quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Grupo Vila Galé investe R$ 100 milhões no Rio


O grupo português Vila Galé está transformando uma área de mais de 8 mil m2 na Lapa, região central do Rio, em um complexo hoteleiro com cara de resort e 298 quartos. Para isso, restaura o palácio que pertenceu ao Visconde de Morais. Com investimento total de R$ 100 milhões, o palácio ganhará 12 suítes exclusivas, que serão a face mais glamourosa do projeto. Outros três anexos com características distintas, um centro de convenções, restaurante, piscina e mini spa dão o tom urbano à unidade.

Presidente do conselho de administração do grupo, o empresário Jorge Rebelo de Almeida, toca pessoalmente o empreendimento. Longe de ser uma restauração fiel, o que ele faz é colocar de pé novamente o palácio e seus anexos, inclusive usando muito material comprado nas vizinhanças da Lapa. Enquanto mostra a obra, o empresário relata as inúmeras tentativas mal sucedidas de aproveitar a estrutura existente. "A gente tenta preservar, mas percebe que não vai sustentar. Então, derruba e tem que levantar tudo de novo", conta.

Ornatos de cimento são produzidos no polo de construção que existe a algumas quadras, os ladrilhos hidráulicos vêm do interior do Estado e todos os itens de ornamentação de ferro com características originais, como postes e gradil, são produzidos por um açoriano radicado há mais de 50 anos no Rio. "Já é um brasileiro", diz o empresário português, que passa uma semana por mês no Brasil.

Com cinco hotéis no Brasil e 18 em Portugal, Almeida conta que 40% do faturamento do grupo já vem do país. A rentabilidade da operação brasileira é inferior, em função do modelo de negócios. Por aqui, todos os hotéis são resorts, com tudo incluído, o que reduz a margem. "A receita em Portugal caiu 25% depois da crise, mas esse ano já recuperou um pouco", conta, sem detalhar os números.

O empreendimento carioca traz inovação para a operação brasileira. Todos os outros estão à beira mar e, embora contem com estruturas para convenções e eventos, priorizam o segmento turístico, com foco no público familiar.

No Rio, o novo hotel ficará em uma área central, densamente povoada, perto de grandes empresas, casas noturnas e restaurantes novos e tradicionais com movimento quase 24 por dia. O palácio foi comprado dos herdeiros do Visconde - metade deles morando no Brasil e a outra metade, em Portugal -, e estava alugada há mais de 60 anos para uma escola. Ao lado, o Vila Galé comprou um galpão, onde fará estacionamento e alojamento para empregados. "Foram três anos procurando uma oportunidade no Rio", conta o empresário que chegou a pensar em construir o primeiro Vila Galé da cidade na Barra da Tijuca.

"Todos os nossos hotéis no Brasil estão perto da praia e funcionam no modelo resort, com tudo incluído e tarifas competitivas. Esse vai atender um público mais diversificado: o turista e o executivo", diz, sem parecer arrependido de ter se distanciado do mar.


Valor Econômico, 31/out

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Inflação do aluguel desacelera em outubro para alta de 0,86%


O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), principal indicador de reajuste de contratos de aluguel, desacelerou de 1,50% em setembro para 0,86% em outubro, divulgou a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O resultado do IGP-M de outubro ficou dentro do intervalo das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo AE Projeções, entre 0,83% e 0,97%, e abaixo da mediana de 0,91%.

Entre os três indicadores que compõem o IGP-M, o IPA-M saiu de 2,11% em setembro para 1,09% em outubro. Na mesma base de comparação, o IPC-M saiu de 0,27% para 0,43%. O INCC-M desacelerou de 0,43% para 0,33%.

A variação acumulada do IGP-M em 2013 é de 4,58%, enquanto a taxa acumulada em 12 meses até outubro é de 5,27%.



O Estado de São Paulo, 30/out

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Hotéis mais perto de ônibus e aeroporto


Graças a investimentos estimados em R$ 4 bilhões, o Rio de Janeiro poderá oferecer durante a Olimpíada de 2016 uma rede hoteleira com acomodações mais próximas de linhas de ônibus e do aeroporto. A avaliação é da Rio Negócios, agência de promoção de investimentos do governo municipal, que atuou junto à iniciativa privada para pulverizar as novas unidades pela cidade e adequar o perfil dos empreendimentos às características de cada região.

