segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Investimento em imóveis tem alta
Com a crise provocada pela pandemia, muitos imóveis tiveram o valor de venda reduzido. Essa foi uma das alternativas encontradas por imobiliárias de todo o país para manter o mercado aquecido. Após os novos cortes na taxa Selic, medida tomada pelo Banco Central, aos poucos o setor retoma suas operações. Segundo os dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), houve um aumento de 6,7% no número de unidades vendidas no primeiro trimestre deste ano, o que representa um volume de 29,2 mil imóveis comercializados no período.
Em muitos casos, é comum que os compradores estejam interessados em viver de renda fixa, por meio da locação, como revela o Raio-X FipeZap. Segundo o último levantamento, até o primeiro trimestre de 2020, o interesse das pessoas em adquirir imóveis como forma de investimento havia se mantido em 44% em 12 meses.
"Realmente é um investimento muito mais seguro em relação a outros tipos de aplicação. Aliás, esse é um bom momento para quem pretende iniciar neste segmento. Porém, é preciso estar atento a fatores importantes como a localização dos imóveis e a possibilidade de valorização futuramente", explica Sérgio Mendes, proprietário da Sérgio Mendes Imobiliária.
Ainda segundo o profissional, que atua há 58 anos no setor, neste momento, uma das regiões que merecem atenção por parte do comprador é a Zona da Leopoldina. "Bairros como Bonsucesso e Olaria são excelentes opções. São áreas bastante procuradas, justamente pelo fácil acesso ao Centro além de ter comércio farto e muitas opções de transporte", afirma Mendes. O empresário destaca outro ponto importante que deve ser levado em conta pelo futuro investidor. "Este tipo de operação só vale à pena se a pessoa tiver a convicção que não vai residir no imóvel", conclui.
A busca por imóveis comerciais e galpões também vem sendo retomada, porém num ritmo ainda menor. De qualquer forma, de acordo com especialistas, em média um proprietário de escritório, loja ou galpão recolhe renda de 9,6% ao ano com a locação de cada unidade.
Atenção redobrada para o risco de vacância
À medida que outras formas de aplicação incluem uma grande volatilidade, o setor imobiliário se mantém estável. Neste cenário, uma dica importante é estar atento ao risco de vacância, que é quando o imóvel fica desocupado por muito tempo.
Outra observação, é que no Brasil, os contratos de aluguel são reajustados tradicionalmente pelo INCC ou pelo IGP-M, dois índices de inflação. Isso significa que a cada ano o valor pago pelo inquilino subirá na mesma proporção que o preço das coisas também subirem. As taxas também podem resultar em um novo reajuste ao final do contrato.
O Dia, Economia, 30/ago
sexta-feira, 28 de agosto de 2020
Guedes lançará pacote para agilizar concessão de alvarás para construção civil
Paulo Guedes lançará um pacote para agilizar a concessão de licenças para a construção civil. A medida será uma das ações que o governo planeja para dar um choque na construção civil e será anunciada no âmbito do novo pacote econômico que é preparado para alavancar a economia.
A intenção do ministro é criar incentivos a estados e municípios que flexibilizarem a regulamentação e facilitarem o processo de obtenção de alvarás para construção no Brasil.
Outra ideia é criar um portal único em que o construtor dos estados e cidades que tenham aderido ao programa possa tirar todas as licenças para uma obra de uma vez. Segundo o Ministério da Economia, um construtor precisa de 10 a 20 licenças para começar uma obra.
Época, Guilherme Amado, 27/ago
terça-feira, 25 de agosto de 2020
Vendas a distância: um método paliativo que vai virar definitivo
A pandemia forçou o tradicional mercado imobiliário a se reinventar e, com estandes e corretoras fechadas, focar em vendas a distância. Agora, o caminho da venda dos imóveis na planta não voltará mais ao modelo analógico. De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), 90,48% das construtoras pretendem manter o modelo de vendas online.
Segundo dados da associação, as vendas de imóveis novos tiveram alta de 2,7% em maio na comparação com o mesmo período no ano passado. Além da facilidade do modelo on-line, Paulo Porto, professor da FGV, salienta que as taxas de juros estão em um patamar muito baixo (Selic a 2%), e os bancos estão abertos a fornecer crédito para a compra de imóveis. Tudo isso cria um cenário favorável para as compras. Segundo dados da Abecip, foram liberados em junho R$ 9,27 bilhões, volume que torna o mês o mais aquecido desde janeiro de 2015.
