quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Grupo Vila Galé investe R$ 100 milhões no Rio


O grupo português Vila Galé está transformando uma área de mais de 8 mil m2 na Lapa, região central do Rio, em um complexo hoteleiro com cara de resort e 298 quartos. Para isso, restaura o palácio que pertenceu ao Visconde de Morais. Com investimento total de R$ 100 milhões, o palácio ganhará 12 suítes exclusivas, que serão a face mais glamourosa do projeto. Outros três anexos com características distintas, um centro de convenções, restaurante, piscina e mini spa dão o tom urbano à unidade.

Presidente do conselho de administração do grupo, o empresário Jorge Rebelo de Almeida, toca pessoalmente o empreendimento. Longe de ser uma restauração fiel, o que ele faz é colocar de pé novamente o palácio e seus anexos, inclusive usando muito material comprado nas vizinhanças da Lapa. Enquanto mostra a obra, o empresário relata as inúmeras tentativas mal sucedidas de aproveitar a estrutura existente. "A gente tenta preservar, mas percebe que não vai sustentar. Então, derruba e tem que levantar tudo de novo", conta.

Ornatos de cimento são produzidos no polo de construção que existe a algumas quadras, os ladrilhos hidráulicos vêm do interior do Estado e todos os itens de ornamentação de ferro com características originais, como postes e gradil, são produzidos por um açoriano radicado há mais de 50 anos no Rio. "Já é um brasileiro", diz o empresário português, que passa uma semana por mês no Brasil.

Com cinco hotéis no Brasil e 18 em Portugal, Almeida conta que 40% do faturamento do grupo já vem do país. A rentabilidade da operação brasileira é inferior, em função do modelo de negócios. Por aqui, todos os hotéis são resorts, com tudo incluído, o que reduz a margem. "A receita em Portugal caiu 25% depois da crise, mas esse ano já recuperou um pouco", conta, sem detalhar os números.

O empreendimento carioca traz inovação para a operação brasileira. Todos os outros estão à beira mar e, embora contem com estruturas para convenções e eventos, priorizam o segmento turístico, com foco no público familiar.

No Rio, o novo hotel ficará em uma área central, densamente povoada, perto de grandes empresas, casas noturnas e restaurantes novos e tradicionais com movimento quase 24 por dia. O palácio foi comprado dos herdeiros do Visconde - metade deles morando no Brasil e a outra metade, em Portugal -, e estava alugada há mais de 60 anos para uma escola. Ao lado, o Vila Galé comprou um galpão, onde fará estacionamento e alojamento para empregados. "Foram três anos procurando uma oportunidade no Rio", conta o empresário que chegou a pensar em construir o primeiro Vila Galé da cidade na Barra da Tijuca.

"Todos os nossos hotéis no Brasil estão perto da praia e funcionam no modelo resort, com tudo incluído e tarifas competitivas. Esse vai atender um público mais diversificado: o turista e o executivo", diz, sem parecer arrependido de ter se distanciado do mar.


Valor Econômico, 31/out