segunda-feira, 23 de março de 2015

Bairros planejados ganham espaço no País


De olho em iniciativas internacionais que buscam integrar moradia, trabalho e lazer em ambientes sustentáveis, ganham espaço no País empreendimentos que pretendem ser bairros planejados. Localizados em grandes terrenos na área metropolitana, esses projetos, que vêm chamando a atenção de incorporadoras e empresas de urbanismo, concentram prédios residenciais, comerciais, lojas e parques, além de dispor de sistemas para economia de água, energia e reciclagem.

Tendências urbanísticas e perspectivas para o mercado imobiliário, tais como os bairros planejados, serão alguns dos temas abordados no 1.º Summit Imobiliário Brasil 2015, evento promovido pelo Estado e pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) no dia 14 de abril, no hotel Grand Hyatt, em São Paulo.

Um dos palestrantes será o professor brasileiro Soleiman Dias, diretor da Chadwick Internacional, na Coreia do Sul, que apresentará o projeto do icônico Songdo, conhecido como o maior empreendimento sustentável do mundo.

Com um investimento de US$ 35 bilhões, o projeto prevê a construção de uma grande comunidade a 65 quilômetros de Seul, que contará com 80 mil apartamentos e 46 milhões de metros quadrados de escritórios, além de controle inteligente de tráfego, internet wireless, 40% de áreas verdes, programas de reciclagem e uso consciente de água e energia.

O Brasil ainda não possui uma cidade completamente planejada e integrada como o desenho coreano, porém já começa a ensaiar seus primeiros passos no modelo.

Um desses empreendimentos, iniciado em 2012, é o Parque da Cidade, um terreno de 80 mil metros quadrados na região da Chucri Zaidan, zona sul de São Paulo. O projeto da Odebrecht Realizações Imobiliárias, com valor geral de venda de R$ 4 bilhões, é composto por dez edificações, sendo cinco torres corporativas, uma de escritórios, duas residenciais, um shopping e um hotel. Em setembro, serão entregues a torre de escritórios e uma das torres comerciais. Os prédios residenciais começarão a ser vendidos no ano que vem.

"Queríamos implementar o conceito de cidade compacta: facilitar a vida do usuário provendo serviço, trabalho, entretenimento e lazer no mesmo lugar", afirma Saulo Nunes, diretor de incorporação da Odebrecht Realizações Imobiliárias. Para isso, a equipe contratou uma consultoria inglesa e viajou a Londres, Amsterdã, Sydney e outras cidades para estudar modelos bem-sucedidos.

"Além da comodidade, temos um plano de sustentabilidade na parte ambiental - vamos economizar 50% de água do empreendimento, com reúso de água e sistema de esgotamento de avião", diz Nunes. O sistema do parque também prevê economia de 20% de energia e reciclagem de 50% dos 10 mil quilos de resíduos esperados por dia.

Nunes observa também que complexos planejados, ao contrário do que pode parecer, não tendem a causar isolamento. "Não haverá muros, será um espaço aberto. Não queremos fechar os nossos usuários dentro do condomínio. O nosso maior desafio é até mesmo trazer gente fora do horário comercial, à noite ou no fim de semana, para usufruir das opções de lazer e entretenimento que o Parque pode oferecer", diz.

Outro empreendimento, o Jardim das Perdizes, da Tecnisa, terá, em um terreno de 250 mil metros quadrados, com cerca de 30 torres residenciais e comerciais, um hotel e um parque público. O valor geral de vendas anunciado é de R$ 6,4 bilhões.

"O bairro planejado tem uma função importante no desenvolvimento do tecido urbano", diz Cláudio Bernardes, presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP). Ele ressalta, no entanto, que é preciso ir além do bairro planejado e pensar também no projeto urbanístico da cidade. "Como a cidade já cresceu e não temos muitas áreas livres, temos de procurar estabelecer induções legais para a ocupação planejada das áreas já existentes, além de implementar componentes do bairro planejado na revitalização de determinadas áreas da cidade", diz.



O Estado de São Paulo, 21/mar