"Para quem tem emprego e/ou uma renda fixa, a compra de imóveis está sendo mais rentável do que outros investimentos. E para quem não tem todo o dinheiro do imóvel, as taxas de crédito imobiliário estão muito baixas", salienta.
De acordo com o presidente da Abrainc, Luiz França, as vendas digitais aconteceram tanto no mercado do programa Minha Casa Minha Vida quanto nos de médio e alto padrão. Segundo a associação, os empreendimentos MCMV fecharam maio com aumento de 19,5% nas vendas.
A construtora MRV, por exemplo, lançou a plataforma digital de vendas em janeiro somente para Belo Horizonte. Com o avanço do coronavírus, acelerou o processo e expandiu o acesso para as mais de 160 cidades. O cliente pode simular o crédito, negociar a proposta e fazer a assinatura do contrato digital.
"No segundo trimestre, foram 11.479 unidades vendidas, 37,4% a mais do que o mesmo período de 2019", explica Leonardo Tocci, diretor comercial da MRV no Rio.
Antes da pandemia, a Martinelli Imóveis já fazia alguns atendimentos online, mas a compra efetivamente era fechada presencialmente.
"Tivemos que nos adaptar, oferecendo a possibilidade de fechar a compra 100% a distância graças à assinatura digital. O modelo funcionou muito bem tanto para quem mora no Brasil quanto para brasileiros no exterior", afirma o diretor André Moreira.
A Novolar, do Grupo Patrimar, também implementou a assinatura de contratos online. Assim, o processo de venda pode ser praticamente todo virtual. Na semana passada, a mesma empresa lançou o Villaggio Florença, empreendimento do Minha Casa Minha Vida nas faixas 1,5 e 2, em Santa Cruz.
"O cliente tem a possibilidade de entrar no site, conhecer o empreendimento completo (áreas comuns e apartamentos) por meio do tour virtual e receber atendimento pelo WhatsApp do início do relacionamento até a venda. Temos inúmeros clientes que compraram neste período sem sequer visitarem fisicamente o estande de vendas ou o apartamento decorado" explica Lucas Couto, diretor comercial e de marketing da Patrimar.
O Globo, Ana Carolina Diniz, 23/ago
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Com renda fixa em baixa, imóvel volta a ser opção de investimento
A taxa básica de juros está em 2% ao ano, menor patamar da história, e reduziu drasticamente a rentabilidade de aplicações em renda fixa. Com isso, imóveis voltaram a ser uma alternativa de investimento.
O negócio é vantajoso para aqueles que querem conservar o patrimônio. Porém, não estão dispostos arriscar na Bolsa ou em fundos de renda variável.
Economistas e consultores de finanças afirmaram que, nos últimos anos, o mercado imobiliário não era a melhor aplicação e muitos pregaram, inclusive, que, na ponta do lápis, valia a pena vender a casa própria e morar de aluguel para aplicar em renda fixa.
"Isso porque a rentabilidade com aluguel não chegava ao que se ganhava na renda fixa, com juros a mais de 14% ao ano. Fora a dor de cabeça. A situação dos aluguéis não mudou, a conjuntura econômica e essa comparação é que agora são diferentes", disse Alberto Ajzental, coordenador do curso de desenvolvimento de negócios imobiliários da FGV.
O cenário mudou e a tendência agora é de crescimento do segmento. Em momentos de crise, quando outros ativos mostram volatilidade, o preço dos imóveis é pouco afetado.
Além disso, os juros baixos incentivam aqueles que querem financiar a moradia, o que também favorece a retomada do mercado imobiliário.
A caderneta de poupança, por exemplo, rende a TR (Taxa Referencial), hoje zerada, mais 70% da Selic, que está em 2% ao ano.
A regra prevê que, quando a taxa básica de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança será 0,50% ao mês, mais TR. Caso a taxa Selic esteja menor ou igual a 8,5% ao ano, o investimento é remunerado a 70% da Selic, acrescida da TR.