"O mapa hoteleiro foi planejado para facilitar o trânsito na cidade. O turista ou executivo poderá escolher se hospedar ao lado do aeroporto e transitar pela cidade em transporte público ou seguir para regiões centrais ou para a Barra", afirma o diretor de inteligência de negócios da agência, Francisco Grelo, que espera ter até o fim de 2015, 19 mil quartos (unidades hoteleiras) adicionais, distribuídos em 75 novos hotéis, cinco unidades modernizadas (retrofits) e dez expansões.

Em relação ao cenário atual, os bairros de Copacabana - servido por três estações de metrô; Barra da Tijuca, onde desembocarão uma linha de metrô e dois sistemas de BRTs (Bus Rapid Transit) - e Centro - que tem a melhor infraestrutura de acesso aos aeroportos - continuarão concentrando o maior número de unidades, mas perderão participação relativa. Passarão de 57% das unidades em 2013 para 63% em 2016.

A Barra ganhará participação relativa e absoluta. Sua fatia passará dos atuais 8% para 16% de um universo de 52,5 mil unidades - hoje são 33,2 mil. Terá a segunda posição em oferta de quartos, atrás apenas de Copacabana.

Para o diretor da Rio Negócios, o reforço na rede hoteleira da região não deve ser atribuído apenas à demanda que será criada pelos equipamentos olímpicos que serão construídos lá. A estrutura de negócios e entretenimento que já existe no bairro justifica a estratégia. "Recentemente, os hotéis da Barra tiveram 100% de ocupação por conta de um evento de UFC (Ultimate Fighting Championchip, campeonato de artes marciais mistas)", relata.

Sem nenhum novo empreendimento, bairros tradicionais como Ipanema e Leme perderão participação. Outros bairros, antes fora do roteiro, como a Ilha do Governador - onde está localizado o aeroporto internacional Tom Jobim - e as regiões no entorno do Maracanã, entrarão no circuito.

"Tomamos algumas medidas para facilitar essa pulverização, como a permissão de uso em novas regiões da cidade e o incentivo à conversão de motéis em hotéis", conta. O número de unidades hoteleiras, que inclui hotéis, motéis e apart hotéis, deve aumentar 58% de 2013 para 2016, enquanto o número de quartos em hotéis, efetivamente, crescerá 87%. "Foram convertidos mais de 1 mil quartos de motéis", diz Grelo, lembrando que os dados não consideram meios de hospedagem alternativos, como os "bed & breakfast", muito procurados na cidade.

O percentual de unidades de três, quatro e cinco estrelas passará de 82%, em 2013, para 89%, em 2016, com a redução de unidades de duas ou nenhuma estrela. Também cresce o número de unidades de três estrelas.

"Esses empreendimentos não ficarão ociosos após a Olimpíada. São adequados também ao fluxo de turismo que a cidade recebe tradicionalmente, principalmente de negócios, nas áreas de energia, óleo e gás", diz Grelo. Mais de 50% do PIB da cidade vem dessas atividades e não do turismo, como muitos acreditam, observa ele.

Grelo alerta ainda que os números de 2013 já mostram uma evolução em relação ao perfil da rede hoteleira na epóca em que a cidade foi escolhida como sede do Jogos Olímpicos. Mesmo assim, a evolução mais significativa ocorrerá nos próximos dois anos, quando as 7,6 mil unidades hoteleiras em construção e as 3,9 mil licenciadas começarem a operar. "E ainda temos 7 mil em análise", completa, lembrando que entre 2011 e setembro desse ano foram licenciados 84 novos empreendimentos. Antes, entre 2002 e 2010, a média de licenças foi de 1,7 ao ano.


Valor Econômico, Renata Batista, 29/out

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Londres inspira modelo carioca


Todos apostam na Avenida Abelardo Bueno, no trecho próximo à Avenida Ayrton Senna, como o principal eixo comercial do Centro Metropolitano do Rio em futuro próximo. Hoje, ela já tem quase 20 mil moradores e nove mil domicílios. A projeção é de que chegue no ano de 2023 com mais do que o dobro de habitantes e 20 mil domicílios.

Balanço do que ocorreu em outras cidades brasileiras que são hoje exemplo de leapfrogs (áreas emergentes de grande crescimento urbano), mostra que a região poderá ter um desenvolvimento vertiginoso nos próximos dez anos. Um exemplo concreto é a cidade de Águas Claras, em Brasília, antigo bairro da cidade satélite de Taguatinga, que saiu de uma população de pouco mais de 25 mil habitantes para 105.013 moradores, entre 1991 e 2010. 
Neste ano, ela passou a ter 34.789 domicílios, sendo que, anteriormente, eles não passavam de 6.942.

