sexta-feira, 30 de maio de 2014

Barra-Galeão: Transcarioca vai reduzir em 60% tempo de viagem


O BRT Transcarioca deverá reduzir em até 60% o tempo médio de viagens no eixo Barra-Aeroporto Tom Jobim. A estimativa foi feita nesta quinta-feira pelo secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão, na apresentação de detalhes da implantação do sistema, cuja viagem inaugural com a presidente Dilma Rousseff acontecerá no domingo. Segundo Sansão, um dos exemplos de economia de tempo proporcionada pelo sistema é a linha semiexpressa Alvorada-Vicente de Carvalho-Aeroporto, que será aberta ao público na próxima quarta-feira:

- A viagem pelo BRT deve ser feita em cerca de 70 minutos. Hoje, não existe uma linha municipal que faça o mesmo trajeto. Se fosse seguir esse percurso, o passageiro teria que fazer várias baldeações. Levaria pelo menos três horas.

O Transcarioca será inaugurado por etapas, assim como ocorreu com o Transoeste. Na segunda-feira, dia 2 de junho, começa a funcionar o serviço parador Alvorada-Tanque, com 19 estações, que vai transportar passageiros das 10h às 15h, fora do horário de pico. Na quarta-feira, é a vez da linha semidireta Alvorada-Vicente de Carvalho-Galeão 1 e 2, das 5h às 23h. Os sete ônibus empregados no trajeto serão equipados com bagageiros para acomodar malas.

Mais sete serviços serão implantados em datas a serem divulgadas pela Secretaria municipal de Transportes: Tanque-Alvorada (expresso), Madureira-Alvorada (expresso), Madureira-Alvorada (parador), Madureira-Santa Efigênia (expresso), Penha-Madureira (parador), Fundão-Alvorada (expresso) e Galeão-Penha (parador). Quando os serviços que atendem Madureira forem implantados, serão extintos os serviços Tanque-Alvorada (expresso e parador).

Veículos terão câmeras

Lélis Teixeira destacou que PMs vinculados ao Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis) vão trabalhar uniformizados e armados em apoio à operação do Transcarioca. Mas eles só abordarão coletivos em caso de necessidade. Todos os veículos também são equipados com câmeras de vídeo, monitoradas pelo Centro de Controle Operacional, no Terminal Alvorada. Além disso, os coletivos têm um botão de pânico, que pode ser acionado pelo motorista para alertar o CCO.

- Nós já temos PMs atuando nas estações do Transoeste. E lá, as ocorrências policiais, por operar um sistema fechado, são menores do que no modelo tradicional. No caso do Transcarioca, daremos uma atenção especial ao Aeroporto Tom Jobim. A presença dos policiais será muito mais intensa, por causa das regiões que esse corredor atravessa, para inibir qualquer atividade (ilegal). Mas o sistema é totalmente seguro. Essa preocupação não é apenas com o visitante da cidade, mas também com o usuário do dia a dia do sistema.

A preocupação é pertinente, uma vez que muitos usuários do sistema devem desembarcar com bagagem no aeroporto. Por conta disso, os coletivos que atenderão ao Tom Jobim serão equipados com bagageiros.

Segundo o prefeito Eduardo Paes, todas as 47 estações e os cinco terminais rodoviários deverão entrar em operação em cerca de três meses. Ao todo, serão empregados 147 coletivos com capacidade para até 200 passageiros, cada. O prazo dependerá da aceitação do sistema pelos usuários. Com o novo transporte, o modelo atual será revisto. A previsão é que 478 ônibus sejam retirados progressivamente das ruas - o equivalente a 46% da frota atualmente em operação na região. Para isso, 12 linhas serão eliminadas e os trajetos de outas 36 linhas, que passarão a funcionar como alimentadoras, encurtados. Entre as linhas que deixarão de circular no futuro estão a 831 (Colônia-Joatinga), 897-A (Alvorada-Ayrton Senna), 800 (Curicica-Freguesia), 701 (Madureira-Alvorada) e 753 (Cascadura-Recreio). Já entre as linhas que terão o intinerário encurtado se encontram: 691 (Méier-Alvorada), 803 (Senador Camará-Alvorada) e 761 (Madureira-Boiúna).

- Junto com as obras da Zona Portuária, esta é uma das que causam mais impacto à população. Ela integra diversos corredores modais de transporte. Tem integração direta com o metrô em Vicente de Carvalho e com quatro ramais de trens: três em Madureira e um em Olaria (Leopoldina). Ou seja, alguém que mora em Caxias poderá chegar à Barra de trem e BRT. Trata-se, portanto, de um sistema que fará uma integração com a região metropolitana. E no futuro se integrará com os BRTs Transolímpico e Transbrasil - disse o prefeito.

Sinalização reforçada contra acidentes

Paes fez ainda um alerta para o fato de que, como o Transcarioca passará por bairros muito populosos, a sinalização deve ser obedecida para evitar acidentes. O entorno das estações foi cercado, faixas de advertência foram instaladas e até carros de som estão circulando, para alertar a população. A invasão das faixas exclusivas e o avanço de sinais vão ser monitorados por pardais instalados a cada quilômetro.

Nas vias expressas, como na Avenida Ayrton Senna, os ônibus circularão a 70 Km/h. Nos centros de bairros, por precaução, a velocidade será reduzida. Em trechos como Taquara, Praça Seca e Penha, por exemplo, os BRTs passarão a 40 Km/h.

Todos os ônibus estão equipados com Tags programados para dar a prioridade da passagem aos BRTs nos cruzamentos. A operação do sistema exigiu a modernização de 120 blocos de sinais de trânsito da Zona Norte, que estão sendo interligados esta semana ao Centro de Operações Rio (COR).