"Hoje, com a Selic a 2% ao ano, o mercado imobiliário é beneficiado nas duas pontas, para quem quer retirar recursos da renda fixa para investir e para quem quer financiar a casa própria", disse o especialista.
Segundo simulação de Ajzental, a cada 1 ponto percentual de redução na taxa de juros, 1 milhão de famílias se tornam elegíveis para o financiamento imobiliário.
"Essa redução faz com que o valor das parcelas caiam. A avaliação do banco é feita com base no nível de comprometimento de renda do tomador e isso faz com que pessoas que ganham menos consigam financiar um imóvel de maior valor, que antes ela não podia", afirmou.
Segundo a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a tendência é que a renda do aluguel supere os ganhos com aplicações em renda fixa e a valorização dos ativos reais (imóveis) costuma aumentar com juros baixos.
Cálculos da entidade mostram que os ganhos acumulados em 12 meses com aluguel, que foi de 5,15% em maio, superam em 128% a Selic e 226% o rendimento da poupança. A valorização dos imóveis foi de 9% no período, 302% a mais do que a Selic e 474% a mais do que a poupança.
A conta foi feita ainda com a taxa básica de juros a 2,25% e dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) de variação da renda com aluguel e valorização de imóveis.
Na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, no entanto, ela caiu a 2% ao ano, o que diminui ainda mais a rentabilidade da poupança e de outros investimentos de renda fixa.
"Mesmo quem tem apetite ao risco precisa diversificar a carteira e geralmente isso é feito com títulos públicos ou outras aplicações de renda fixa. Acredito que muitos desses investidores vão comprar imóveis", afirmou o presidente da Abrainc, Luiz Antônio França.
Segundo plataforma digital de intermediação de crédito imobiliário -a CrediHome-, a procura por financiamento habitacional cresceu 181,27% em junho.
"O comportamento do consumidor mudou por causa da pandemia [da Covid-19], as pessoas ficaram mais em casa e a importância da casa própria cresceu", disse Bruno Gama, prrsidente-executivo da CrediHome, responsável pelo levantamento.
Segundo ele, a procura por crédito para reformas também aumentou. "Muitos vão permanecer em home office depois da crise e querem investir em melhorias ou ampliação, para o escritório, por exemplo", disse.
Uma pesquisa da OLX, site de classificados, também mostrou a tendência. Segundo a empresa, durante a pandemia, 19% das pessoas disseram ter aumentado o interesse em comprar imóvel e 41% mantiveram o desejo.
Para 48% dos entrevistados, no entanto, não poder visitar o imóvel presencialmente é o principal fator de preocupação. A pesquisa foi realizada entre 2 e 9 de julho com usuários da plataforma.
Folha de São Paulo online, Larissa Garcia, 23/ago
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Busca pela casa própria cresce 26% no Rio de Janeiro
Reforçando a tendência de alta na demanda por imóveis que estão à venda no Rio de Janeiro, pesquisa do portal OLX aponta aumento de 26% na procura no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período de 2019. Já no caso da locação de casas e de apartamentos, a alta é de 7% nas buscas feitas na plataforma.
O estudo aponta ainda que este comportamento dos consumidores também foi visto na capital fluminense, onde as buscas feitas por futuros compradores cresceram 29%, enquanto as pesquisas dos novos inquilinos aumentaram 6% na mesma comparação. Para Marcelo Dadian, diretor de Imóveis da plataforma, os dados indicam uma tendência de aquecimento do mercado imobiliário. "Além das baixas taxas de juros, que favorecem a compra de um imóvel, a pandemia fez as pessoas refletirem mais sobre o conforto e a localização de sua atual moradia. Isso justifica o aumento da procura por casas e apartamentos nos últimos meses na plataforma", analisa Dadian.
André Moreira, diretor da Martinelli Imóveis, confirma que o período está bem aquecido para as vendas. A empresa comercializou dois residenciais este ano, obtendo bons resultados. "Fizemos dois lançamentos virtuais na pandemia. O Be Happy, na Taquara, está com mais de 40% das unidades vendidas. Já o Reference Life Resort, no Recreio dos Bandeirantes, está com mais de 85% dos imóveis vendidos. As plantas espaçosas foram as grandes responsáveis por este resultado", avalia Moreira.
