quinta-feira, 10 de outubro de 2013

De olho nos VIPS da Copa


Quando se fala em negócios ligados à Copa do Mundo de 2014, o que vem à cabeça são as grandes obras de engenharia, como os estádios e os equipamentos de mobilidade urbana, além de hotéis, naturalmente. 

Contratos milionários para o fornecimento de material esportivo e outros itens que serão vistos nas ruas e nos estádios também compõem essa lista. Mas tão importante quanto a parte mais visível dessa festa é seu lado, digamos, oculto. É exatamente nesta última vertente que se concentram as apostas da japonesa Toto, fabricante de louças e metais sanitários. A empresa bateu concorrentes locais e se tornou a fornecedora dos equipamentos instalados nos banheiros da Arena Corinthians, que está sendo construída na zona leste da cidade de São Paulo.
Trata-se de uma vitrine mesmo para a Toto cujas vendas globais atingiram US$ 4,8 bilhões no ano fiscal encerrado em março de 2013. Isso porque o estádio será palco da primeira partida da Copa do Mundo de 2014. "Nossa meta é fazer do Brasil um de nossos principais mercados fora do Japão", afirma David Krakoff, presidente da subsidiária da Toto no País. 

O contrato, cujo valor não é revelado, é estratégico também, porque inclui a instalação dos produtos nas áreas vips da arena. Trata-se de um público que está no foco da Toto, pois é capaz de gastar até R$ 4 mil em um equipamento sanitário. Mas antes mesmo de rolar a bola no Itaquerão, o novo templo mundial do esporte bretão, a Toto já está marcando gols no mercado local de produtos com pegada high tech.
Sua estrela nessa disputa é o washlet, bidê eletrônico com assento aquecido, ducha higiênica e sistema de secagem, que custa R$ 3,6 mil. "Na primeira apresentação, já vendemos dez peças", diz Krakoff. Para se instalar no Brasil, a Toto fez um investimento de US$ 6 milhões em 2011, para estruturar a operação. No ano seguinte, inaugurou uma fábrica no município de Jundiaí, a cerca de 150 quilômetros da capital paulista. O montante desembolsado na unidade não foi revelado. Ali, estão sendo fabricadas bacias sanitárias, cubas e caixas de descarga dos modelos da Toto mais vendidos no País. Segundo o executivo, a ideia é aumentar a produção em um ritmo lento, mas consistente, o que permitiria a redução dos preços de venda ao consumidor final.
"Os custos de importação são altos, por isso queremos nacionalizar as linhas que são mais procuradas", afirma Krakoff. De acordo com ele, a fábrica brasileira é semelhante à instalada nos Estados Unidos, onde a Toto já detém 9% do segmento de bacias sanitárias. 

Nascido na Rússia, Krakoff foi escolhido para o cargo pelo seu conhecimento do mercado brasileiro. Na década de 1990, ele fazia parte do time da Electrolux quando a fabricante sueca de produtos de linha branca comprou a paranaense Refripar, dona da marca Prosdócimo. "O Brasil mudou muito desde então", diz. "Vejo como um país promissor e que está no foco de muitas empresas." A Toto, porém, não foi a única empresa do setor de louças sanitárias a enxergar isso.
Nos últimos dois anos, já desembarcaram aqui a suíça Laufen e a alemã Hansgrohe. 

"Esse movimento ajuda a puxar o mercado para cima", diz o superintendente da Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), Antonio Carlos Kieling. Segundo ele, o nicho de alto luxo tem crescido no País e suas perspectivas são positivas. Um dos fatores é a construção de um maior número de hotéis, de todos os portes e níveis de sofisticação, no rastro da euforia em torno da Copa do Mundo de 2014.


IstoÉ Dinheiro, Luciele Velluto, 10/out