A Abelardo Bueno, coração do futuro Centro Metropolitano da cidade, também passou a ser a meninas dos olhos do mercado imobiliário não só pelo alto padrão de arquitetura dos prédios que começam a ser erguidos ali, mas também pelo perfil puramente de negócios que vem se desenhando no local, que foi o palco privilegiado do último Rock in Rio e será sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

Além disso, investimentos em infraestrutura, particularmente de transportes, facilitarão a vida dos moradores e de quem transita pela área. A Transcarioca, a ser inaugurada no primeiro semestre do ano que vem, será o primeiro corredor expresso que fará ligação direta com o Aeroporto Internacional Tom Jobim, partindo da Barra. É exatamente no trecho do eixo comercial que a PDG e a AGER se preparam para lançar o The City, o primeiro business distrid, inspirado em um modelo de negócios bem-sucedido de Londres.

O The City, inicialmente, terá três torres de 1.033 offices, uma torre corporativa e um mall de cinco mil m² de área inteiramente locável. "Um dos seus grandes diferenciais é que tanto as salas corporativas quanto as lojas serão construídas apenas para locação futura. Só as salas comerciais serão vendidas. O fato do proprietário do terreno ter ficado com toda a torre corporativa, pensando em locação futura desses espaços, já mostra que o empreendimento será bem-sucedido, caso contrário, não apostaria em sua aquisição", diz Antonio Henrique Neves, sócio-diretor da AGER.

Empresário e publicitário

O conjunto de torres, a ser construído em terreno de 100 mil m², abrigará 18 mil m¹ de área corporativa, cujas salas terão entre 450 a 700 m², com possibilidade de junção. Já as torres dos offices se constituem em salas com 20 m² ou 43 m² para instalação de escritórios de profissionais liberais ou de pequenas empresas, também com possibilidade de ampliação.

O diretor-executivo Regional da PDG, Cláudio Hermolin, revela que a Arquitetônica, um dos mais renomados escritórios de arquitetura internacionais, foi contratado para fazer o projeto porque as duas empresas queriam trazer para o Rio um conceito de distrito de negócios adaptado à realidade da cidade. "Achamos que mesclar a experiência de incorporação do mercado imobiliário da PDG e da AGER com a de projetos de empreendimentos internacionais da Arquitetônica funcionaria. A parceria deu certo: é o The City".

Para se ter uma ideia de sua imponência, a London Boulevard, rua que conecta os quatro edifícios, terá 25 metros de largura, a mesma da 5ª Avenida em Nova Iorque, o que configura a qualidade do empreendimento", afirma Neves.

O modelo que inspirou o business distrid da Avenida Abelardo Bueno, pioneiro na cidade, é o de construção de prédios e escritórios comerciais que garantam aos executivos e seus funcionários fazer tudo o que necessitam no mesmo espaço integrado.

Eles terão locais de reuniões à disposição, assim como praça de alimentação e serviços diversos de profissionais liberais, a exemplo de advogados, médicos e dentistas. "Uma grande empresa que se instale em 5 mil m², por exemplo, deverá ter algo em torno de 500 funcionários e estes, com certeza, deverão demandar uma gama de serviços que serão prestados pelos profissionais liberais instalados nos offices", assinala o diretor da AGER.

Ele acredita que somente empreendimentos do porte do The City, que terá vista privilegiada para a Lagoa de Jacarepaguá, darão a garantia futura de valorização dos imóveis aos seus proprietários.



O Globo, Especial Cidade Barra, 27/out


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Próxima parada: Nova York


O desejo de viver ou investir no topo do mundo atiça sua imaginação? Está em dúvida entre aquele apartamento de fim de semana no Leblon ou um estúdio no Upper East Side? Então prepare as malas e o passaporte. Seu dinheiro renderá mais entre os rios Hudson e East, que banham Manhattan, do que pegando um bronze na orla carioca. Quem garante isso é o economista niteroiense Robson Lemos, expert em vender imóveis em Manhattan - são mais de 300 apartamentos, além de 200 prédios comercializados inteiros, nos últimos 20 anos. "Você vai pagar mais caro, mas terá uma taxa de retorno de 3,5% a 5% ao ano", afirma. "Você consegue isso nos Jardins ou em Ipanema?", desafia. 

