terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Dólar opera com volatilidade, com mercado repercutindo política monetária no Brasil e EUA

Na segunda-feira, a moeda norte-americana fechou com alta de 0,49%, vendida a R$ 5,1726. Durante o dia, porém, a cotação chegou a passar de R$ 5,20.

O dólar abriu em baixa nesta terça-feira (07), com investidores repercutindo a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã, mas inverteu o sinal e passou a subir.

Pesam sobre o mercado as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central do Brasil na véspera e as expectativas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central americano)

Às 12h19, a moeda norte-americana subia 0,52%, cotada a R$ 5,1996. No começo da manhã, porém, a queda era mais acentuada. Veja mais cotações.

No dia anterior, o dólar teve alta de 0,49% e fechou vendido a R$ 5,1726, mas chegou a bater R$ 5,21 no decorrer do pregão. Com o resultado, acumula alta de 1,96% no mês. No ano, no entanto, ainda tem perda de 2%.

O que está mexendo com os mercados?

Nesta manhã, o Copom divulgou a ata de sua última reunião, sinalizando cautela com o percurso inflacionário no Brasil.

O Comitê afirmou que houve uma piora das expectativas de inflação de prazos mais longos e acrescentou que permanecerá "vigilante" para buscar as metas fixadas, podendo manter os juros altos por um período "mais prolongado" do que o previsto anteriormente, ou até mesmo elevá-los.

Juros mais altos no Brasil aumentam a rentabilidade dos títulos de renda fixa nacionais, o que atrai capital estrangeiro para o país e valoriza o real em detrimento do dólar e moedas de outras divisas.

Ontem, o presidente Lula se posicionou contra as últimas decisões do Banco Central e disse "que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira".

Durante evento de posse de Aloizio Mercadante como novo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula disse que o Brasil tem uma "cultura" de juros altos que "não combina com a necessidade de crescimento" do país e criticou a decisão do Copom de manter a Selic, taxa básica de juros, em 13,75% ao ano na última semana.

Já nos Estados Unidos, investidores aguardam discurso do presidente do Fed, Jerome Powell. "A fala de Powell será importante para o mercado calibrar as expectativas, após dados econômicos na última sexta-feira (03), como o relatório payroll (relatório de empregos), mostrarem que a atividade econômica americana segue acelerada", afirma a equipe de análise do BTG Pactual.

O Federal Reserve (BC dos EUA) elevou na semana passada a meta de taxa de juros em 0,25 ponto percentual, uma alta menor que as anteriores. Mas o último relatório de empregos nos Estados Unidos, com resultados fortes e acima do esperado, renovou as preocupações sobre o patamar de juros necessários para trazer a inflação do país de volta para a meta.

Dados do Departamento do Trabalho dos EUA divulgados na sexta-feira mostraram que a criação de empregos no país acelerou em janeiro, com abertura de 517.000 postos de trabalho fora do setor agrícola e a taxa de desemprego caindo para 3,4%, menor nível em 53 anos e meio.

Juros mais altos nos Estados Unidos elevam a rentabilidade dos títulos públicos daquele país, considerados os mais seguros do mundo. Com retornos mais atrativos, investidores tendem a migrar para a renda fixa americana, o que pode impactar negativamente os ativos de risco, como as moedas de países emergentes e os mercados de ações.

G1, 07/fev