quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Desembolsos do BNDES somam R$ 45 bi no ano, queda de 19%


O BNDES emprestou R$ 45 bilhões entre janeiro e agosto, uma queda de 19% frente ao mesmo período do ano passado, informou ontem o banco. Segundo a instituição, o recuo nos desembolsos ainda reflete "um cenário econômico mais crítico". O volume desembolsado é o pior, considerando apenas o acumulado até agosto, desde 2003, quando, os empréstimos somaram R$ 38,1 bilhões. No mês, as operações chegaram a R$ 4,7 bilhões, queda de 33,1% frente ao mesmo mês do ano passado, o menor valor desde fevereiro de 2007 (R$ 4,303 bilhões).

No acumulado do ano, a maior queda no volume de desembolsos foi registrada na indústria, que tomou R$ 10,2 bilhões emprestados - recuo de 22,7% em relação ao mesmo período de 2016. Já os desembolsos para o setor de comércio e serviços caíram 17%, para R$ 9,6 bilhões, enquanto aqueles para projetos de infraestrutura encolheram 2%, chegando a R$ 15,8 bilhões. Só o setor agropecuário, destaque da atividade econômica por causa da safra recorde, registrou aumento de empréstimos: entre janeiro e agosto, o volume ficou em R$ 9,2 bilhões, alta de 9% frente aos oito primeiros meses do ano passado.

NÚMERO REFLETE O PASSADO

Por região, o maior tombo foi registrado no Sudeste, onde os desembolsos recuaram 36%, para R$ 16,8 bilhões, sempre no acumulado entre janeiro e agosto. Em contrapartida, as empresas da região Centro-Oeste tomaram R$ 5,3 bilhões em empréstimos, uma alta de 21% frente ao mesmo período de 2016.

Segundo Tiago Soeiro, chefe do departamento de políticas operacionais e informação do BNDES, os números refletem ainda o desempenho de anos anteriores, quando as empresas sentiam mais fortemente a recessão.

- O desembolso traz muito do histórico do banco. São operações contratadas no passado que vão sendo desembolsadas. Tem operações que, depois de contratadas, ficam três, quatro anos, desembolsando - explica.

Na avaliação de Soeiro, já há sinais de estabilização. As consultas - que funcionam como uma espécie de antecedente do desempenho dos empréstimos - já começaram a se estabilizar. Em agosto, no acumulado em 12 meses, ficaram em R$ 102,7 bilhões, patamar semelhante a abril, quando as quedas passaram a ficar menos intensas.

Soeiro não sabe precisar quando os desembolsos retornarão ao patamar pré-crise - entre janeiro e agosto de 2014, chegaram a R$ 139 bilhões, em valores reais. Mas avalia que é possível esperar recuperação:

- A consulta está se estabilizando no patamar de R$ 100 bilhões por ano. Essa estabilidade significa que a tendência é que, a partir de agora, cresça.



O Globo, Marcello Corrêa, 20/set