Contratado da Corcoran Real State desde 1995, Lemos vem ao Brasil a cada 30 dias para mostrar oportunidades na ilha a investidores brasileiros. Gente que quer diversificar seus investimentos e que, há três anos, percebeu que atuar no mercado imobiliário americano, a despeito da crise dos subprime do fim da década passada, é menos arriscado do que se imaginava. Lemos usa como exemplo a aquisição de uma casa de US$ 3 milhões em um bairro nobre paulistano. Para ter um retorno satisfatório, seria necessário alugá-la por, no mínimo, R$ 15 mil. 

O problema é achar quem pague essa conta. "As coisas aqui ficaram caras e as pessoas já notaram que é mais fácil usar esse valor para pagar um financiamento do que um aluguel", diz ele, responsabilizando o boom do mercado nacional pela baixa rentabilidade dos imóveis de alto padrão.Com esse perfil mais sofisticado, ainda é possível encontrar bons negócios em Manhattan. A cidade, contudo, tem vivido certa escassez em imóveis abaixo de US$ 3 milhões. Segundo Lemos, existem no momento apenas quatro unidades dessa categoria à venda, de metragens reduzidas e fora dos melhores pontos da ilha. 
  
Entretanto, as oportunidades existem e a reduzida burocracia dos bancos americanos auxilia na hora da compra. "Vendi um estúdio de US$ 550 mil no Chelsea a um brasileiro que tirou apenas US$ 110 mil de seu plano de aposentadoria", afirma Lemos. "O restante foi pago pelo aluguel que o inquilino, que já morava ali, lhe pagava mensalmente." Em pouco mais de dez anos, o comprador terá um apartamento de US$ 700 mil. Lemos diz que não há plano de previdência no País que ofereça o mesmo retorno. Na falta de bons apartamentos médios, Lemos tem focado na venda de unidades de altíssimo padrão. 

O mais elegante de seu currículo foi um no sexto andar do 525 Park Avenue, de 350m², quatro quartos, duas salas e arquitetura italiana do século 19. "Fica perto do parque, colado no The Plaza. É o melhor dos mundos", lembra ele, O negócio foi fechado em US$ 10 milhões. Entre os edifícios, ele negocia com um grupo de brasileiros a aquisição de um endereço na rua 67, entre a Madison e a Park Avenue, por R$ 11 milhões. Os apartamentos estão alugados e já renderam cerca de 4% ao mês aos investidores. Mas a ideia é promover uma reforma e vender unidade por unidade, algo que deverá atingir a cifra dos US$ 22 milhões. 
 
"O dobro do que pagarão caso façamos a venda", diz. Morador da cidade desde 1985, quando produzia shows e turnês internacionais para músicos brasileiros consagrados, como Caetano Veloso, Djavan e Nana Caymmi, Lemos identificou três zonas de expansão imobiliária da cidade. A primeira é o entorno do High Line Park, um jardim elevado sobre uma linha férrea de 1,6 km, que foi inaugurado em 2009. "O lugar virou um show­room de arquitetos internacionais famosos, com novos hotéis, restaurantes e terrenos ainda grandes para construir", diz. 

A vizinhança da Universidade Columbia, entre a 96 e 116 West, também se valorizou, graças ao nível econômico dos universitários. "E eles se mudam rapidamente, o que permite atualizar o aluguel a cada novo contrato", afirma. Por fim, os apartamentos na região das Torres Gêmeas. A área virou um grande canteiro de obras desde a tragédia do 11 de setembro e viu o valor do metro quadrado despencar. Contudo, 12 anos depois, o local está quase todo recuperado, com novos prédios comerciais, estações de metrô e boulevards. Quando tudo for entregue, o preço dos pequenos apartamentos da região irá às alturas. 
 
Não só porque ficam em Wall Street e a turma das finanças adora ir a pé ao trabalho com seus copos de café duplos, mas pelo desejo mórbido de se ver de perto o lugar atingido pelos aviões sequestrados pela Al Qaeda. "Para se ter uma ideia, o metro quadrado do Hotel W, que fica em frente, custa hoje US$ 30 mil, o mesmo valor de Park Avenue", diz Lemos. Se os atentados valorizaram as cercanias do finado World Trade Center, eles criaram também uma certa rejeição a prédios muito altos, embora imensos arranha-céus continuem a ser erguidos, como o ultra high tech 432 Park Avenue, o maior edifício das Américas, com 425 metros de altura, criado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly. No entanto, clientes da Corcoran têm pedido cada vez mais por apartamentos abaixo do décimo andar. "Eles ficaram com pavor de andares altos depois daquele ano."



