terça-feira, 14 de junho de 2022

Contas do governo registram superávit de R$ 28,5 bi em abril, maior saldo para o mês desde 2011

Resultado deveria ter sido divulgado em maio pelo Tesouro, mas foi adiado em razão da greve de servidores. Superávit acontece quando receita com tributos supera gastos do governo.

A Secretaria do Tesouro Nacional informou nesta terça-feira (14) que as contas do governo federal registraram superávit primário de R$ 28,55 bilhões em abril.

O resultado deveria ter sido divulgado no fim de maio, mas foi adiado em razão da greve de servidores do Tesouro, suspensa somente na semana passada.

O superávit primário acontece quando a arrecadação com tributos supera os gastos do governo (sem considerar o pagamento de juros da dívida pública). Quando as despesas superam as receitas, o resultado é de déficit primário.

Em abril do ano passado, segundo o Tesouro, as contas do governo registraram superávit de R$ 18,67 bilhões (valor atualizado pela inflação). A série histórica do Tesouro tem início em 1997.

O saldo positivo das contas do governo em abril foi favorecido pela arrecadação de tributos, que somou R$ 195,1 bilhões, novo recorde para o mês.

Parcial do ano e meta fiscal

Ainda segundo o Tesouro Nacional, no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram superávit primário de R$ 79,3 bilhões.

Em valores corrigidos pela inflação, o saldo positivo de janeiro a abril somou R$ 81,5 bilhões. Este foi o maior resultado para este período 2012, quando houve superávit de R$ 82,1 bilhões.

No mesmo período do ano passado, foi registrado resultado positivo de R$ 46,6 bilhões (valor corrigido pela inflação).

De acordo com o Tesouro Nacional, o cenário para as contas públicas nos quatro primeiros meses deste ano "manteve a tendência de melhora nos indicadores fiscais iniciado no ano passado".

Para o ano de 2022, o governo está autorizado a registrar déficit primário de até R$ 170,5 bilhões, conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Receitas e despesas

De acordo com o Tesouro Nacional, as receitas líquidas, ou seja, após as transferências aos estados e municípios, somaram R$ 626,9 bilhões nos quatro primeiros meses deste ano, com alta de 23,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Ao mesmo tempo, ainda de acordo com números oficiais, as despesas totais somaram R$ 547,6 bilhões no mesmo período, com crescimento de 17,1% contra o primeiro quadrimestre de 2021.

Do lado da despesa, os principais aumentos aconteceram:

Nas despesas obrigatórias com controle de fluxo (+R$ 19,9 bilhões), com destaque para a variação positiva de R$ 19,3 bilhões na rubrica "Bolsa Família e Auxílio Brasil";

Nos pagamentos de Abono Salarial e Seguro-Desemprego (+R$ 11,2 bilhões);

Nos Benefícios Previdenciários (+R$ 6,5 bilhões);

Nas despesas "livres" do governo (+ R$ 5,9 bilhões), com destaque para a Assistência Social (+ R$ 1,7 bilhão) e a Saúde (+R$ 1,6 bilhão).

Por outro lado, acrescentou o governo, houve queda nos gastos extraordinários de R$ 10,6 bilhões; menor pagamento de despesas associadas ao combate à Covid-19; e nos gastos com pessoal, em R$ 9,4 bilhões.

Segundo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, os gastos do governo com pessoal, que atingiram em 2021 a menor marca da série histórica, devem continuar caindo nos próximos anos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Alexandro Martello, G1, 14/jun