Comprando para morar
Outra pesquisa, agora do Raio-X FipeZap, também sugere tendência de alta na procura. Entre os dados está a intenção de adquirir imóveis nos próximos três meses, passando de 36% para 43% do total de participantes da amostra. Cerca de metade se declarou indiferente entre imóveis novos ou usados (51%). Já em termos de objetivo, a maior parte registrou a intenção de utilizar o imóvel para moradia própria (88%).
Com relação aos objetivos da compra, o interesse na aquisição de imóveis para revenda ou para obtenção de renda com o aluguel teve ligeira queda na comparação com a intenção de moradia, com 42% dos entrevistados declarando ter adquirido alguma unidade recentemente. Dentre eles, prevaleceu o objetivo de alugar o imóvel para obter renda (68%).
O Dia online, Cristiane Campos, 21/ago
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
IPOs de imóveis podem fazer em 2020 mais que em toda a história: R$ 20 bi
O setor imobiliário mudou muito em 15 anos. Surgiram empresas que não existiam e muitas ficaram pelo caminho. O que não mudou tanto assim, pelo visto, são os investidores. O segundo semestre vai ser o teste. Conforme o EXAME In apurou, há 20 empresas que planejam captar dinheiro com ofertas iniciais (IPO) na B3. Se todas tiverem sucesso, terão movimentado 20 bilhões de reais com suas operações. O que as empresas de 2020 pretendem levantar é mais do que todas as ofertas de ações realizadas no setor, entre IPOs e ofertas subsequentes, em todos os anos desde que o segmento estreou na bolsa com a listagem da Cyrela, em 2005.
De lá para cá, até o fim de 2019, as vendas de ações movimentaram 19,8 bilhões de reais - 12,8 bilhões de reais em ofertas iniciais. Houve uma febre de IPOs do ramo até 2007. A última a chegar, mas já depois de as operações terem secado, foi a Direcional Engenharia, há mais de dez anos.
A overdose foi tanta que a B3 ficou uma década sem um único IPO de uma companhia imobiliária. No ano passado, as já listadas voltaram a captar e levantaram 2,9 bilhões de reais - o que mostrou que o apetite do mercado pelo segmento tinha ressurgido. O setor ficou oito anos sem qualquer atividade na bolsa.
No total, da Cyrela até a Direcional, 22 companhias chegaram na bolsa entre 2005 e 2009. Se todas que tiverem plano agora conseguirem, 2020 fará literalmente cinco anos de euforia em um só. Antes de a pandemia do coronavírus se espalhar pelo Brasil, duas novatas estrearam, a Mitre e Moura Dubeux.
Ontem, começou o período de reserva para as ações da Lavvi, uma investida da Cyrela para o setor de alta renda e luxo. A oferta pode movimentar cerca de 1,6 bilhão de reais. A precificação está prevista para dia 31 e a estreia no pregão, para 2 de setembro. Na visão dos potenciais compradores, é um dos melhores ativos do ano para vir, junto com dois outros do mesmo grupo, as empresas dedicadas ao segmento econômico Plano & Plano e a Cury.
A Cyrela, mais uma vez, marca presença e momento quando o tema é timing de mercado. A companhia de Elie Horn abriu as portas do mercado para o setor e agora percebeu primeiro a oportunidade de mercado para seus ativos. Depois dela, outras companhias já têm um IPO "para chamar de seu". A Even quer trazer a Melnick Even, a EZTec pediu registro para a EZ Inc. Incorporações Comerciais, e a MRV planeja listar sua empreitada no ramo de loteamento, a Urba. "Todo mundo quer mostrar que tem valor escondido", comentou um gestor de renda variável. Na avaliação dele, as companhias estão certas de aproveitarem o momento para tentar captar - a opinião é praticamente unânime - e cabe ao investidor ficar atento onde vai colocar o dinheiro.
Por isso, há muitas dúvidas sobre quanto o mercado vai de fato absorver da lista que se acumula na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde antes da pandemia e que mais do que sucesso já teve dois planos fracassados - Ravi e You Inc. Ambas desistiram de acessar a bolsa em 2020.