IstoÉ Dinheiro, Fabiano Mazzei, 25/out

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Transformações são oportunidade para o Rio


Mais que um desafio, a grande onda transformadora pela qual passa o Rio é uma oportunidade para a cidade e para seus habitantes. Esta é a opinião do urbanista inglês e do diplomata Alemão Thomas Matussek, que estão à frente da conferência "Urban Age: Transformações Urbanas", que acontece nesta quinta e sexta-feira no Palácio do Itamaraty. Organizado pela London School of Economics andPolitical Sciences e pela Alfred Herrhausen Society of Deutsche Bank, o encontro reunirá líderes municipais, investidores, designers, acadêmicos e ativistas para trocar experiências e discutir as transformações sociais, econômicas e urbanísticas, muitas vezes drásticas, de metrópoles como o Rio, Londres e Barcelona. Os dois acreditam que as mudanças não devem ter como prazo o início das Olimpíadas, em 2016, e que boas escolhas podem estender as transformações para além do evento, num processo que pode transformar a cidade em um bom lugar para todos os seus habitantes.

Burdett, que é diretor do LSE Cities and Urban Age, um centro internacional de pesquisas que estuda como as pessoas e as cidades interagem em um mundo em rápida urbanização, diz que o Rio, que enfrenta os mesmos problemas de outras megalópoles, tem como um dos maiores desafios gerenciar as diferenças e os problemas que surgem com a mudança.

- O que faz a sua cidade tão linda é o mesmo que faz dela uma cidade tão difícil de planejar. A topografia, por exemplo, é um problema. Em termos de paisagens, Londres é uma cidade muito entediante. E construir trens ou autoestradas para fora da cidade é muito mais difícil aqui que em Londres, que é plana. Mas em termos de engenharia, lidar com isso não custa tanto. Acho que seus BRTs, por exemplo, são bons exemplos. Mas vejo também que há desafios no campo social, muito mais do que nós temos. Ainda assim, são problemas que podem ser administrados. Você só precisa estar atento a elas. E preciso saber o que fazer com eles.

Ele cita a Rocinha e o complexo de favelas do Alemão, como exemplo. Para ele, que chama a atenção para a visibilidade que as transformações nestas comunidades ganhou mundo afora, estes espaços não devem ser extirpados, mas integrados às cidades.

- Há milhares de famílias morando ali. E cada morador tem conexões sociais. Seus pais, tios, amigos, algo que compõe uma identidade que precisa ser observada.

Neste sentido, Matussek, que hoje dirige a Alfred Herrhausen Society, uma organização sem fins lucrativos pesquisa de novas formas de governança como uma resposta para os desafios do século 21, diz que a chave para a questão está nas pessoas.

- Esta é uma discussão que tem a ver com as mudanças. Mas tem a ver também com interações entre os vários grupos que influenciam a cidade. Ao contrario da crença de algumas pessoas, não é a estrutura física que faz a cidade, mas as pessoas. Este é o motivo pelo qual nós estudamos tanto.

Eles explicam que, desde 2005, a LSC Urban Age tem estudado os indicadores de grandes cidades do mundo (além do Rio, os pesquisadores avaliam as cidades de Hamburgo, Bogotá, Barcelona, Hong Kong, Istambul, São Paulo, Bombaim, Joanesburgo, México, Londes e Nova York) e organizado conferencias em cada uma delas para discutir problemas, propor soluções e fazer com que seus líderes e atores mais importantes troquem experiência. Sobre o Rio de Janeiro, que será palco da 12ª edição do encontro, eles afirmam que a cidade é um dos melhores exemplos do que este processo de transformação é capaz.

- Um intenso processo de transformação está acontecendo nestas cidades. E qual cidade é melhor para mostrar isso que o Rio de Janeiro? O que está acontecendo na sociedade brasileira acontece sob uma lente de aumento aqui - diz Matussek.

Burdett diz ainda que a idéia da conferência é transformar o Rio em uma espécie de plataforma. Não apenas para falar de todas estas diferentes experiências, mas para aprender com cada uma delas.

- Uma coisa interessante é que o mundo todo está observando o que está acontecendo ao Porto Maravilha. O que está acontecendo ao Complexo do Alemão, o que está acontecendo na Barra da Tijuca, o que está acontecendo a áreas da Zona Norte, como Madureira. Tudo está sendo modificado em sua cidade. Este é um momento de mudanças muito excitante. Mas, o que quero dizer é que, estamos usando estas conferencias para trazer pessoas que passaram por estas experiências, algumas boas e outras ruins, pois nem tudo é perfeito, mas que podem podem ser úteis na organização deste processo - diz Burdett, frisando que o evento não tem a intenção de impor soluções ou ponto de vistas.

