quarta-feira, 11 de março de 2015

Sistema holandês de limpeza


A Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) assinou ontem, com o governo holandês, um memorando de entendimento para adoção do sistema de monitoramento de resíduos sólidos flutuantes, que otimizará o recolhimento de lixo nas águas da Baía de Guanabara. A subsecretária Executiva e de Economia Verde da Secretaria de Estado do Ambiente, Isaura Frega, assinou o termo com o cônsul geral da Holanda, Arjen Uijterlinde, que permitirá a troca de experiências para a gestão de resíduos sólidos que chegam até às águas da baía. O governo holandês também formalizou a doação ao estado, por dois anos, do sistema Deltares, instrumento que ajudará na previsão da movimentação de detritos flutuantes, otimizando, a operação dos ecoBarcos, que atuam na limpeza do espelho d'água.

Durante o workshop Rio e Holanda: Troca de experiências para o saneamento da Baía de Guanabara, representantes de empresas privadas holandesas, envolvidas com projetos de sustentabilidade, apresentaram soluções para a coleta e o tratamento de resíduos para beneficiar as águas da baía.

Segundo o técnico do Instituto Deltares, João Lima, o sistema prevê a movimentação de resíduos flutuantes, com até quatro dias de antecedência, de acordo com uma série de variantes, como correntes marítimas, marés e condições meteorológicas. O programa é baseado num modelo numérico que vem sendo desenvolvido por meio de um cruzamento de informações do Programa de Saneamento Ambiental da Baía de Guanabara (PSAM), da SEA, do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Ainda de acordo com o técnico, o software está sendo aprimorado para incluir outras variantes, como o aumento de vazão dos rios com as chuvas e o deslocamento de diferentes tipos de lixo flutuante. Isaura Frega lembrou a responsabilidade dos 15 municípios do entorno da baía nesse processo de limpeza.

"Devemos pensar em não sujar a Baía de Guanabara, não investir tantos recursos em limpeza, depois que a baía já está suja. A experiência holandesa pode contribuir para esta mudança de paradigma. Quando a gente pensa na questão do lixo, não adianta pensar em limpar a baía, mas, pensar em não sujar", afirmou.

Um dos presentes na mesa, o vice-prefeito de Niterói, Axel Grael, enfatizou a importância de se aproveitar a visibilidade da Baía de Guanabara e avançar em medidas de curto prazo para as olimpíadas e, também, em se consolidar uma agenda pós Jogos Rio 2016.

"É agora o momento de se garantir, de se estabelecer os compromissos para o pós-olimpíadas. Temos um ambiente bastante favorável para que se construa esse pacto e que vá além dos jogos olímpicos. Não podemos deixar que o esforço agora, seja um esforço apenas curativo, um esforço de improviso, e que a gente construa o legado que é possível construir ainda neste prazo", disse.

Depois do seminário a comitiva holandesa e os técnicos da SEA e do INEA aproveitaram para percorrer um trecho da Baía de Guanabara, a bordo de uma das barcas que fazem a travessia Rio-Niterói.



Jornal do Commercio, 11/mar