segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Apartamento 4 Suítes na Barra da Tijuca - R$ 3.950.000




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Habitação tem plano de leasing para classes C e D


O presidente Jair Bolsonaro deve lançar em breve um novo programa habitacional, batizado de Aproxima, pelo qual vai oferecer um terreno para que construtoras ergam empreendimentos prevendo imóveis residenciais e estabelecimentos comerciais.

Será destinado a famílias com renda entre dois e cinco salários mínimos (hoje, de R$ 1.996 a R$ 4.990), classes C e D. A ideia é fazer uma espécie de leasing: o morador que pagar aluguel até o fim do contrato (que deve ter prazo de 20 anos) fica com o imóvel. O aluguel deverá ter um limite de comprometimento da renda da família que for contemplada com o imóvel.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a meta é lançar pelo menos 200 projetos do Aproxima até 2022, fim do mandato do presidente. O programa é uma parte do plano maior de reestruturação da política nacional de habitação, que também trará mudanças para o Minha Casa Minha Vida (MCMV). Os estudos envolvem principalmente os Ministérios de Desenvolvimento Regional e da Economia.

De acordo com integrantes do governo, uma das vantagens do Aproxima é colocar o trabalhador morando em área urbana, próxima do trabalho. Há bastante críticas em relação ao fato de o Minha Casa construir empreendimentos especialmente nas periferias das grandes cidades, principalmente por causa do alto valor dos terrenos.

Outra diferença em relação ao Minha Casa é liberar comércio e prestação de serviços nos condomínios. Isso permite às construtoras e às incorporadoras cobrarem mais caro pelos imóveis comerciais e reduzir as prestações das famílias nos imóveis residenciais. A oferta do terreno pela União também reduz o custo das empresas para construir os empreendimentos.

A limitação no valor da prestação que será pago pelas famílias vai variar de acordo com a região, o perfil do município e a renda dos potenciais moradores. Um dos participantes da formulação do programa deu o exemplo de colocar o teto de 20% da renda para famílias que ganham até três salários mínimos (R$ 2.994).

A empresa que conseguir oferecer a maior quantidade de unidades residenciais tendo como prestação esse valor terá vantagem no processo de licitação. Outro critério que deve ser analisado na concorrência é oferecimento do menor valor de condomínio. O plano do governo é definir que o vencedor do edital mantenha o empreendimento por 20 anos.

Retorno

Segundo o secretário de Desenvolvimento de Infraestrutura, Diogo Mac Cord de Faria, os critérios de escolha do vencedor da concorrência pelo terreno vão considerar o projeto que promova o maior retorno à sociedade. "Eu faço um concurso de ideias de quem consegue me gerar, no fim das contas, um maior retorno para a sociedade, que é a quantidade de famílias de menor poder aquisitivo morando em áreas que jamais poderiam pagar, em locais próximos de seus empregos. Então é bastante inovador, tanto em termos de política pública de habitação quanto em termos de forma de possibilidade desse terreno", diz.

Estudiosos do setor avaliam que o programa tem potencial de atacar um dos grandes problemas do déficit habitacional no Brasil: o alto valor dos aluguéis. De acordo com pesquisa de 2018 da FGV e da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), o ônus excessivo com o pagamento de aluguel é um dos principais problemas do déficit habitacional enfrentado no Brasil. Esse componente é responsável pela falta de moradia para 42% das 7,8 milhões de famílias que não têm casa própria.

Coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, Ana Castelo entende que, se o governo mantiver a ideia de limitar o aluguel a algo próximo de 20% da renda familiar, o critério poderá fazer frente ao problema. "Em princípio, para uma família que vai pleitear financiamento habitacional, normalmente esse é o valor razoável de uma prestação, de 20% a 30%. Pensando que ela terá custos com a habitação, 20% ainda dá margem para esses custos."