- A tecnologia que empregamos permite que os sinais alterem a programação ao longo do dia, para que abram e fechem conforme o volume de veículos em cada cruzamento. O sistema está em ajustes finais - explicou a presidente da CET-Rio, Cláudia Secin.

Para a implantação do BRT foram empregados mais de 21 mil toneladas de aço, que equivalem ao peso de 18 estátuas do Cristo Redentor. Os 270 mil metros cúbicos de concreto empregados seriam suficientes para construir três estádios do tamanho do Maracanã. Outra curiosidade é que o Transcarioca foi batizado com o nome de Juscelino Kubstcheck por sugestão do ex-prefeito Cesar Maia, ex-aliado político e atual adversário de Paes.

O presidente do Rio Ônibus descartou a possibilidade de que outros serviços sejam implantados ao longo da operação do BRT Transcarioca, caso haja demanda. No futuro, serviços expressos poderão ser criados, por exemplo, com ônibus saindo do corredor Transoeste sem necessidade de o passageiro fazer baldeação no Terminal Alvorada.

- O sistema de bilhetagem eletrônica permite avaliar permanentemente a origem e o destino dos passageiros. Havendo demanda, novas linhas podem ser criadas - explicou.

Ao longo de 39 quilômetros o BRT Transcarioca passará por 27 bairros nas proximidades de quatro grandes complexos de favelas: Cidade de Deus, Maré, Alemão e Penha. E também cruzará as imediações de comunidades que vêm registrando confrontos, como a Serrinha. A previsão é transportar, inicialmente, 320 mil passageiros por dia. Com a ampliação das integrações, a demanda poderá chegar a até 450 mil usuários por dia.
 
Dilma na inauguração do BRT

No fim da manhã da última terça-feira, Ana Paula Semblano Areas Baima, de 33 anos, chegou à garagem da Viação Redentor depois de mais uma manhã transportando centenas de passageiros pelo BRT Transoeste entre a estação do Mato Alto e o Terminal Alvorada. Na garagem, quem estava à sua espera era Nelson, seu marido e instrutor dos motoristas, que acabara de ter uma longa conversa com os diretores da empresa. O motivo do encontro era anunciar uma novidade: menos pela ligação familiar com o chefe e mais pela competência da funcionária, Ana Paula havia sido a escolhida para fazer a viagem inaugural do Transcarioca.

Segundo a prefeitura, a presidente Dilma Rousseff, após inaugurar o corredor expresso no Aeroporto Internacional Tom Jobim, vai participar da viagem inaugural - por isso a preocupação de escolher uma mulher habituada com os ônibus articulados, que exigem certa perícia. Para quem duvida, com a palavra a própria Ana Paula.

- Além de serem mais ágeis de manobrar, os ônibus não têm embreagem, ao contrário dos ônibus comuns. Quando dirijo meu carro particular, até estranho - explicou.

O Palácio do Planalto, por enquanto, ainda não confirmou detalhes dessa parte da agenda. Nada que, no entanto, abale Ana Paula, que tem até na ponta da língua um pedido a fazer à presidente Dilma, se puder falar com ela.

- Antes do BRT, trabalhei três anos na "baixada" - referência aos coletivos comuns que circulam pelas ruas. - Nessa situação, muitas vezes levar multas ou perder horas no trânsito era inevitável. Pediria que, pensando mais na nossa classe e na população, o governo investisse ainda mais em obras de mobilidade como o BRT.

Rubro-negra, mangueirense, Ana Paula mora na Cidade de Deus e é mãe de uma adolescente de 15 anos. Ela trabalha como motorista há seis anos e, nos dias de folga, não dispensa uma praia. Antes, trabalhou como explicadora para crianças da vizinhança. Já como motoristas, rodou na linha tarifa A (frescão) Freguesia-Castelo. Ali, ela conta que enfrentou muitos engarrafamentos pela inexistência de corredores exclusivos para ônibus. Mas o pior deles foi causado por uma enchente na Praça da Bandeira:

- Fiquei parada por quatro horas, ilhada. A água chegava ao segundo andar do veículo.

Originalmente, a Viação Redentor não faz parte do pool de empresas que opera o BRT Transoeste. Mas os operadores entraram num acordo para que motoristas que vão dirigir no Transcarioca rodassem algum tempo no outro sistema, para se acostumarem às diferenças entre eles.



O Globo, Luiz Ernesto Magalhães, 30/mai

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Copa acelera ritmo de lançamentos imobiliários


O ritmo dos lançamentos das incorporadoras de capital aberto tende a ganhar força até o último fim de semana antes do início da Copa do Mundo. Levantamento da área de inteligência de mercado da imobiliária Lopes aponta que as incorporadoras de capital aberto têm R$ 670 milhões em lançamentos programados para serem feitos na Região Metropolitana de São Paulo entre 30 de maio e 11 de junho. "Desse total, cerca de 60% será lançado até 7 de junho", afirma a diretora-geral de atendimento da Lopes, Mirella Parpinelle.

Para efeito de comparação, dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) compilados pela Lopes indicam que, em abril, as incorporadoras listadas em bolsa lançaram R$ 862 milhões na Região Metropolitana de São Paulo, incluindo os segmentos residencial vertical, comercial e hotel, e em maio (até o dia 25), R$ 462 milhões. Considerando o mesmo recorte, o Valor Geral de Vendas (VGV) de lançamentos do primeiro trimestre somou R$ 1,2 bilhão.

