sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Mercado imobiliário está mais aquecido no 3º trimestre


Cyrela, Moura Dubeux e EZTec deixaram claro, ontem, que o mercado imobiliário está mais aquecido, no terceiro trimestre, do que nos primeiros meses após o início da pandemia de covid-19. Desde junho, o ritmo de comercialização de imóveis da EZTec retornou ao patamar anterior ao da disseminação do coronavírus e, no trimestre em curso, as vendas já superam as do segundo trimestre.

Em teleconferência com jornalistas, o diretor financeiro e de relações com investidores da Cyrela, Miguel Mickelberg, afirmou que a companhia terá um bom volume de lançamentos no terceiro trimestre e que o ritmo de vendas está melhor do que o do segundo trimestre. "Estamos, positivamente, surpresos com a retomada. O mês de abril foi muito fraco em vendas, mas maio foi melhor. Em junho, as vendas de estoques foram semelhantes à média do ano passado", diz Mickelberg, acrescentando que os lançamentos de julho e agosto tiveram "bastante sucesso".

O volume estimado para distratos de vendas da Cyrela, no acumulado de 2020, é de 5% a 10% maior do que o previsto antes da pandemia. Com isso, as rescisões deverão ficar em linha com as do ano passado, segundo o diretor relações com investidores. No segundo trimestre, os distratos somaram R$ 211 milhões, acima dos R$ 184 milhões de janeiro a março. Mickelberg compara que, em 2016, ano em que a Cyrela registrou mais rescisões, no total de R$ 2,3 bilhões, a fatia trimestral era de quase R$ 600 milhões.

Cerca de 11% dos clientes da Cyrela pediram "algum tipo de renegociação" desde o início da pandemia. "Hoje, o número está muito pequeno", diz o executivo.

De abril a junho, a Cyrela consumiu caixa de R$ 67 milhões. Isso resultou, segundo Mickelberg, da redução do fluxo de recebimentos combinada à continuidade dos pagamentos dos compromissos assumidos e do ritmo de obras "quase normal". "Em um horizonte mais largo, continuaremos gerando caixa", diz.

O lucro líquido da Cyrela caiu 40%, no segundo trimestre, na comparação anual, para R$ 67,8 milhões. A companhia registrou impacto negativo de R$ 16 milhões decorrente de contingências judiciais. Por outro lado, o desempenho refletiu os efeitos positivos de R$ 16 milhões do resultado da Cury e de R$ 8 milhões devido à valorização de ações de Tecnisa e Cyrela Commercial Properties (CCP). A receita caiu 10,4%, para R$ 838,8 milhões. A margem bruta cresceu de 31,3% para 32,8% no trimestre. O resultado financeiro foi reduzido em 63,6%, para R$ 7 milhões.

A Moura Dubeux prevê lançar R$ 269 milhões no terceiro trimestre, começando por este mês, com apresentação de quatro projetos - dois em Recife, cidade em que a incorporadora está sediada, e os outros dois em Fortaleza. "O mercado está reagindo muito bem", diz o diretor financeiro e de relações com investidores, Marcello Dubeux.

O primeiro empreendimento tem Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 29 milhões e se destina a investidores. "Setenta por centro do produto já está reservado", diz Dubeux. Assim como esse projeto, o outro localizado em Recife tem perfil de alto padrão, com VGV de R$ 119 milhões. Os dois a serem desenvolvidos em Fortaleza tem VGVs de R$ 60 milhões e R$ 61 milhões e, respectivamente, padrões médio e médio-alto.

"Estamos muito empolgados em colocar esses projetos na rua e preparados para manter o ritmo de lançamentos, no quarto trimestre, a depender do mercado", afirma Dubeux. Segundo o executivo, se o mercado mantiver a atual velocidade de vendas e se a comercialização dos lançamentos for boa, será possível voltar à lucratividade no terceiro trimestre.

De abril a junho, o prejuízo da Moura Dubeux cresceu 64,3%, para R$ 88,8 milhões. A perda resultou da rubrica outras despesas operacionais, no total de R$ 100 milhões. Dubeux ressalta que R$ 93 milhões se referem a itens não recorrentes e que, sem essas despesas, a empresa teria obtido lucro. No trimestre, a Moura Dubeux fez a execução dos acordos de rescisões de vendas fechados em 2018 e 2019. A incorporadora registrou ajustes negativos de R$ 48,3 milhões no valor dos estoques provisionados e aumento de R$ 15,5 milhões para perdas estimadas de recebíveis. Houve perda de crédito de R$ 28,9 milhões para distratos realizados.

A receita líquida da Moura Dubeux caiu 41%, para R$ 58,1 milhões. A margem bruta foi reduzida de 30,6% para 28,2%. A companhia informou também margem bruta ajustada de 36%, ante 30,1% no mesmo intervalo de 2019.

O lucro líquido da EZTec caiu 28,3%, para R$ 68 milhões. A receita teve queda de 5,3%, para R$ 153,3 milhões. A margem bruta aumentou de 39,1% para 51,2%. A equivalência patrimonial caiu 83,1%, e o resultado financeiro líquido foi reduzido em 34,1%.

Diferentemente das outras incorporadoras, a Trisul apresentou melhora no resultado líquido, elevando o lucro em 31%, para R$ 35,58 milhões. A receita aumentou 9%, para R$ 200,2 milhões, enquanto as despesas operacionais caíram 6%, para R$ 31 milhões. A margem bruta foi reduzida de 35% para 33,1%. A Trisul reverteu o resultado financeiro para lucro de R$ R$ 829 mil.



Valor Econômico, Chiara Quintão, 14/ago