Pesquisador da Fundação João Pinheiro, Frederico Poley destaca que as cidades têm "carência grande de oferta de imóveis", e que ações que facilitem a ocupação de terrenos nos centros da cidade são bem-vindas do ponto de vista social. "Governo tem papel importante de facilitar as instalações de mercado, fazendo regulações que sejam efetivas", diz.

O Aproxima deve ser lançado com a reestruturação da política nacional de habitação, e demandará a edição de uma medida provisória para autorizar que terrenos da União sejam destinados à iniciativa privada, segundo apurou a reportagem. Deve ser também necessário um diálogo com as prefeituras, já que, em alguns casos, os municípios precisarão afrouxar regras do que pode ser construído em determinadas áreas.

Zero subsídio

O Aproxima não deve contar com recursos do Orçamento-Geral da União (OGU), segundo apurou a reportagem, outra diferença em relação ao MCMV. Nos dez anos do programa habitacional criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram aportados R$ 110 bilhões em subsídios. Para o ano que vem, o orçamento previsto é de R$ 2,71 bilhões, o menor já colocado no programa em uma década.

As diferenças também são encontradas no modelo de financiamento pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). No Aproxima, a ideia é que o financiamento com recursos do Fundo seja oferecido somente às empresas, com limite de 50% do investimento necessário para construir o empreendimento.

Setor diz que prefeituras têm de encampar projeto

Para o setor da construção, a ideia do Aproxima é boa, mas precisa ser encampada pelas prefeituras. Embora os terrenos sejam cedidos pela União, para o programa dar certo serão necessárias autorizações municipais para levantar condomínios nos centros de grandes cidades, o que deve exigir mudanças nos planos diretores - com autorização das câmaras de vereadores. "Por ser uma coisa nova, a gente necessita aprofundar a discussão para que ela saia mais arredondada", diz José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O setor pretende enviar formalmente ao governo sugestões para o programa em duas semanas, após coletar sugestões com empresários.

Segundo o presidente da CBIC, outro ponto que deve ser observado de perto é o quanto o projeto sairá "engessado" do governo. Até o momento, a ideia é que as unidades residenciais e comerciais estejam localizados num mesmo empreendimento.

Martins entende que seria melhor se esse fator fosse flexibilizado. "Por exemplo, vou fazer um shopping (no terreno da União). Será que nesse projeto fica bom colocar um prédio de habitação social, ou eu poderia usar outro prédio do governo, que de repente está deteriorado, reformar e transformar em habitação social?"

O presidente da CBIC destacou ainda que o programa tem o desafio de conseguir atrair o interesse de várias empresas, para que o processo concorrencial não fique concentrado em poucas companhias.

Coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, Ana Castelo frisou a importância de haver boa concorrência na escolha dos empreendimentos. Como o modelo do projeto é novo, há uma preocupação sobre como as empresas vão se adaptar. "É importante que seja um negócio interessante para empresas e famílias, essa é uma questão vital."



O Estado de S. Paulo, Amanda Pupo, 29/set

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Cobertura Duplex na Avenida Sernambetiba na Barra da Tijuca - R$ 3.500.000,00




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Recorde no crédito imobiliário


Os financiamentos imobiliários com recursos da poupança atingiram R$ 6,71 bilhões em agosto, o melhor resultado mensal deste ano até agora. O volume representa um salto de 18,4% na comparação com o mesmo período de 2018 e leve alta de 0,1% frente a julho. Os dados são da Abecip, associação das instituições que atuam no setor. 

O número de unidades financiadas para aquisição e construção foi de 26,5 mil em agosto, alta de 6% em um mês e de 17,3% em um ano. De janeiro a agosto, foram financiadas 180,5 mil unidades, alta de 27,6%. O volume concedido aumentou 31,4%, para R$ 47,13 bilhões. A Caixa liderou as operações, com R$ 14,506 bilhões financiados nos oito primeiros meses do ano nas modalidades aquisição e construção. O Bradesco ficou em segundo lugar, com R$ 11,621 bilhões e o Itaú aparece em terceiro, com R$ 10,180 bilhões.



