quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Juros elevados: Crédito imobiliário tem nova queda em 2022, diz Abecip

Empréstimos feitos com recursos da poupança e FGTS somaram R$ 240,8 bilhões, queda de 5% em relação a 2021.

Os financiamentos imobiliários com a caderneta da poupança, a principal fonte de recursos do setor, somaram R$ 179,2 bilhões em 2022, uma queda de 12,8% em relação ao observado no ano anterior. Em dezembro, esse número foi de R$ 14 bilhões – nesse caso, o recuo foi de 16,4% em comparação ao mesmo mês de 2021. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (2) pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

Somando os empréstimos feitos com recursos do FGTS, o setor concedeu R$ 240,8 bilhões em crédito imobiliário no ano passado. Apesar de o número representar uma retração de 5% em comparação a 2021, ele ainda marca o segundo melhor desempenho da série histórica da associação.

De acordo com o presidente da Abecip, José Ramos Rocha Neto, o movimento reflete o patamar elevado das taxas de juros do país e a tendência de queda para o setor deve continuar neste ano.

Dados de projeções da Abecip, por exemplo, apontam para uma retração de 8% no total de financiamentos do setor neste ano, para R$ 221 bilhões. Na abertura dos dados, a previsão é de uma queda de 13% dos empréstimos feitos com recursos da poupança, para R$ R$ 156 bilhões. Na contramão, a expectativa para as concessões de crédito feitas com recursos do FGTS é de uma alta de 5% em 2023, para R$ 65 bilhões.

“Estamos com uma inflação muito acima da meta e isso provavelmente vai continuar em 2023 e, com isso, as taxas de juros deverão se manter em patamares considerados altos. Mas acreditamos que [o saldo da] poupança continuará resiliente. Podemos ter no final de 2023 uma poupança que se manterá estável ou com ligeira queda, mas com um saldo maior do que os R$ 658 bilhões, vistos no final de 2020”, afirmou Rocha. Em 2022, o saldo total da caderneta ficou em R$ 764 bilhões - queda de 3,3% em comparação a 2021.

Além disso, outro fator que ajuda a explicar o aumento das taxas é o custo das linhas de crédito imobiliário para as instituições financeiras. Segundo Rocha, os bancos que atuam no SBPE já estão aplicando mais recursos no crédito imobiliário do que o percentual obrigatório de 65% de uso do saldo da poupança.

"Por isso também as taxas começaram também a subir, porque um pedaço desse aumento é composto pelo LCI, LIG e pelo próprio CDI, que estão ligados ao custo do dinheiro", diz o executivo, completando que mesmo que o Banco Central corte a taxa básica de juros (Selic) neste ano, as taxas do crédito imobiliário devem continuar em patamares elevados, podendo até ter ovas elevações.

Isabela Bolzani, G1, 02/fev