terça-feira, 3 de março de 2015

Despoluição da Baía de Guanabara a todo vapor


Com 49% da despoluição da Baía de Guanabara já concluída, é possível notar melhora na qualidade das águas, segundo a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). O órgão destaca que os expressivos investimentos em saneamento básico nos últimos anos resultaram na redução do esgoto despejado na Baía. Novos investimentos em saneamento também estão sendo previstos e vão acontecer através de Parcerias Público-Privadas (PPPs). 

"As ações da Secretaria que constam no compromisso olímpico são a construção de obras de saneamento no Centro do Rio (Cidade Nova e Canal do Mangue), a operação de embarcações para a retirada de lixo da baía e ampliação do sistema de ecobarreiras de contenção de resíduos sólidos", informou o órgão, por meio de nota.

O professor Abílio Soares Gomes, do departamento de Biologia Marinha e do programa de pós-graduação em Dinâmica dos Oceanos e da Terra da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisa as ações que o Governo do Estado vem realizando para atingir a meta de redução de 80% da poluição na baía.

"As ecobarreiras são medidas paliativas, mas são importantes. A despoluição deve começar com a redução, ao máximo, da carga de poluentes do local, como já vem sendo feito pelo Governo", confirma.

O professor explica que os poluentes têm diversas origens, além do despejo de esgoto, e que devem ser tomadas ações em diferentes áreas.

"É importante também uma coleta de lixo eficiente para que, principalmente, os moradores dos bairros mais carentes não joguem lixo em rios ou encostas", esclarece.

O professor demonstra preocupação em relação a saúde dos atletas que vão participar das provas no local. 

"Dentro da porcentagem atual é possível que os atletas pratiquem as provas no local. Entrar na água, velejar, e até cair do barco tem uma possibilidade bem pequena de contrair doenças, exceto se o atleta cair dentro do esgoto. Além disso, os locais onde acontecerão as  provas são lugares  onde as águas correm mais", pontua Abílio, alertando que o lixo flutuante pode atrapalhar a navegação dos barcos.

A SEA garantiu que "está fazendo um levantamento sobre o  que já foi executado pelo programa de despoluição da Baía de Guanabara para que o planejamento das ações seja readequado".

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, admitiu essa semana que, mesmo não chegando à meta de 80%, a despoluição será o legado dos Jogos Olímpicos de 2016. Ele destacou que, antes do projeto, apenas 17% das águas eram consideradas limpas. O aumento para 49% foi apresentado ao Comitê Olímpico Internacional (COI) como um avanço.

Entre as obras em licitação, o governador destacou a Estação de Tratamento de São Gonçalo.

Monitoramento - Ainda de acordo com a SEA, para o circuito das provas na Baía de Guanabara, do Pão de Açúcar até a Ponte Rio-Niterói, a Baía apresenta índices de balneabilidade compatíveis com os padrões internacionais e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que realiza o monitoramento periódico de suas águas. 

"O limite na resolução 357/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de coliformes fecais para o contato secundário (contato indireto com a água, como é o caso das provas olímpicas de vela) é de 2500NMP/100mL, enquanto que para contato primário (banho) é de 1000NMP/100mL", informa a Secretaria, garantindo que o local não chega a esses índices.

As raias se apresentam quase em sua totalidade com resultados satisfatórios para as provas olímpicas, com exceção do ponto na Marina da Glória, de acordo com a SEA. No local será construída uma galeria de cintura para resguardar de forma permanente a qualidade das águas. O objetivo é coletar o esgoto lançado eventualmente nas galerias pluviais que deságuam na Marina da Glória.



O Fluminense, 02/mar