Valor Econômico, Talita Moreira, 27/set

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Apartamento 4 Suítes na Península na Barra da Tijuca - R$ 2.800.000,00




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Construção teme que IVA gere aumento de carga e insegurança


A unificação dos tributos sobre consumo num Imposto sobre Valor Agregado (IVA) deve causar insegurança jurídica e elevar a carga tributária na construção, segundo entidades que representam o setor. Não somente a atividade da construção seria afetada, mas também a incorporação imobiliária, a locação e a corretagem.

Na incorporação imobiliária, a unificação dos tributos traria uma elevação de 15% nos custos do setor, diz o advogado Ricardo Lacaz Martins, que representa a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). O cálculo considera uma alíquota de IVA de 25% calculada por fora. Ele diz ainda que o IVA elevará os valores da corretagem de imóveis e da locação. Nesse cenário, o setor defende que a construção fique sujeita apenas a um IVA reunindo tributos federais.

"Precisamos lembrar que a reforma traz um jogo de soma zero. Então é preciso ver onde há ganho ou perda. A pergunta que não está sendo feita às claras é se o Brasil quer aumento de tributos em setores como saúde, educação, cesta básica e serviços em troca da redução de carga para a indústria e as instituições financeiras", argumenta o tributarista. Sócio do escritório Lacaz Martins, Pereira Neto, Gurevich & Schoueri Advogados, o advogado representa a CBIC e também o Secovi-SP nas discussões sobre a reforma tributária.

"As pessoas querem pagar uma geladeira ou um crédito bancário mais barato em troca de aumento de preços em serviços essenciais como saúde, educação e moradia?", questiona. "É preciso lembrar ainda que o aumento de custo é repassado aos preços no dia seguinte, mas a redução, não."

Uma das principais propostas de reforma tributária em discussão, a PEC 45, que tramita na Câmara dos Deputados, estabelece a criação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) reunindo os tributos federais IPI, PIS e Cofins ao ICMS estadual e o ISS municipal. Pela proposta, o IBS segue o modelo do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), calculado por fora e não cumulativo. Ou seja, que permite o desconto de todo o IVA pago nos insumos adquiridos pelas empresas.

Dos cinco tributos que devem ser reunidos no IVA, a construção civil recolhe três: PIS, Cofins e ISS. São 3,65% de PIS e Cofins e ISS de 2% a 5%. A alíquota e a forma de cálculo do ISS variam conforme o município. O setor paga hoje até 8,65% sobre receita com esses três tributos. PIS e Cofins são calculados de forma cumulativa e, portanto, não dão direito a crédito. O IVA de 25%, alega o setor, aumentaria a carga, mesmo permitindo o crédito do imposto pago nos insumos. Isso porque a mão de obra, um dos maiores insumos do setor, não dá direito a crédito.

No caso da incorporação imobiliária, a situação é mais específica. A atividade segue um Regime Especial de Tributação (RET) nos casos em que há patrimônio de afetação, que é a segregação das receitas e despesas por empreendimento. Nesse regime, a incorporação paga 4% sobre receita divididos em 1,26% para o Imposto de Renda; 0,66% de CSLL; 0,37% de PIS; e 1,71% de Cofins. Somados, portanto, PIS e Cofins são cobrados na incorporação à alíquota de 2,08%, numa carga menor ainda que a recolhida na atividade de construção.

Rodrigo Dias, sócio do VDB Advogados, tem representado entidades do setor de construção em debates sobre reforma tributária. Em nome do Secovi, da CBIC e de outras entidades do setor, Dias tem destacado que o IVA deverá elevar a carga nominal de tributos indiretos sobre a incorporação imobiliária num segmento em que parte representativa dos insumos não dá direito a crédito.