Entre as companhias que sumiram consolidadas em outras ou por desespero e necessidade ou por serem ativos interessantes, estão nomes conhecidos como Abyara, Klabin Segall, Brascan Residencial, Company. Outras literalmente quebraram, como foi o caso da antiga Inpar, hoje Viver, que levantou 1 bilhão de reais em duas ofertas e também a PDG Realty, um projeto de megacompanhia com obras espalhadas pelo país que chegou a ser a queridinha do setor, o ícone da euforia. A fez duas ofertas na bolsa, que movimentaram 2 bilhões de reais.
A quarta-feira acordou com uma notícia que ainda é rescaldo da euforia de uma década. A Gafisa, que nunca se recuperou, propôs, de forma muito genérica e ampla, o início de um diálogo para combinação com a Tecnisa. Ambas estão distante de seus melhores momentos.
Exame online, Graziella Valenti, 20/ago
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Busca por sossego e qualidade de vida faz compra de imóveis disparar em Petrópolis
Petrópolis sempre foi refúgio para aqueles que, prezando o bem-estar e a tranquilidade, fugiam do agito da cidade grande. Mas o que era um destino de "bate e volta" para a maioria também tem atraído quem busca fincar suas raízes na Cidade Imperial. O mercado imobiliário local registrou alta de aproximadamente 50% no número de imóveis vendidos de janeiro a julho deste ano, em comparação ao mesmo período de 2019.
Locais como Itaipava e Corrêas têm tido muita procura, principalmente para compras de imóveis. É o que afirma a corretora Catarina Rodrigues:
- Desde o início da pandemia, a procura vem crescendo, principalmente entre moradores da cidade do Rio. De 40 casas que colocamos à venda num empreendimento em Itaipava que será entregue em março de 2021, restam só oito.
Presidente de uma corretora que atua há 25 anos em Petrópolis, Antônio Lima acha que a pandemia impulsionou a procura.
- A pandemia mudou o cenário do início do ano, quando as coisas estavam bem devagar. Muita gente já tinha o desejo de vir para cá e aproveitou o confinamento para pôr isso em prática - avalia.
Dados do Secovi-Rio, sindicato estadual de habitação, apontam que o valor do metro quadrado em Petrópolis subiu 5,2% entre março, quando as primeiras medidas de isolamento foram tomadas, e julho.
A alta foi alavancada por Araras, que registrou aumento de 10,2%, seguida de Pedro do Rio, com 6,7%, e Itaipava, com 6%.
- Esses dados refletem uma maior procura por esses imóveis que, mesmo na difícil situação econômica que vivemos, estão atraindo gente de outras cidades - diz o vice-presidente do Secovi-Rio, Leonardo Schneider.
De acordo com Fabrício Junqueira, delegado do Creci-RJ (Conselho Regional dos Corretores de Imóveis) em Itaipava, no primeiro semestre deste ano houve aumento de 300% na procura em comparação ao mesmo período do ano passado.
- Dois fatores contribuíram para este aumento: com o isolamento social, as pessoas sentiram a necessidade de ter uma casa, um quintal, ou seja, uma área aberta. O segundo motivo foi o home office. Pessoas que tinham o desejo de comprar uma casa na Serra, não fechavam negócio porque ainda precisavam estar fisicamente na empresa. Agora, com algumas empresas adotando o home office permanentemente, esses interessados estão conseguindo realizar o desejo de morar na Região Serrana sem a obrigação de subir e descer a Serra todos os dias para trabalhar - comenta Junqueira.
O reflexo desta demanda está sendo percebido na imobiliária Concal, por exemplo.
- Pedro do Rio, em Petrópolis, onde temos o condomínio Terras Altas, é uma das regiões preferidas. A procura está tão grande que, nos primeiros 15 dias de junho, vendemos nove terrenos no condomínio. Há clientes, inclusive, comprando dois lotes e pagando à vista. A região tem atraído profissionais do mercado financeiro que desejam cumprir a quarentena com qualidade de vida - comenta José Conde Caldas, presidente da empresa.
A Riooito Incorporações, que tem quatro projetos na Região Serrana, também sente esta movimentação. De acordo com Sheila Ferreira, gerente de vendas da empresa, no Cenário da Montanha, que está em construção em Itaipava, 40% dos clientes são de famílias do Rio.
- Só este mês vendemos 20 unidades do Cenário da Montanha - afirma Sheila.