O movimento começou a ganhar força na semana passada, com o início do lançamento da segunda fase do Jardim das Perdizes. O VGV total dos projetos do Jardim das Perdizes lançados na última semana soma R$ 376 milhões. O empreendimento pertence à Windsor Investimentos Imobiliários, na qual a Tecnisa tem participação de 68,9%, a PDG Realty, 25% e a BV Empreendimentos e Participações (BVEP), 6,1%.

A Rodobens Negócios Imobiliários decidiu, desde o ano passado, que não faria nenhum lançamento no período da Copa. "Não podemos concorrer com o maior evento de mídia do mundo", diz o diretor-presidente da Rodobens, Marcelo Borges. Na semana que vem, a empresa vai lançar empreendimento residencial em São José do Rio Preto (SP), com VGV de R$ 110 milhões e parte própria de R$ 70 milhões.

A PDG tem um lançamento previsto para este fim de semana em São Paulo. "Não vamos lançar no fim de semana de abertura da Copa, quando todo mundo estará focado no evento", diz o diretor de operações da companhia, Antonio Guedes. A PDG tem previsão de lançar dois projetos em meados de junho: um de incorporação no Rio de Janeiro e um loteamento em Atibaia (SP). Em relação aos estoques, a empresa reforçou a campanha junto a corretores desde 15 de abril. O patamar de descontos para unidades concluídas foi mantido.

Outro lançamento previsto é o Artwork, projeto da Brookfield Incorporações com a Sabgroup. No mercado, os comentários são de que o projeto será apresentado na próxima semana. A Brookfield informou que o lançamento será durante a Copa, e a Sabgroup, que ocorrerá em junho.

"No período pré-Copa, haverá muitos lançamentos e ações promocionais para compensar o mercado menos aquecido no período dos jogos", afirma o diretor da imobiliária focada em imóveis novos com descontos Realton, Rogerio Santos.

A ACS Incorporadora, por exemplo, fará megafeirão em Campinas (SP) no próximo dia 8, com descontos de até 40% em unidades de São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo André, Barueri, Hortolândia, Paulínia e Sumaré. Até o fim da Copa, a Sabgroup concederá descontos em seus produtos no litoral de São Paulo e na capital paulista.

No último fim de semana, a Cyrela Brazil Realty lançou o Mïstï Morumbi, com VGV de R$ 200 milhões, seu primeiro projeto do ano na capital paulista. A maior incorporadora de capital aberto do país não tem mais lançamentos previstos até o fim da Copa, de acordo com sua assessoria de imprensa.

Até 12 de julho, estará em curso, na cidade de São Paulo, campanha da Cyrela estrelada pela atriz Fernanda Lima desde 21 de março, para incentivar corretores a comercializar unidades prontas ou em construção, com benefícios como viagens e prêmios. A Cyrela já deixou claro que, devido às entregas previstas para o ano, não espera redução do estoque pronto em 2014 e que o volume pode até crescer.

A Gafisa fará um lançamento antes do início da Copa. Do fim de abril até o último sábado, a incorporadora fez promoção em que os compradores de seus imóveis com cartão Visa concorriam a ingressos com tudo pago para assistir a jogos da Copa. A iniciativa abrangeu lançamentos, imóveis em construção e prontos, no Estado de São Paulo.

Segundo Carlos Valladão, sócio-diretor da Eugenio Publicidade, agência focada em marketing imobiliário, "boa parte dos clientes correu para lançar produtos em abril e maio", movimento que continuará na primeira semana de junho. No momento, as incorporadoras também estão preparando lançamentos que serão feitos a partir de agosto, conforme Valladão.

Mas há incorporadoras que pretendem lançar normalmente durante a Copa, caso da MRV Engenharia. "Os clientes vão aos plantões no fim de semana. Vamos manter o ritmo normal", diz o co-presidente da incorporadora, Rafael Menin Teixeira de Souza. Durante o mês de maio, as vendas de incorporadoras como MRV, PDG e Rodobens foram impulsionadas também pelos feirões da Caixa Econômica Federal.

Há expectativa, no mercado, que a Even Construtora e Incorporadora mantenha lançamentos no período dos jogos. A EZTec vai lançar um empreendimento na cidade de São Paulo neste fim de semana. "Muito provavelmente, durante a Copa, também vamos lançar produtos", afirma o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Emilio Fugazza. De acordo com o executivo, nos primeiros 40 dias do segundo trimestre, a velocidade de vendas do estoque da EZTec foi superior à do primeiro trimestre.



Valor Econômico, Chiara Quintão, 29/mai

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Alta tecnologia para construir cidades fluidas


Diretor do Senseable City Lab no Massachusetts Institute of Technology (MIT), o arquiteto italiano Carlo Ratti fala sobre como a tecnologia pode melhorar a vida nas grandes metrópoles. Autor da expressão "cidades fluidas", ele apresentou suas ideias segunda-feira, no Encontros O GLOBO, na Casa do Saber, na Lagoa, e na terça, no Arq. Futuro, no Teatro Adolpho Bloch, na Glória

O que é uma cidade fluida?

Uma cidade fluida é quando recebemos informações sobre a nossa cidade em tempo real e, assim, você tem acesso a uma visão dinâmica sobre o que acontece o tempo inteiro. As cidades sempre estiveram em movimento, mas, no passado, era muito difícil captar isso. Hoje, podemos entender muito melhor o que acontece nas cidades e seus fluxos. E esse fluxos podem ser de pessoas, dos carros, de energia... Até fluxo de água, o que venho estudando agora.

Como reunir essas informações e transformá-las em melhorias para as cidades?