Os grandes custos na incorporação de imóveis, avalia Dias, estão na compra do terreno, sempre adquirido de pessoas físicas, no pagamento de direitos de construção à prefeitura, a chamada outorga onerosa, e no financiamento bancário. "Isso representa de 40% a 50% dos custos de produção da incorporadora, e não teremos crédito de IBS neles pelas duas PECs principais apresentadas até agora", diz, referindo-se tanto à PEC 45, que tramita na Câmara, quanto a PEC 110, que tramita no Senado.

Outra preocupação, segundo Dias, é em relação à reforma é de que o cálculo do imposto coloca em risco o patrimônio de afetação e pode trazer insegurança jurídica para as incorporação imobiliária.

De acordo com ele, a forma de tributação do IBS pode eliminar o regime do patrimônio de afetação, que segrega as receitas e despesas dos empreendimentos como forma de proteger os consumidores no caso de má saúde financeira da incorporadora. Para Dias, uma proposta alterando a tributação sobre consumo precisa contemplar uma alíquota adequada para o setor imobiliário, juntamente com desoneração de folha.

Na corretagem também haveria aumento de carga. Considerando que as empresas do segmento comumente estão no regime do lucro presumido, o PIS/Cofins pago é também de 3,65% cumulativos. O serviço de corretagem paga ISS de 2% a 5%. O aumento de carga tributária para os 25%, diz Lacaz Martins, resultará imediatamente no repasse aos preços. "Teremos um aumento de 15% na corretagem, com o agravante de que esse é um valor desembolsado à frente."

Livre do ISS, a locação de imóveis também paga atualmente 3,65% de PIS e Cofins, sempre considerando as empresas que estão no regime do lucro presumido. Além de impactar preços, diz Lacaz Martins, a tributação do IBS pode comprometer a alocação de capital na atividade imobiliária.

A carga tributária atual do setor, afirma ele, é de 14,53%, considerando IR e CSLL pagos nos lucro presumido, somados ao PIS e Cofins. A carga, segundo Lacaz Martins, é similar aos 15% de tributação sobre os investimentos financeiros. Se houver aumento da carga sobre locação, alega o tributarista, a atividade perde competitividade na atração de recursos.

Não há unanimidade entre os tributaristas sobre o impacto do IVA unificado na construção. Para Eduardo Fleury, sócio do FCR Law, é possível que haja elevação de carga em diversas atividades do setor, mas não no nível alegado. "Há muito ICMS e ISS pagos hoje em insumos na construção e que não dão direito a crédito. Quando esses créditos passarem a ser utilizados, o impacto será bem menor."

Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, diz que o setor reconhece a importância de uma reforma, mas há receio de que as propostas ainda não tenham atingido o nível de detalhamento necessário. "Defenderemos um reforma que seja boa para o país, justa e equilibrada, com ajustes que permitam que a tributação continue nos níveis de hoje."

O setor, segundo Lacaz Martins, aponta como melhor caminho o chamado IVA dual, em consonância com o proposta pelo relator Roberto Rocha na PEC 110, que tramita no Senado. Nesse modelo, conviveriam simultaneamente dois IVAs, um reunindo tributos federais e outro IVA de Estados e municípios, que juntaria os atuais ICMS e ISS. Nesse caso, o setor de construção e outros que poderiam ser afetados por um imposto unificado ficariam submetidos apenas ao IVA federal.

Para ele, a unificação da tributação sobre consumo é o melhor caminho, mesmo trazendo algum aumento de carga para determinados serviços. "O setor de construção pode se organizar para garantir uma regulamentação do IVA que leve em consideração as especificidades do setor", diz ele, lembrando que a reforma tributária não se esgota em uma emenda constitucional, mas será ainda regulada por lei complementar.

Fleury afirma que a construção muitas vezes tem tratamentos específicos em países que adotam o IVA. Em parte deles, exemplifica, a venda de imóveis residenciais novos e usados é isenta do imposto. Isso porque a venda de moradia gera um recolhimento de IVA que não será usado pelo consumidor se ele for pessoa física.

