segunda-feira, 9 de março de 2020

Foco em financiamento


A faixa de imóveis com preços de R$ 241 mil a R$ 350 mil, financiada pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), ficou esquecida por alguns anos. Agora, com o cenário de taxa de juros e inflação mais baixa, este segmento está se tornando atrativo, chamando atenção até de construtoras focadas no programa Minha Casa, Minha Vida (imóveis de, no máximo R$ 240 mil).

Líder neste segmento "Minha Casa...", a MRV, em menos de um ano, lançou quatro empreendimentos no SBPE em São Gonçalo, Caxias e bairros da Zona Norte do Rio.

Os prédios têm modelos diferentes de apartamentos, dependendo do tipo de financiamento.

- Já vendíamos via SBPE anteriormente, porém numa escala menor. Com taxa Selic baixa, podemos dizer que esse movimento já está fazendo com que os bancos privados consigam competir com as taxas disponibilizadas pelos financiamentos feitos com o FGTS. Esse cenário permite que o cliente escolha qual tipo de financiamento ele prefere fazer - afirma Sandro Perin, gestor executivo comercial da MRV, explicando que, no médio prazo, a MRV planeja que 30% das vendas usando como SBPE.

PRÉDIOS MISTOS

A CAC, que também tem foco no MCMV, tem três empreendimentos que contemplam as duas modalidades.

- Ou seja, o cliente pode contratar pelo MCMV, podendo ter o subsídio, ou pelo SBPE - explica Bruno Teodoro, gerente comercial da CAC Engenharia, que garante que não há diferença de qualidades entre os produtos entregues de acordo com o tipo de financiamento.

- Os empreendimentos pelo Minha Casa, Minha Vida atualmente oferecem quase as mesmas coisas que os projetos pelo SBPE. Quem constrói pelo MCMV percebeu a necessidade de atualizar seus projetos, incluindo um lazer diferenciado, varanda, itens tecnológicos etc. - afirma ele.

A Living lançará ainda este mês a última fase de um projeto SBPE, com 178 unidades, voltado para classe B e C.

- Sempre trabalhamos para esse público que, em função da crise dos últimos anos, ficou meio "esquecido". É o momento oportuno para quem quer sair do aluguel e está com o dinheiro rendendo a CDI - considera Thiago Athayde, gerente Geral de Incorporação Living e Vivaz.

Felippo Cattaneo Adorno, diretor da Incorporadora Jeronimo da Veiga, explica que, com a empresa tem foco na primeira moradia da classe média, até nos períodos de mais crise, o SBPE nunca representou menos de 50% do faturamento.

Já a Calçada tem a intenção de retomar nos próximos anos projetos nessa faixa, afirma Bruno Oliveira, gerente de marketing da Calçada.

Para Paulo Porto, professor do MBA de Gestão de Negócios Imobiliários e da Construção Civil da FGV, estes lançamentos de baixo a médio padrão atendem a famílias com renda de 15 salários mínimos.

Segundo o professor, em condomínios que tenham as duas opções de financiamento, o consumidor deve pensar em seu orçamento:

- Ele deve avaliar o que cabe no bolso. Não importa a sigla, se é MCMV ou SPBE. Se ele tem renda familiar de R$ 8 mil, uma prestação de R$ 2 mil cabe no orçamento. Uma de R$ 4 mil, não. A queda da taxa de juros é iminente nos próximos 12 meses, já o preço dos imóveis, não.



Extra, Ana Carolina Diniz, 08/mar