choques econômicos.
A modernização da legislação trabalhista tem o desafio de evitar os extremos entre a regulamentação excessiva e a sub-regulamentação, ao encontrar um equilíbrio nas relações de trabalho de modo a manter a proteção social. Tais mudanças são importantes para ajudar na recondução da economia, aumentar a eficiência da mão de obra e reduzir o desemprego.
Para chegar a esse resultado, governo e Congresso conseguiram um entendimento inédito em torno de uma pauta que é de interesse de toda a sociedade brasileira, pois a legislação que rege as relações trabalhistas tem mais de 70 anos. O mercado de trabalho mudou, claro, mas a nova legislação não retira direitos e, ainda, abre caminho para a criação de novas vagas.
Quando o governo decidiu mudar a legislação trabalhista, a premissa foi a de que não poderia haver redução de direitos. Tudo que está assegurado na Constituição - como salário mínimo, Fundo de Garantia, férias, repouso semanal remunerado, licença-maternidade etc. - continua inalterado.
Além disso, os novos dispositivos asseguram o fortalecimento das relações de trabalho e a redução da insegurança jurídica. Isso ocorrerá porque a legislação aprovada confere força legal às convenções e aos acordos coletivos, fortalecendo a atuação sindical e evitando a judicialização de questões acertadas entre patrões e empregados.
O Brasil é recordista em ações trabalhistas. Somente em 2015, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) registrou 9,1 milhões de ações, das quais 4,1 milhões novas e 5 milhões de anos anteriores. São nada menos que 11 mil novas ações por dia. Temos um sistema que não privilegia a negociação e o diálogo.
O fortalecimento das negociações coletivas é o alicerce da modernização. A estrutura rígida da CLT desestimulava uma relação harmônica entre empresários e trabalhadores, abrindo poucas brechas para o diálogo entre as partes. As negociações ajudarão a solucionar esse problema ao elevar as opções disponíveis, satisfazendo os interesses mútuos de empregadores e empregados.
Também haverá avanços na geração de oportunidades de trabalho e aumento da produtividade. Existem vários grupos na sociedade brasileira - como estudantes, jovens, idosos, profissionais liberais, entre outros - que nem sempre se enquadram no contrato típico de trabalho de oito horas por dia. Por isso, a nova lei cria e regulamenta contratos de trabalho mais flexíveis, que possibilitam a geração de mais oportunidades de trabalho e aumento da produtividade.
Estamos, portanto, diante de uma legislação moderna, que permitirá oportunidades para todos os atores do mercado de trabalho, seja o governo, sejam os empresários, sejam os trabalhadores. Não podemos perder este momento, que representa mais um avanço rumo a um futuro mais promissor para a economia brasileira.
Dyogo Oliveira é ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
O Globo, Opinião, Dyogo Oliveira, 19/jul
terça-feira, 18 de julho de 2017
Rio tem quase 36% dos escritórios sem inquilinos
Quase 36% dos escritórios corporativos de alto padrão, na cidade do Rio de Janeiro, estavam vagos no fim de junho. O percentual é o mais alto registrado em mais de dez anos, conforme indica levantamento da consultoria imobiliária global Newmark Grubb. Por detrás de sucessivos recordes negativos no mercado imobiliário corporativo, estão a desaceleração da indústria petrolífera no Estado, combinada à extrema fragilidade financeira do governo fluminense.
Valor Econômico, Rodrigo Carro, 18/jul
segunda-feira, 17 de julho de 2017
'É o momento de negociar e aproveitar a queda nos preços'
O combalido mercado imobiliário não vê a hora de a crise passar. Primeiro a tomar o baque e último a se recuperar, o setor vem amargando prejuízos e postergando seus lançamentos. Ruim para as empresas, melhor para o consumidor. Para Claudio Hermolin, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), é hora de investir, pois os preços devem subir até o final do ano. Confira a entrevista.
O GLOBO - Como você analisa o primeiro semestre do mercado imobiliário? Quais expectativas para os próximos meses?
CLAUDIO HERMOLIN - O setor tem vivido um momento difícil. Porém, com feirões, ações estratégicas e promoções, as empresas têm conseguido reduzir estoques. Para retomarmos o ritmo de lançamentos, é preciso zerar as unidades em estoque e ter segurança jurídica para encarar novos empreendimentos. Enfrentamos os danos causados pelos distratos. Em todo país, no acumulado dos últimos 12 meses, os cancelamentos nas vendas corresponderam a 50,9% das vendas no período, com prejuízo de mais de um bilhão de reais.
O mercado voltou a lançar em 2017?
Não houve ainda uma retomada do mercado. As empresas estão observando o melhor momento para lançar. O segundo semestre vai ser um período de decisões. Construtoras com perfil voltado para projetos do Minha Casa Minha Vida têm obtido um bom resultado nas vendas, mesmo em ano de crise.
Acredita que pelo déficit de moradia no país ainda será um setor que vai tem bons resultados?
A demanda existe e é grande. Por ser um compromisso de longo prazo, que compromete boa parte da renda, o consumidor, naturalmente, encara a decisão com muita cautela. Principalmente num período de incertezas políticas e econômicas como o que estamos vivendo. Mas, quando percebe uma boa oportunidade, o comprador vai em frente, agarra o sonho da casa própria. E o mercado tem oferecido excelentes oportunidades em todas as tipologias, mas, em especial, para os segmentos de renda mais baixa.
A redução dos juros do Copom e do financiamento da Caixa e de outros bancos privados (Itaú e Santander reduziram suas taxas) podem ajudar o mercado?
Sim, podem. Mas não será apenas a queda dos juros que resultará em reação da construção civil. É preciso que haja uma conjunção de fatores positivos: aumento da confiança de empresários e compradores, queda nos juros para as negociações imobiliárias, aumento na oferta de financiamentos e segurança jurídica.
Alguns especialistas dizem que o mercado chegou "ao fundo do poço". Concorda com a afirmativa?
Chegamos a um limite perigoso, em que a demora na tomada de decisão por parte do governo e dos congressistas pode trazer o caos ao setor. A construção civil é um dos setores mais estratégicos e vitais para saúde econômica deste país, gerador de mão de obra e importante para o PIB nacional. Temos um peso que não pode ser ignorado.
Para o consumidor, este é o momento de comprar imóveis? Com preço mais baixo? Acredita na retomada de preços ainda este ano?
Sim, há uma excelente oportunidade para o consumidor fazer negócio em diferentes segmentos. É o momento de negociar, de aproveitar a queda nos preços. Acredito que os preços vão começar a subir já no fim deste ano. É o ajuste natural do mercado. Se a economia se estabiliza, o setor também volta a crescer.
Alguns apostam no fim dos grandes condomínios depois da venda do estoque atual. Concorda?
Os grandes condomínios, com seus complexos de lazer e segurança, vieram para ficar. Agora, o que está acontecendo no mercado é um retrato da própria sociedade. O setor imobiliário não pode apostar mais em uma única tipologia, atender a um único segmento. Temos uma sociedade plural, com diferentes necessidades e poder aquisitivo. Então, a construtora que quiser se manter forte terá que se adaptar a diferentes tipos de público: famílias, em suas diferentes formações, solteiros, idosos, casais sem filhos etc.
O Globo, Ana Carolina Diniz, 16/jul
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