Essa impossibilidade de se creditar tiraria a competitividade dessa modalidade de venda de imóveis residenciais em relação à escolha que o consumidor tem de construir a moradia comprando insumos e contratando mão de obra. Nessa, opção, embora fique sujeito ao IVA pago nos insumos e na contratação de serviços, a pessoa física não pagará o imposto sobre o valor da moradia pronta, cuja base de valor agregado é maior.



Valor Econômico, Marta Watanabe, 26/set

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Cobertura Duplex na Península na Barra da Tijuca - R$ 1.747.000,00




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Juro real bate mínima histórica com aposta em queda adicional da Selic


O forte recuo das taxas de mercado aliado à perspectiva de que a inflação seguirá bastante contida, num mundo em desaceleração, derrubou os juros reais para suas mínimas históricas. Analistas apontam que parte do movimento se deve a fatores cíclicos e ainda haveria algum espaço para quedas adicionais no curto prazo, mas destacam que este ainda não pode ser considerado um "novo normal" para a economia brasileira.

Cálculo do Valor Data a partir do contrato de swap de juro de 360 dias descontada a projeção de inflação para um ano indica uma taxa de juro real de 1,37%, o nível mais baixo em toda a série histórica iniciada em 2002.

Com isso, as projeções de mercado dão um passo além do que foi observado entre 2012 e 2013, quando a taxa real chegou a bater 1,39%. Na época, porém, a taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida de forma quase que artificial, na visão de muitos economistas. A Selic caiu, em outubro de 2012, para 7,25% ao ano, mas a inflação superou os 5%, acima da meta de 4,5%.

Desta vez, o cenário parece ser mais sustentável, já que apresenta apostas de juros cada vez mais baixos e a perspectiva de que a inflação manterá alguma distância do centro da meta oficial. De acordo com as novas projeções do Banco Central, divulgadas na semana passada, o índice de preços ao consumidor (IPCA) deve ficar em 3,8% em 2020 - abaixo do alvo de 4% - mesmo num cenário de dólar constante a R$ 4,05 e Selic de 5% até o fim do ano que vem.

Analistas apontam que o componente cíclico do cenário para o juro real envolve a recuperação lenta da atividade no Brasil e o risco de desaceleração da economia global, o que inibe pressões inflacionárias. Inclusive, grandes instituições financeiras têm revisado seus cenários e colocado a Selic em menos de 5% até o fim deste ano.

"Em função da elevada capacidade ociosa da economia e o cenário de inflação baixa, é possível que haja necessidade de estímulos monetários por algum tempo, o que implicaria uma taxa de juro real próxima aos níveis atuais por um período mais longo", afirma Isabela Guarino, economista-chefe da XP Asset Management.

Além do fator cíclico, ainda há um componente estrutural que seria representado pela taxa de juro neutro - aquela que produz o máximo de crescimento sem gerar inflação. De acordo com os analistas, o ajuste de contas públicas - encabeçado pela lei do Teto de Gastos e pela reforma da Previdência, junto com a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) e a redução do estímulo fiscal do governo via BNDES - ajuda a colocar a taxa em níveis mais baixos e até abre espaço para quedas adicionais da Selic.

"O juro neutro tem caído com o avanço de reformas e com o cenário internacional que também traz juros reais de equilíbrio menores", afirma Solange Srour, economista-chefe da ARX. No entanto, o nível atual dos juros reais não é o mesmo da taxa neutra e deve voltar a subir quando a economia ganhar força. "Eu não acho que este é o novo normal no Brasil, porque o crescimento que estamos vendo hoje está muito aquém do potencial. Não estamos ocupando nossa capacidade ociosa. O equilíbrio só ocorre quando a economia cresce perto do potencial."