Um dos pioneiros do planejamento urbano chamado Élisée Reclus escreveu que duas coisas eram importantes: pesquisa e planejamento. E é isso que fazemos. Nesse caso, há projetos como o táxi compartilhado, em que cruzamos os dados de pessoas que querem se deslocar pela cidade e vemos quem pode sair de um ponto e buscar outro passageiro no caminho. Há sistemas de carros compartilhados também. Ou ainda chips que podemos instalar no lixo para saber para onde ele vai, ou até drones que sirvam de guias em locais públicos e levem pessoas até seus destinos.

Mas não corremos o risco de perdermos a interação humana?

A interação humana é muito importante, é claro, e justamente porque ela é importante e especial que você quer tê-la em momentos que realmente signifiquem algo. Tempo de qualidade. Ou seja, a tecnologia pode liberar o seu tempo para que ele seja usado em interação com qualidade. A tecnologia é um meio, uma ferramenta. O importante é o que você quer fazer com ela.

Como desenvolver tecnologias para cidades com culturas tão diversas?

A tecnologia é adaptada para cada cultura, desenvolvida de formas diferentes. Introduzir novas tecnologias é como introduzir mutações na seleção natural da espécie. Você vê culturas que abraçam aquela mudança e outras que não. Mudando de um ambiente para o outro, através da observação.

O quão longe estamos dessa nova realidade tecnológica?

Acho que isso está acontecendo agora. Um exemplo é a enorme quantidade de aplicativos que estão sendo desenvolvidos para smartphones. Não é futuro, é o presente.

Um dos seus principais estudos atualmente é a água. Por quê?

Porque é um fluxo muito importante. A água vem sendo usada há muitos anos como um ingrediente lindo para a arquitetura, mas venho pesquisando como podemos criar novos meios para ela. Como podemos monitorar a qualidade da água através de sistemas novos, como drones que medem essa qualidade, se é segura ou não...

Os novos arquitetos são diferentes dos antigos arquitetos?

São. Hoje podemos usar a tecnologia para criar novos efeitos fluidos, novos repertórios de formas e meios de interação das pessoas com o ambiente. Mas, no final, o que importa de verdade é o lado humano da arquitetura. Isso não muda nunca.



O Globo, Catharina Wrede, 28/mai

terça-feira, 27 de maio de 2014

Village Mall promove paisagismo na Av. das Américas


Quem passa pela Avenida das Américas, próximo ao Village Mall, pode não ter notado ainda, mas, mesmo com a chegada do outono, as árvores que enfeitam o canteiro central da via começaram a "florescer". Desde o último dia 2, o shopping promove o replantio, na via, das flores usadas em sua decoração, substituídas mensalmente. São orquídeas chuva-de-ouro e renda-portuguesa e samambaias-americanas, entre outras espécies.

- A ideia é embelezar a cidade, deixar o cenário carioca mais luxuoso e alegre em meio ao trânsito complicado de todos os dias, além de dar um bom destino para estas flores. Gentileza gera gentileza - diz Gabriel Palumbo, superintendente do VillageMall e idealizador da proposta.

Na primeira doação, conta Palumbo, cerca de 200 flores foram reaproveitadas. Na próxima leva, em junho, serão cerca de 500, entre orquídeas brancas e chuvas-de-ouro presentes, hoje, na ornamentação do shopping. Os ramos são afixados nos troncos das árvores com fitas plásticas.

Palumbo conta que já se preocupava com o descarte adequado destas flores antes de se decidir pela realização da campanha.

- Os funcionários podiam levar as flores para casa. E eu tinha o hábito de replantá-las no condomínio onde moro. Agora, o espaço (para reaproveitá-las) é maior - declara ele, satisfeito com as dezenas de quilômetros restantes para a continuidade do projeto.



O Globo, Jessica Laurintzen, 27/mai

Câmara aprova projeto que permite fechamento de varandas com vidro


Depois de quase dez anos de tramitação, a Câmara dos Vereadores aprovou na quinta-feira um polêmico projeto de lei que permite o fechamento de varandas, através da instalação de um sistema retrátil de vidros. Caberá agora ao prefeito Eduardo Paes - que sempre mostrou ser contrário à permissão - sancionar ou não o texto. O projeto aprovado exclui apenas os bairros da Zona Sul do benefício, o que, segundo o vereador Carlo Caiado (DEM), idealizador da iniciativa, atendeu a um pedido de presidentes de associações de moradores da região.

A aprovação foi um dos raros momentos no passado recente da Câmara em que um projeto com impacto relevante para a cidade, elaborado por um vereador da minoria de oposição, conseguiu ser bem-sucedido no plenário. Caiado usou a estratégia de colocar outros 20 vereadores como coautores, o que, na prática, pode trazer efeitos positivos para as bases eleitorais de cada um deles nos bairros. Até o líder do governo, Luiz Guaraná (PMDB), acabou assinando o texto. Ele conseguiu a inclusão de uma emenda que estabelece o pagamento de até R$ 300 por metro quadrado, para que o proprietário faça a regularização do fechamento. Caberá à prefeitura, se o texto for sancionado, fixar o valor específico para cada bairro.

Paes ainda não sabe se vai sancionar projeto

O prefeito Eduardo Paes disse que ainda não viu o projeto e, por isso, não decidiu se vai sancioná-lo.

- A proposta ia ser aprovada de qualquer jeito. O que fizemos foi incluir um mecanismo prevendo a cobrança pela regularização. Seria uma injustiça não cobrar, porque anteriormente houve uma lei de mais-valia que cobrou uma taxa para quem desejava se regularizar - disse o vereador Guaraná, lembrando o decreto publicado em 2009, quando vários proprietários de imóveis da Zona Sul regularizaram o fechamento de suas varandas, através da mais-valia.

