Resultado deveria ter sido divulgado em maio pelo Tesouro, mas foi adiado em razão da greve de servidores. Superávit acontece quando receita com tributos supera gastos do governo.
A Secretaria do Tesouro Nacional informou nesta terça-feira (14) que as contas do governo federal registraram superávit primário de R$ 28,55 bilhões em abril.
O resultado deveria ter sido divulgado no fim de maio, mas foi adiado em razão da greve de servidores do Tesouro, suspensa somente na semana passada.
O superávit primário acontece quando a arrecadação com tributos supera os gastos do governo (sem considerar o pagamento de juros da dívida pública). Quando as despesas superam as receitas, o resultado é de déficit primário.
Em abril do ano passado, segundo o Tesouro, as contas do governo registraram superávit de R$ 18,67 bilhões (valor atualizado pela inflação). A série histórica do Tesouro tem início em 1997.
O saldo positivo das contas do governo em abril foi favorecido pela arrecadação de tributos, que somou R$ 195,1 bilhões, novo recorde para o mês.
Parcial do ano e meta fiscal
Ainda segundo o Tesouro Nacional, no acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram superávit primário de R$ 79,3 bilhões.
Em valores corrigidos pela inflação, o saldo positivo de janeiro a abril somou R$ 81,5 bilhões. Este foi o maior resultado para este período 2012, quando houve superávit de R$ 82,1 bilhões.
No mesmo período do ano passado, foi registrado resultado positivo de R$ 46,6 bilhões (valor corrigido pela inflação).
De acordo com o Tesouro Nacional, o cenário para as contas públicas nos quatro primeiros meses deste ano "manteve a tendência de melhora nos indicadores fiscais iniciado no ano passado".
Para o ano de 2022, o governo está autorizado a registrar déficit primário de até R$ 170,5 bilhões, conforme a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Receitas e despesas
De acordo com o Tesouro Nacional, as receitas líquidas, ou seja, após as transferências aos estados e municípios, somaram R$ 626,9 bilhões nos quatro primeiros meses deste ano, com alta de 23,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Ao mesmo tempo, ainda de acordo com números oficiais, as despesas totais somaram R$ 547,6 bilhões no mesmo período, com crescimento de 17,1% contra o primeiro quadrimestre de 2021.
Do lado da despesa, os principais aumentos aconteceram:
Nas despesas obrigatórias com controle de fluxo (+R$ 19,9 bilhões), com destaque para a variação positiva de R$ 19,3 bilhões na rubrica "Bolsa Família e Auxílio Brasil";
Nos pagamentos de Abono Salarial e Seguro-Desemprego (+R$ 11,2 bilhões);
Nos Benefícios Previdenciários (+R$ 6,5 bilhões);
Nas despesas "livres" do governo (+ R$ 5,9 bilhões), com destaque para a Assistência Social (+ R$ 1,7 bilhão) e a Saúde (+R$ 1,6 bilhão).
Por outro lado, acrescentou o governo, houve queda nos gastos extraordinários de R$ 10,6 bilhões; menor pagamento de despesas associadas ao combate à Covid-19; e nos gastos com pessoal, em R$ 9,4 bilhões.
Segundo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, os gastos do governo com pessoal, que atingiram em 2021 a menor marca da série histórica, devem continuar caindo nos próximos anos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
Alexandro Martello, G1, 14/jun