Ou seja, a agenda de reformas que vem sendo tocada desde 2017 traz um suporte estrutural para a queda do juro real, mas analistas apontam que a mudança não chega a colocar a taxa de equilíbrio em 1%. "O nível atual do juro real é passageiro, mas um 'novo normal' para as taxas pode incluir níveis mais baixos que os anteriores", afirma Fernando Rocha, economista-chefe da JGP.

Quedas adicionais do juro neutro da economia exigem novos avanços no ajuste fiscal, principalmente na redução de gastos obrigatórios, afirma Solange, da ARX. "Se a gente não avançar nessa agenda e o Teto de Gastos for ameaçado, por exemplo, a taxa de juro neutra que vem caindo nos últimos anos vai voltar a subir", alerta.

Todo o contexto fiscal e a credibilidade do governo ganham ainda mais relevância num quadro de fraqueza da economia. Isso porque a taxa de juro baixa não resolve, sozinha, o problema de crescimento. "É preciso que haja confiança. Nesse ponto, ainda estamos tateando", aponta Rocha, da JGP. O índice de incerteza econômica da FGV ainda está longe de mostrar um ambiente de confiança, por exemplo.

De acordo com as estimativas coletadas na Pesquisa Focus, os analistas acreditam que a economia crescerá apenas 0,87% neste ano, mas poderá ganhar algum fôlego em 2020, com expansão esperada de 2%. Já a inflação deve ficar em 3,44% em 2019 e 3,80% em 2020 - tudo isso com Selic a 5%.

Analistas comentam que o crescimento baixo é gerado por inúmeros fatores, como as incertezas globais com fatores geopolíticos e o próprio efeito defasado dos juros baixos na atividade. No entanto, alguns problemas estruturais também estão pesando na economia.

"O setor de construção civil pesada foi duramente afetado pela Lava-Jato. Praticamente todas as empresas grandes do setor pararam de operar. Além disso, a redução do gasto fiscal e parafiscal teve um efeito grande. É preciso fazer o 'crowding in', ou seja, o setor privado ocupar o espaço que o setor público ocupava. Isso leva tempo. A receita é persistência. A transição leva tempo, mas costuma compensar", aponta Rocha, da JGP.



Valor Econômico, Lucas Hirata, 24/set

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Apartamento 3 Quartos, 1 Suíte no Jardim Oceânico na Barra da Tijuca - R$ 1.900.000,00




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Preços de imóveis têm ligeira aceleração


A variação dos preços dos imóveis residenciais para o Brasil, medida pelo IGMI-R/Abecip, teve uma ligeira aceleração em agosto, registrando 0,36% ante o 0,29% observado no mês anterior. Entre as dez capitais analisadas, apenas Fortaleza teve redução nominal de preços no período (-0,10%), enquanto o destaque positivo ficou mais uma vez com São Paulo (0,71%). Considerando as variações acumuladas em 12 meses, apenas Fortaleza e Goiânia tiveram desacelerações. Salvador registrou estabilidade nessa variação (2,29% em agosto, mantendo o número de julho), as demais capitais mostraram acelerações.



A Tarde, Economia, 21/set

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Cobertura Duplex na Península na Barra da Tijuca - R$ 2.300.000,00 - R$ 8.800,00




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Prefeitura quer liberar prédios em São Conrado


Se depender da administração municipal, a paisagem de São Conrado vai mudar. A prefeitura planeja liberara construção de prédios de até 11 andares (incluindo cobertura) em uma parte da Avenida Niemeyer, entre o Hotel Nacional e as proximidades do Túnel Zuzu Angel, onde hoje só são permitidas casas. Elas, por sua vez, poderão ocupar, caso a ideia vá adiante, uma área de encosta mais alta que a permitida atualmente. 

Outra mudança em análise é o aumento do gabarito em terrenos no entorno da Autoestrada Fernando Mac Dowell (Lagoa-Barra) em trechos ainda não verticalizados. A revisão da legislação urbanística de São Conrado e do Joá será apresentada pela Secretaria de Urbanismo na próxima semana, durante uma reunião do Conselho Municipal de Políticas Urbanas (Compur), formado por técnicos da prefeitura e da sociedade civil.