O projeto das varandas foi o primeiro que Carlo Caiado apresentou, quando chegou à Casa em seu primeiro mandato, em 2005. Ex-subprefeito da Barra e administrador regional do Recreio durante a gestão de Cesar Maia, o vereador disse que elaborou a proposta por causa dos constantes pedidos de moradores da região, sua maior base eleitoral, que alegavam problemas principalmente com chuva, ventos e sol forte, além de segurança.

A psicóloga Silvia Cohen há um ano providenciou o fechamento de sua varanda no Jardim Oceânico, na Barra.

- Eu moro no primeiro andar, e o vidro reduziu muito o barulho da rua. Também tenho netos e transformei uma parte da varanda num cantinho para os brinquedos das crianças. Foi uma forma de evitar as grades e as telas protetoras - diz ela.

O empresário Sidney Brunstein, que mora numa cobertura na Barra, se diz favorável ao fechamento das varandas, desde que seja feito com critério:

- Sou totalmente a favor, porque aumenta a sala e se aproveita melhor o ar-condicionado, mas não pode cada um fazer do seu jeito. É preciso haver um padrão estabelecido pelo prédio.

Falta de padronização nas fachadas

A falta de padrão no fechamento de varandas pode ser vista em vários endereços da Zona Sul, onde a medida continua sendo proibida. Na Rua General Glicério, em Laranjeiras, o edifício 440 tem os mais diversos estilos de vidros nas janelas, com esquadrias pretas, brancas e metálicas. A dona de casa Maria Fernanda Vilela conta que todos os apartamentos do prédio onde mora há 30 anos fecharam suas varandas:

- Eu nem sabia que não podia. Se pago mais por isso no IPTU, também não tenho conhecimento. Só sei que a varanda sem janelas acumula muita poeira e poluição dos ônibus. Quando venta, junta folha, e fica tudo sujo.

A parte do projeto que causou mais discussões desde a sua apresentação foi a questão da mais-valia. Conforme decreto municipal de 2009, o fechamento das varandas implica o aumento da área edificável e, como consequência, o acréscimo na base de cálculo do IPTU, uma das principais fontes de arrecadação do município. O projeto aprovado determina que o fechamento da varanda não poderá resultar em aumento real da área da unidade residencial. Não será admitida a incorporação da varanda, total ou parcialmente, aos compartimentos internos, sob pena de multa.

O presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), Pedro da Luz Moreira, disse que não considera o fechamento das varandas algo grave do ponto de vista urbanístico, desde que existam parâmetros. O arquiteto, no entanto, alerta que é preciso que as varandas preservem as características de serem um ponto de vista para o morador e também de ventilação. A padronização das fachadas também é outro ponto que deve ser levado em consideração.

- A varanda não pode ser fechada e se tornar parte do apartamento - disse Pedro da Luz.


O Globo, Célia Costa, 24/mai

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Mercado do aluguel do Rio enlouquece em antecipação à Copa


A mansão de três andares com paredes de vidro do ex-executivo da indústria da moda Arif Noor foi construída num morro tão íngreme no Rio de Janeiro que seus terraços parecem flutuar acima do mar. Um jardim vertical com flora tropical rodeia um spa suntuoso no térreo. Numa manhã ensolarada recente, uma atriz e modelo visitava a casa para uma sessão de fotos.

O imóvel com cinco quartos e oito banheiros pode ser seu durante a Copa do Mundo - por US$ 150.000 (R$ 333.000) por semana.

O Ministério do Turismo brasileiro prevê que o grande evento do futebol mundial, que começa no dia 12 de junho e será realizado em 12 cidades em todo o país, leve 3,1 milhões de turistas brasileiros e estrangeiros aos jogos e às festas organizadas pela Fifa, conhecidas como Fan Fests.

O Rio deve ser o principal destino, com 554.000 visitantes, e os proprietários de imóveis da cidade se apressam para tirar vantagem. Algumas residências de luxo no Rio de Janeiro já foram reservadas para todo o mês do torneio por centenas de milhares de dólares, dizem agentes imobiliários locais.

O maior negócio fechado para a Copa do Mundo até agora, feito pela WhereInRio, agência imobiliária especializada no setor de luxo e que administra a mansão de Noor, é de cerca de R$ 1,5 milhão para o aluguel de uma cobertura de três andares em Ipanema durante o torneio, diz o proprietário da agência, Frederic Cockenpot. Ele não quis identificar o locatário ou proprietário do imóvel, observando que a discrição é a chave para fazer negócios com clientes ricos. Mas Cockenpot revela que, na sua lista de clientes para a Copa do Mundo, está um chefe de Estado africano e sua equipe de assessores com 30 pessoas. Ele diz, porém, que sua empresa tem como alvo clientes corporativos, porque eles são mais propensos a reservar um imóvel por um mês inteiro.

O burburinho sobre acordos lucrativos desencadeou uma verdadeira corrida entre os proprietários de imóveis para atrair fãs de futebol muito ricos e dispostos a pagar o que for necessário por boas acomodações.

"Todos os dias, recebo de 10 a 15 telefonemas de pessoas procurando casas para alugar", diz Sven dos Santos, empresário alemão de 33 anos que adotou o Rio como residência e cuja empresa imobiliária, a Agência Heidelberg, administra cerca de 180 imóveis de aluguel na cidade.

Em seu portfólio há uma cobertura de 320 metros quadrados e três quartos em Copacabana. A uma quadra da praia, com vista para o mar, o imóvel tem uma sala de estar arejada e uma ampla varanda com banheira de hidromassagem. Ele diz que o apartamento já está alugado para a maior parte do torneio, mas ainda tem uma semana disponível, por aproximadamente R$ 27.000.