O Globo online, Giovanni Mourão, 18/ago
terça-feira, 18 de agosto de 2020
BC monitora forte captação da caderneta
O Banco Central está monitorando o forte aumento das captações em caderneta de poupança e outras movimentações de aplicações financeiras para, se for preciso, tomar medidas para evitar o acúmulo de riscos à estabilidade financeira do país.
Neste ano, até julho, a caderneta de poupança registrou uma captação líquida de R$ 112,6 bilhões. Junto com os rendimentos creditados no período, o saldo dessa modalidade de investimento cresceu 15,2% no ano, chegando a R$ 973,7 bilhões.
Por enquanto, o Banco Central não identificou nenhum desequilíbrio preocupante que exija uma ação, mas está avaliando o impacto desse incremento de recursos na caderneta na estrutura de captação dos bancos e no direcionamento de recursos para financiamentos imobiliários.
"Hoje, não tem problema nenhum", disse há alguns dias o diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes. "Isso é algo que a gente precisa acompanhar no detalhe, a poupança tem os recursos direcionados para um setor específico." Pelas regras atuais, 65% dos depósitos em caderneta devem ser direcionados para financiamentos imobiliários.
Além das questões macroprudenciais, a forte captação de poupança tem implicações também para a política monetária. Na sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou as taxas menos do que considerava necessário para evitar que os juros baixos acentuassem a migração de aplicação entre ativos, aumentando os riscos para a estabilidade financeira.
Dois aspectos merecem maior atenção, segundo um especialista de fora do governo. Primeiro, se o dinheiro captado na poupança é canalizado muito rapidamente para o crédito, a qualidade dos ativos imobiliários gerados poderá ser mais frágil. Segundo, pode agravar o descasamentos entre os prazos de captação na poupança e aplicação no crédito imobiliário. Esse descasamento sempre ocorre, já que a poupança tem liquidez diária e os financiamentos imobiliários são feitos com prazos mais longos. Ele pode se agravar se o surto de captação da caderneta for apenas temporário.
Entre as razões que levaram ao aumento das captações em caderneta estão alguns fatores que podem ser passageiros: o pagamento do auxílio emergencial pelo governo; o aumento da poupança precaucional da população durante o surto; a aversão a risco durante a crise; e a queda dos juros básicos, que tornou a poupança mais atrativa em relação aos fundos de investimento.
Alguns analistas econômicos têm argumentado que, para lidar com os riscos do aumento das cadernetas, o BC deveria reduzir - mesmo que temporariamente - o direcionamento de recursos para habitação.
Mas Serra, quando falou sobre o assunto, também apontou distorções do lado da estrutura de captação dos bancos e de fundos de investimento. De forma geral, eles estão ligados à remuneração pré-definida que os bancos devem pagar na poupança.
Boa parte dos recursos que entraram na caderneta veio dos fundos de renda fixa, que ficaram menos competitivos porque essa aplicação paga Imposto de Renda (IR) e seus gestores cobram taxas de administração. A caderneta é isenta de IR e oferece como remuneração 70% da taxa Selic, sem taxa de administração.
O diretor do BC destacou o papel que os fundos de investimento têm em "transformar a maturidade" no sistema financeiro. De um lado, captam recursos no curto prazo dos cotistas e, de outro, compram papéis de prazo mais longos dos bancos, como letras financeiras (LFs).
Serra diz que os bancos não têm instrumentos para administrar o fluxo de captações na caderneta, já que a sua remuneração é definida em lei e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). É uma situação diferente dos CDBs, cuja captação eles podem dosar, oferecendo taxas mais atrativas quando querem levantar dinheiro para fazer mais empréstimo e taxas mais baixas quando não quer levantar dinheiro porque estão se retraindo na concessão de crédito.
Dentro do Banco Central, as avaliações sobre a estabilidade financeira são feitas de forma separada da política monetária. No caso, elas são tomadas no Comitê de Estabilidade Financeira (Comef). Mas acabam tendo implicações para as decisões do Copom porque, se atenuam o risco de instabilidade financeira, em tese removem limites para eventuais cortes na taxa Selic que se façam necessários no futuro.
Valor Econômico, Alex Ribeiro, 18/ago
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