As mudanças, que já provocam polêmica entre especialistas que tiveram acesso ao documento, dependem da aprovação de um projeto que o prefeito Marcelo Crivella deve enviar ainda este ano à Câmara Municipal. Apesar de a lei sequer ter chegado à Casa, o mercado imobiliário já se animou. Investidores começaram a procurar áreas disponíveis, principalmente na Estrada da Gávea.

Um dos donos do Motel Escort, que ocupa uma área de 2,5 mil metros quadrados na Estrada da Gávea, Manoel Malheiros diz ter recebido várias propostas e se prepara para deixar o negócio em breve: 

- Para viabilizara venda, estamos atualizando os dados do Registro Geral de Imóveis. Os sócios são de três famílias. Muitos já têm mais de 80 anos e nem todos os filhos se interessaram pelo negócio. 

As normas urbanísticas para São Conrado estão em vigor desde 1988, quando foram estabelecidos limites para construções. Na época, o bairro vivia um boom imobiliário, com impacto inclusive no trânsito. 

Passados 31 anos, o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil, Pedro da Luz, que integra o Compur, vê a proposta de mudaras regras com preocupação. Para ele, o projeto contraria o Plano Diretor da cidade, que definiu a Zona Sul como área de ocupação controlada, onde o adensamento deve ser desencorajado. Ele defende o estímulo a empreendimentos em outras áreas, como a Zona Norte:

- Vivemos em uma cidade entre o mare amontanha. Ao se permitir verticalizações perto de encostas, a paisagem é prejudicada. Um dos melhores exemplos foi justamente a verticalização no entorno do Morro da Viúva, no Flamengo. 

Em vias internas de São Conrado, onde hoje só há casas, o projeto prevê a construção de prédios de até quatro andares (incluindo cobertura) em um padrão de ocupação semelhante a odo Jardim Oceânico, na Barra. Presidente da Associação de Moradores da Rua Capuri, uma das que seriam afetadas, Bernardo Rodenburg diz ser contrário: 

- Somos favoráveis ao desenvolvimento sustentável desde que as características urbanísticas e ambientais sejam preservadas. Essa proposta não segue isso.

O ex-deputado Márcio Fortes, representante do Clube de Engenharia no Compur, tem outra opinião:

- As características de uma cidade mudam com o tempo. Naquele trecho da Niemeyer já foram permitidos prédios mais altos. Sobre as casas, não existe tanta demanda hoje nas ruas internas. Melhor ter prédios do que imóveis abandonados. São Conrado jamais terá um condomínio como o Jardim Pernambuco (no Leblon).

PRÓS E CONTRAS

Integrante da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário, Rubem Vasconcellos concorda em parte com o projeto: 

- Adensar um pouco é bom porque ajuda na segurança pública. Só discordo da ideia para as ruas. Há demanda por casas.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) prefere opinar somente após a apresentação da proposta, na semana que vem. Mas o arquiteto Lucas Faulhaber, que representa o CAU no Compur, observa que a estratégia da prefeitura vai contra uma política que era defendida pelo próprio Crivella: tratar a legislação da cidade de forma integrada.

- É impossível qualquer intervenção (na Niemeyer )sem desmatar, seja para construir casas o upara escavara encosta, como objetivo de erguer prédios - disse Faulhaber. 

A arquiteta Rose Compans, do Fórum de Planejamento Urbano, também critica: 

- É um plano que só adensa o bairro.

Em nota, a prefeitura argumenta que a maior parte da Niemeyer será preservada e que a implantação da Linha 4 do Metrô deu uma nova dinâmica de circulação de pedestres à região. A administração municipal defende que as mudanças são compatíveis com a preservação domei o ambiente e que nenhuma iniciativa do projeto descaracterizaria São Conrado.



O Globo, Luiz Ernesto Magalhães, 21/set