A alta demanda elevou os preços de imóveis em todos os níveis e tem estimulado uma concorrência questionável. Alguns albergues da juventude estão cobrando US$ 100 ou mais a diária por apenas uma cama de beliche. Os sites de aluguel estão cheios de propriedades nada luxuosas a quilômetros de distância das áreas turísticas conhecidas. E tudo é válido, de locais para acampamento, casas em muitas favelas da cidade até motéis.

A alta dos preços afastou os turistas regulares e viajantes de negócios. Agora, com a aproximação da Copa, alguns imóveis não estão sendo alugados e os agentes informam que os preços dos aluguéis estão caindo.

O mesmo ocorre com as diárias dos hotéis. Em janeiro, os hotéis do Rio cobravam, em média, US$ 650 (R$ 1.440) a diária na noite do encerramento da Copa, em 13 de julho. Em maio, o preço havia caído 41%, segundo o website Trivago.

Mas os preços das opções de luxo continuam em alta, dizem os agentes imobiliários. Seus proprietários podem ainda esperar por negócios lucrativos.

Noor é um deles. Ele vendeu sua antiga mansão em Los Angeles para o ator Ashton Kutcher por US$ 8,46 milhões, segundo documentos públicos, e conta que comprou a casa no Rio para alugar parte do tempo. Mas, além do aluguel, ele diz que quer ter a certeza de que os locatários apreciem a propriedade. "Eu recusei muitas ofertas", diz ele. "Se você tem uma casa especial, precisa de uma pessoa especial."

Seus locatários - e muitos outros que vierem ao Rio - terão de enfrentar uma série de inconveniências do lado de fora de suas mansões. A Estrada do Joá, que liga a casa de Noor, no morro, às praias, restaurantes e vida noturna da cidade, por exemplo, é acidentada e cheia de buracos. O trajeto de quase dez quilômetros até Leblon e Ipanema é sujeito a um trânsito intenso.

Problemas desse tipo, e o contraste da abundância no meio da pobreza, têm levado milhares de brasileiros às ruas para protestar contra a Copa do Mundo, que eles consideram ter sido organizada à custa de investimentos públicos extremamente necessários em infraestrutura, saúde e serviços.

Para os visitantes endinheirados, uma longa lista de amenidades foi acrescentada para tornar o negócio mais atraente. A agência WhereInRio oferecerá transporte em helicópteros para os eventos, além de iates, passeadores de cães e serviços de spa.

Cockenpot diz que sua agência enfrenta um desafio adicional no Rio: encontrar geradores de energia de reserva. A pior seca em décadas baixou as reservas das hidrelétricas do país. O governo diz que não haverá racionamento de energia, mas a possibilidade levou Cockenpot a fazer provisões. "Os russos, em especial, são muito exigentes", diz. "No Brasil, é difícil achar uma propriedade nos níveis da Riviera Francesa, então eles não entenderão se faltar energia também."



Valor Econômico, The Wall Street Journal, 23/mai

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Hotéis na Barra abrem as portas para investidores


Em meio ao boom de lançamentos imobiliários por que passa a Barra da Tijuca, um investidor, hoje, não tem como opções apenas comprar um apartamento para morar ou alugar: ele pode apostar no mercado hoteleiro. Pela região, já existem diversas oportunidades de investimento no setor. Os interessados têm à disposição três modalidades: podem adquirir um dos quartos, uma cota ou uma fração ideal do empreendimento.

Uma série de hotéis financiados por estes modelos começa a sair do papel. Um deles é o Ramada Hotel e Suítes Riocentro, que fica próximo ao centro de convenções de mesmo nome e foi inaugurado em 2012. O local é praticamente todo de pessoas físicas e jurídicas que decidiram comprar quartos. Das 216 unidades, 210 pertencem ao chamado pool de investidores. Marcos Hadid, comprador de 12 quartos, afirma que a decisão de investir surgiu por conta do bom momento para o setor no Rio.

- Este não seria um hotel, mas sim um residencial com serviços. Em 2010, aprovamos a mudança no projeto, devido ao potencial relacionado à Copa do Mundo e às Olimpíadas - explica Hadid, enfatizando que o hotel já está com 100% de ocupação para o Mundial.

Para ele, o investimento em hotéis se justifica pela maior segurança contra a inadimplência e a desocupação, o que não acontece quando se compra ou aluga apartamentos comuns. A rentabildiade é de 0,4% a 0,7% sobre o valor da unidade. Segundo Hadid, um quarto no Ramada está avaliado em cerca de R$ 350 mil.

Pelo modelo de pool, os investidores são efetivamente donos das unidades. Ou seja, se alguém quiser deixar de receber um percentual sobre seu apartamento e morar nele, pode. Mas outro investidor do Ramada, Cláudio Gioielli, alerta que, enquanto se está no pool, não basta simplesmente comprar a unidade e esperar o lucro chegar:

- A gestão administrativa hoteleira é do Ramada, mas as decisões são tomadas por um conselho consultivo, que é formado por nós - frisa.

A perspectiva para o futuro é boa. Hoje com uma ocupação de 60% a 65%, dentro da meta, os donos do Ramada esperam mais valorização quando o corredor Transolímpico ficar pronto.

Cotas são opção mais barata

Quem não tem dinheiro suficiente para comprar um quarto inteiro pode adquirir uma cota ou uma fração ideal dos hotéis que admitem pequenos investidores. No sistema de cotas, a pessoa adquire um percentual do hotel (é como se fosse um acionista). A diferença para a fração ideal é que, neste caso, adquire-se literalmente uma parte do empreedimento. Nas duas situações, o investidor recebe um rendimento baseado no lucro do empreendimento.

