sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Investimento estrangeiro direto soma US$ 6,9 bilhões em janeiro, maior para o mês em cinco anos

Ao mesmo tempo, rombo nas contas externas totaliza US$ 8,8 bilhões em janeiro, com queda frente ao mesmo mês de 2022. Gasto de brasileiros no exterior foi o maior desde janeiro de 2020. Informações foram divulgadas nesta sexta-feira pelo Banco Central.

Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira totalizaram US$ 6,9 bilhões em janeiro deste ano, informou nesta sexta-feira (24) o Banco Central.

Houve aumento na comparação com mesmo mês do ano passado, quando os investimentos totalizaram US$ 5,1 bilhões. Esse também foi o maior patamar, para meses de janeiro, desde 2018 (US$ 8,3 bilhões), ou seja, em cinco anos.

De acordo com o Banco Central, o investimento estrangeiro direto somou US$ 92,3 bilhões em doze meses até janeiro deste ano (4,78% do PIB), contra US$ 48,1 bilhões (2,91% do PIB) em doze meses até janeiro de 2022.

A entrada de investimentos no país está relacionada com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) — apesar da desaceleração que vem sendo registrada por conta da alta dos juros básicos da economia.

O ingresso de recursos por essa modalidade revela que os estrangeiros estão realizando investimentos produtivos no país, o que denota confiança na economia brasileira.

- Banco Central estima uma entrada de US$ 75 bilhões em investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira neste ano.

Rombo nas contas externas

Ao mesmo tempo, ainda segundo dados do BC, as contas externas do país registraram um déficit de US$ 8,8 bilhões no primeiro mês deste ano. Isso representa uma queda na comparação com janeiro de 2022 — quando o rombo somou US$ US$ 9,4 bilhões.

O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).

De acordo com o BC, a queda no déficit das contas externas em janeiro está relacionada, principalmente, a uma melhora na balança comercial, que registrou superávit no primeiro mês deste ano (contra um resultado negativo em janeiro de 2022).

A conta de serviços (que inclui viagens ao exterior), por sua vez, apresentou resultado negativo parecido com o ano passado, enquanto a conta de rendas (remessas feitas por multinacionais) teve um aumento no rombo em janeiro deste ano.

- Banco Central projeta um rombo de US$ 49 bilhões nas contas externas neste ano.

Gastos de brasileiros no exterior

Já os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,25 bilhão em janeiro deste ano, quase o dobro do registrado no primeiro mês de 2022 (US$ 690 milhões).

Esse também foi o maior valor para um mês desde janeiro de 2020, pouco antes da eclosão da pandemia da Covid-19, quando as despesas lá fora somaram US$ 1,44 bilhão.

Apesar da melhora, as despesas de brasileiros lá fora ainda não retomaram um patamar de normalidade. Entre 2017 e 2019, por exemplo, a média mensal de despesas foi de US$ 1,52 bilhão.

Além da pandemia, as despesas de brasileiros no exterior também são influenciadas por outros fatores, como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.

Em 2022, a moeda norte-americana fechou em queda de 5,3%, cotada a R$ 5,2780. Apesar disso, ainda permaneceu bem acima do patamar de 2019 - terminou aquele ano em R$ 4,0098. Nesta sexta-feira, o dólar operava em R$ 5,16 às 10h. Veja mais cotações

Já o nível de atividade está em desaceleração com a alta do juro básico da economia (atualmente em 13,75% ao ano, maior nível em seis anos). A projeção do mercado é de uma alta do PIB de 3% no ano passado, contra uma expansão de 5% em 2021.

Alexandro Martello, g1, 24/fev