quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Busca por sossego e qualidade de vida faz compra de imóveis disparar em Petrópolis


Petrópolis sempre foi refúgio para aqueles que, prezando o bem-estar e a tranquilidade, fugiam do agito da cidade grande. Mas o que era um destino de "bate e volta" para a maioria também tem atraído quem busca fincar suas raízes na Cidade Imperial. O mercado imobiliário local registrou alta de aproximadamente 50% no número de imóveis vendidos de janeiro a julho deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019.

Locais como Itaipava e Corrêas têm tido muita procura, principalmente para compras de imóveis. É o que afirma a corretora Catarina Rodrigues:

- Desde o início da pandemia, a procura vem crescendo, principalmente entre moradores da cidade do Rio. De 40 casas que colocamos à venda num empreendimento em Itaipava que será entregue em março de 2021, restam só oito.

Presidente de uma corretora que atua há 25 anos em Petrópolis, Antônio Lima acha que a pandemia impulsionou a procura.

- A pandemia mudou o cenário do início do ano, quando as coisas estavam bem devagar. Muita gente já tinha o desejo de vir para cá e aproveitou o confinamento para pôr isso em prática - avalia.

Dados do Secovi-Rio, sindicato estadual de habitação, apontam que o valor do metro quadrado em Petrópolis subiu 5,2% entre março, quando as primeiras medidas de isolamento foram tomadas, e julho.

A alta foi alavancada por Araras, que registrou aumento de 10,2%, seguida de Pedro do Rio, com 6,7%, e Itaipava, com 6%.

- Esses dados refletem uma maior procura por esses imóveis que, mesmo na difícil situação econômica que vivemos, estão atraindo gente de outras cidades - diz o vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Schneider.

De acordo com Fabrício Junqueira, delegado do Creci-RJ (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) em Itaipava, no primeiro semestre deste ano houve aumento de 300% na procura em comparação ao mesmo período do ano passado.

- Dois fatores contribuíram para este aumento: com o isolamento social, as pessoas sentiram a necessidade de ter uma casa, um quintal, ou seja, uma área aberta. O segundo motivo foi o home office. Pessoas que tinham o desejo de comprar uma casa na Serra, não fechavam negócio porque ainda precisavam estar fisicamente na empresa. Agora, com algumas empresas adotando o home office permanentemente, esses interessados estão conseguindo realizar o desejo de morar na Região Serrana sem a obrigação de subir e descer a Serra todos os dias para trabalhar - comenta Junqueira.

O reflexo desta demanda está sendo percebido na imobiliária Concal, por exemplo.

- Pedro do Rio, em Petrópolis, onde temos o condomínio Terras Altas, é uma das regiões preferidas. A procura está tão grande que, nos primeiros 15 dias de junho, vendemos nove terrenos no condomínio. Há clientes, inclusive, comprando dois lotes e pagando à vista. A região tem atraído profissionais do mercado financeiro que desejam cumprir a quarentena com qualidade de vida - comenta José Conde Caldas, presidente da empresa.

A Riooito Incorporações, que tem quatro projetos na Região Serrana, também sente esta movimentação. De acordo com Sheila Ferreira, gerente de vendas da empresa, no Cenário da Montanha, que está em construção em Itaipava, 40% dos clientes são de famílias do Rio.

- Só este mês vendemos 20 unidades do Cenário da Montanha - afirma Sheila.



O Globo online, Giovanni Mourão, 18/ago