A diretora da Facility Realty, Bianca Carvalho, explica que a compra de cotas ou frações é melhor para quem tem menos recursos. Ela comercializou frações ideais do Hotel Americas Ramada, segundo da rede na região, em construção na Avenida das Américas 13.750:

- A grande vantagem é que o investimento costuma ser mais baixo que comprar um apartamento ou uma unidade de hotel. É possível encontrar cotas por cerca de R$ 100 mil.

Uma das possibilidades de investimento é o AC Hotels Marriott, que será erguido na Avenida Evandro Lins e Silva 600. Walter Oaquim, presidente da Mega Realizações Imobiliárias, responsável pelo edifício, afirma que, num primeiro lote, cada fração ideal foi vendida por R$ 232 mil. O segundo será comercializado no próximo semestre deste ano por cerca de R$ 280 mil.

- O segundo lote será mais caro, mas a pessoa vai ter dez anos para pagar - explica.

O empresário ressalta que comprar uma fração ideal ou cota é um investimento que tem riscos:

- Precisamos tomar muito cuidado com isso. Como em qualquer investimento, não há uma taxa de retorno certa.

As construtoras vêm apostando em atrair sócios para seus empreendimentos porque isso gera caixa, diz Bianca:

- Isso faz com que não seja necessário recorrer a financiamentos em bancos para fazer a obra.

Além do Marriott, pelo menos outros dois hotéis estão sendo erguidos desta forma: o Pestana Rio Barra, na Avenida Lucio Costa 5.650, e o Hotel Premium Design Rio, da rede Blue Tree, na Lucio Costa 17.360, que já teve todas as cotas vendidas.

ABIH alerta para risco no negócio

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), Alfredo Lopes, alerta que há riscos na compra de cotas ou frações ideais deste tipo de empreendimento:

- É necessário compreender o mercado. Imagina um hotel com 600 cotistas que não entendem a operação, que esperam uma rentabilidade constante?

De acordo com ele, a melhor opção é investir em hotéis que têm algum diferencial, como uma bandeira conhecida ou localização privilegiada. Ele vê com melhores olhos o sistema de venda de apartamentos.

-É melhor, porque você é efetivamente dono da unidade. O Fasano (em Ipanema), por exemplo, foi feito assim, por pool. Se você tiver um produto diferenciado, é mais fácil de dar certo. Quando se tem prédios que não estão nem praia nem na Avenida das Américas, fica mais difícil - observa.

Bianca Carvalho, diretora da Facility Realty, dá uma dica a seus clientes que apostam no mercado hoteleiro.

- É importante que o investidor saiba que o que dá bom retorno é a hotelaria de negócios, pois oscila menos. Ou seja, o empreedimento vai se manter bem ocupado ao longo do ano. Este tipo de hotel faz contratos com grandes empresas, o que garante o movimento - avalia.



O Globo, Fábio Teixeira, 22/mai

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Hotéis têm 55% de ocupação para Copa do Mundo


A menos de um mês da Copa, mais de 300 mil diárias foram vendidas para o Mundial nas 12 cidades-sede, informaram o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) e a Match, agência de hospitalidade da Fifa. Isso equivale a 55% do total disponível para vésperas e dias de jogos no país, considerando 97 mil quartos de 600 hotéis associados ao FOHB. As sedes com maior percentual de ocupação são Rio (88%), Natal e Recife, com 84%, cada. São Paulo tem apenas 31%.

- Haverá alta de dez pontos percentuais nessa ocupação total até a Copa - disse Roberto Rotter, presidente do FOHB.

São Paulo é lanterninha no ranking. Para a data de jogo mais procurada na cidade, Brasil x Croácia, que abre o Mundial, em 12 de junho, o aproveitamento está em 42%.

- São Paulo tem 42 mil quartos, é quase o dobro do Rio, que tem 22 mil. Se olharmos os números por diárias vendidas, São Paulo totaliza 78 mil, contra 65 mil no Rio - argumenta Rotter.

A venda de pouco mais da metade dos quartos é compatível com o total registrado no mesmo período antes da Copa na África do Sul e na Alemanha, diz Enrique Byrom, diretor executivo da Match. Os dados excluem bloqueios da agência da Fifa, que devolveu reservas não comercializadas.

Jogos mais procurados foram determinantes para garantir boa ocupação nas cidades-sede, mesmo em destinos menos disputados. A partida entre Japão e Colômbia já ocupou 99% dos quartos disponíveis para a data em Cuiabá. Brasil x México, em Fortaleza, rendeu, até aqui, 98% de quartos vendidos.



O Globo, Glauce Cavalcante, 21/mai

terça-feira, 20 de maio de 2014

Y:Cube, um novo jeito de morar em Londres


As unidades, construídas a partir de painéis de madeira, são montadas numa fábrica e já chegam prontas no seu destino final, por meio de um guindaste. Todas têm água e energia elétrica incorporadas à estrutura da casa, aptas para serem ligadas à rede da cidade.

A prioridade da venda é para quem mora em acomodações provisórias na cidade, como pensões e hostels e não tem como arcar com despesas maiores. Porém, as unidades também podem ser adquiridas por instituições públicas ou ONGs, visando à locação. Neste caso, o aluguel cobrado terá de ser entre 125 e 175 libras (R$ 462 a R$ 647), reduzindo, assim, a necessidade de subsídio de habitação dado pelo governo aos cidadãos de baixa renda.

O novo conceito de habitação, criado para acomodar uma pessoa ou, no máximo, um casal, foi desenvolvido pela ONG YMCA London South West em parceria com as empresas Rogers Stirk Harbour + Partners. Segundo a YMCA, o custo destas novas moradias fica de 25% a 40% mais barato que uma construção tradicional.

