A conta do aumento da criminalidade no Brasil nos últimos 20 anos é alta: o país perdeu mais de R$ 450 bilhões em capacidade produtiva de 1996 a 2015, segundo estudo lançado ontem pelo governo federal. Intitulado "Custos econômicos da criminalidade no Brasil", o documento apresenta dados do impacto socioeconômico do crime, cujo número mais recente mostra que a violência consome aproximadamente 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Apesar dos aumentos reais dos gastos públicos com a Segurança, o retorno social é limitado. No período analisado, o número de homicídios no país subiu de 35 mil, em 1996, para 54 mil casos em 2015.
- O estudo que foi apresentado traz a realidade dos últimos 20 anos, o quanto o Estado brasileiro canalizou de forma equivocada e perdeu produtividade socioeconômica. A função desse estudo, e nosso grande objetivo, é que se mude a topografia desses dados nos próximos 20 anos - disse Hussein Kalout, secretário de Assuntos Estratégicos do governo Michel Temer.
O relatório divulgado no Palácio do Planalto mostra que a maioria das vítimas de homicídios no país é de jovens e negros. Desde 1996, mais de 90% dos homicídios vitimaram homens, e mais de 70% foram de pessoas com até 34 anos. Já as comparações de cor de pele começaram a ser catalogadas de forma mais organizada a partir de 2000, diz o documento. A proporção de negros entre as vítimas de homicídios saltou de 55%, no ano 2000, para 75% em 2015.
Ainda segundo o estudo, o Brasil concentra 14% de todos os homicídios do mundo, apesar de ter população equivalente a apenas 3% do total mundial. Além disso, o Brasil integra o grupo dos 10% de países com as mais elevadas taxas de homicídio. Acompanham o Brasil no topo desta lista países como Ruanda, República Dominicana, África do Sul e República Democrática do Congo. Considerando apenas os países do continente, o Brasil é o que tem maior taxa de homicídio.
SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA
Também ontem, Temer sancionou a lei que cria o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). O texto, aprovado por Câmara e Senado, estabelece diretrizes para a atuação de órgãos de Segurança federais, estaduais e municipais. Farão parte do sistema, por exemplo, a Polícia Federal e as polícias civis e militares. As ações e metas do Susp serão definidas pela União num plano nacional que deve ficar pronto até o fim do ano.