quinta-feira, 5 de março de 2015

Eles resistiram ao tempo


As cidades mais aprazíveis do mundo são aquelas que progridem, crescem e se transformam sem destruir seus ícones históricos. Nesse aspecto, o Rio está muito bem servido. Apesar das mudanças urbanísticas dos últimos anos, alguns clássicos cariocas resistiram ao tempo. Fundada em 1894, a Confeitaria Colombo, no centro, continua servindo doces artesanais em um ambiente decorado com espelhos de cristal belga e vitrais franceses. O mais antigo garçom da casa, Orlando Duque, com 63 anos de seus 77 de vida dedicados ao local, atendeu três presidentes (entre eles, Getúlio Vargas) e incontáveis personalidades (como a rainha da Inglaterra). "Se eu parar, eu morro", diz.

Alguns endereços são ainda mais longevos. É o caso da farmácia Granado, que mantém a sua primeira casa aberta até hoje, na avenida 1º de Março, no centro. Ela foi criada em 1870 pelo português José Antônio Granado sob o nome Pharmácia Oficial da Família Real Brasileira, título dado por dom Pedro II. Brasileiros ilustres estiveram de alguma forma ligados ao estabelecimento, como o sanitarista Oswaldo Cruz, que avalizou a fórmula do Polvilho Antisséptico, o produto mais antigo da Granado.

Na área cultural, não faltam preciosidades. O Teatro João Caetano está fincado na praça Tiradentes, no centro, desde 1813. Ao contrário do que os turistas e muitos cariocas pensam, ele é anterior ao famoso Theatro Municipal, que só começou a ser erguido quase um século depois, em 1905. A boemia também tem história para contar. O Bar Luiz, na Lapa, comemora 128 anos em 2015. Refúgio de figuras como o compositor Ary Barroso, o local é tombado pelo patrimônio histórico nacional. O Rio é hoje uma cidade moderna e pulsante, mas sua memória continua mais viva do que nunca.



Istoé, 05/mar