O primeiro protótipo já foi feito. O objetivo agora é fazer um primeiro condomínio com 36 unidades no bairro Mitcham. As estruturas serão empilhadas verticalmente em configurações de vários andares e dispostos em torno de um pátio e jardim. Pode parecer um pouco estranho, mas, as fotos mostram que o Y: Cube Housing é um tanto quanto confortável. Confira na nossa galeria e tire suas conclusões.



O Globo online, Morar Bem, 20/mai

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Nada de bolha imobiliária


Preocupadas com rumores de uma possível bolha imobiliária (quando há muita especulação ou quando o preço dos imóveis sobe muito acima da inflação), construtoras do Rio se unem e reforçam a tese de que não existe crise no setor. Os lançamentos estão previstos para antes e depois da Copa do Mundo e contam com ofertas para todas as faixas de renda. O financiamento pode chegar a 90%, com juros mais acessíveis e prazo de até 35 anos para pagar.

Segundo o presidente do Creci-RJ, Manoel da Silveira Maia, não há risco de bolha imobiliária no Brasil. "Há uma grande diferença entre o que aconteceu nos Estados Unidos em 2008 e o mercado imobiliário brasileiro. O americano fazia seguidas hipotecas e pagava as parcelas no cartão de crédito . Aqui não. Não há transação no papel, há transação no dinheiro", ressalta Maia. Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, diz que só existe bolha quando o saldo devedor supera o preço do imóvel. "Não é o que acontece no Brasil. Hoje, com a economia forte, a inflação sob controle e um momento de emprego muito bom, as pessoas estão fazendo upgrade em seus imóveis. O brasileiro tem cultura patrimonialista. Nos últimos dez anos, nenhum investimento valorizou tanto quanto um imóvel", conta Vasconcelos.

Também contrário aos rumores de bolha, Arnon Velmovitsky, presidente da Comissão de Direito Imobiliário do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), explica que os financiamentos seguem rigorosa e prévia avaliação, sendo liberado percentual inferior ao valor do imóvel, o que dilui o risco no caso de eventual queda dos preços de mercado. "A garantia de pagamento do empréstimo é o própr i o be m a dqui r i do pel o cliente. É feita análise minuciosa para que o comprador esteja mais do que apto a honrar a prestação pactuada", complementa Velmovitsky.

Entre as construtoras que estão com lançamentos está a Mega 18 com o comercial Fontana di Successo, em Jacarepaguá. No mesmo bairro, a Calper lançará o Brise, residencial com 228 unidades. O Grupo Avanço Aliados escolheu a Freguesia para lançar dia 28 o Araguaia Conception Residences, com 35 unidades. No Recreio dos Bandeirantes, o Maiu, da Calçada, terá 477 unidades na primeira fase.

Na Zona Sul, a construtora Mozak prepara dois lançamentos. O Villa Humaitá, com 13 unidades, e o Cenário, em Botafogo, que terá 16 unidades de dois quartos.



O Dia, Cristiane CFampos, 18/mai

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Após boom, mercado imobiliário estabiliza preços


Nos últimos anos, o setor de construção civil não parou de crescer no Brasil. Prédios e mais prédios foram construídos no embalo do aumento de renda e da expansão do crédito. Mas, junto com o fenômeno, veio algo que chamou a atenção de consumidores e especialistas: o aumento vertiginoso dos preços dos imóveis.

O aumento médio de 13,7% em 2013 e também em 2012, além de quase o dobro (26%) em 2011, de acordo com o Índice FipeZap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, faz com que alguns economistas ainda cogitem a possibilidade de uma bolha imobiliária no País. Mas, para outros especialistas, depois da escalada de preços, o preço dos imóveis deve subir menos em 2014.

"O mercado dá sinais de uma certa acomodação", afirma Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec/RJ. "Entretanto, nas grandes capitais e cidades-sedes da Copa que sofreram obras de infraestrutura impactante, os bairros mais próximos dessas melhorias continuam muito valorizados."

O economista Júlio Gomes de Almeida, da Unicamp, afirma que, em regiões como o Rio de Janeiro, o aumento dos imóveis foi excessivo devido aos custos da compra de um terreno em lugar privilegiado, como na zona sul, que engloba bairros como Ipanema, Leblon e Copacabana.

"Mas há um processo especulativo forte em relação aos terrenos localizados nas áreas urbanas, fazendo com que os preços dos imóveis fiquem muito elevados", explica o especialista.

Ano atípico

Segundo Braga, este ano deverá ser de maior cautela, já que 2013 não foi tão positivo para a economia brasileira. Além disso, por ser ano de eleições, o governo federal não deve mexer de forma brusca na economia. De acordo com o especialista, mesmo com os preços subindo menos, não deve ocorrer uma queda generalizada, já que o mercado segue aquecido por haver um deficit histórico de moradias no Brasil e também por causa do farto financiamento para as famílias brasileiras.

De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 2013 alcançou um novo recorde histórico, com R$ 109,2 bilhões em financiamentos. No período, 530 mil imóveis foram financiados. Para 2014, a expectativa é que as concessões alcancem R$ 126 bilhões, ou 15% a mais.

Para o economista Celso Grisi, da Fundação Instituto de Administração (FIA), mesmo que os custos das construtoras com terrenos, salários, aluguel de equipamentos e importação de insumos continuem altos, os preços das unidades habitacionais não deverão subir mais do que o valor da inflação - cerca de 6%. "As empresas vão ter que ganhar em produtividade para evitar a redução da margem de lucro", afirma.



Exame online, 16/mai