- O ponto é: nosso grupo não está vindo para dizer aos cariocas ou ao prefeito como fazer. Este é um painel para trocar experiências. Não viemos ao Rio para dizer aos cariocas como conduzir este processo. Não é isso. Em primeiro lugar, todos nós aprendemos muito aqui. E o segundo ponto é: por que não tirar experiencias do encontro?



O Globo, Natanael Damasceno, 24/out

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Expansão e futuro do Rio passam pela Barra


Um dos maiores estudiosos do tema mobilidade urbana no Rio de Janeiro, principalmente na região da Barra da Tijuca, o presidente da construtora Carvalho Hosken, Carlos Fernando de Carvalho, reconhece que os problemas na área são grandes desafios e enfatiza que está mais do que na hora de se fazer uma revisão dos projetos das redes de tráfego do Rio. "As novas vias expressas e seu BRTs que estão chegando à Barra são muito bem-vindos e resolverão o problema da acessibilidade, mas não podemos basear o desenvolvimento da cidade apenas em autoestradas", avalia Carlos Carvalho, destacando que a acessibilidade na Barra deverá levar para lá uma população diária de 2 milhões de pessoas. 

Carlos Carvalho lembra que a Barra da Tijuca tem uma extensão territorial muito grande, o que implica em ajustes dos projetos de mobilidade executados na região."O transporte por vias expressas vai fazer o passageiro saltar a grandes distâncias do destino final. Quando sair do ônibus, o que fará?", questiona.

Ele defende um olhar mais atento das autoridades e pensadores da mobilidade urbana para o uso de balsas como meio de transporte nas lagoas internas da Barra da Tijuca e exalta o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). A proibição de transportes não legalizados, como as vans piratas, segundo o presidente da Carvalho Hosken, também é considerada uma ação estratégica.

"Já não resta dúvida de que a cidade cresce para em direção à Barra, como anteviu o urbanista Lúcio Costa. Com a primeira parte, que vai do Jardim Oceânico até a Ayrton Senna, bastante desenvolvida e passados mais de 40 anos do início da ocupação no bairro, chegou a hora da constru¬ção da nova centralidade do Rio", defende.

Segundo Carlos Carvalho, essa nova visão da cidade passa pela Avenida Abelardo Bueno, que margeia o centro metropolitano e já pode ser considerada a mais bela avenida da região."Ela ficará ainda mais bonita com o término das obras dos corredores expressos Transcarioca eTransolímpica", destaca o empresário, acrescentando que ali já nascem grandes empreendimentos imobiliários, como o Hotel Hilton e o Shopping Metropolitano, além de vários conjuntos comerciais e corporativos. "Vale lembrar que ali do lado está sendo erguido o Parque Olímpico, um dos principais projetos da Olimpíada de 2016", completou.

Para o presidente da Carvalho Hosken, o prosseguimento desse desenvolvimento pela Avenida Salvador Allende, que também receberá intervenções que vão quadruplicar o seu tamanho, até a Ilha Pura, é o coroamento da nova centralidade da cidade. "Isso tudo com fecho de ouro das lagoas limpas, abastecimento de água, esgoto e energia. Teremos muitas mudanças nos próximos anos", celebra o executivo.

A atuação da Carvalho Hosken, segundo seu presidente, é a de promover uma ocupação com a construção de empreendimentos autossustentáveis, verdadeiros bairros independentes, em que a população local cuida da conservação e segurança, dispensando a intervenção do poder público. Ele lembra o sucesso de empreendimentos construídos pela empresa a partir da década de 70, como o Village São Conrado e o Atlântico Sul, entre outros, que deixaram um legado positivo para as regiões onde estão inseridos.

Nos anos 80, a empresa começou a preparar o local para erguer a Península, recuperando os manguezais, abrindo as avenidas e fazendo o paisagismo. "Com isso pronto, demos início à construção dos prédios no início do século 21 com vários parceiros. Uma década depois, lá está a Península totalmente cuidada pelos seus moradores", cita.

O futuro da urbanização da região, segundo Carlos Carvalho, seguirá naturalmente rumo ao Recreio. "Isso ficará para depois. O Recreio tinha vocação de ser o que o Leblon é para a Zona Sul, mas o bairro já recebeu uma ocupação sem grande planejamento, por isso seu destino será de uma área mista.com ocupação variada", finaliza o presidente da Carvalho Hosken.



Jornal do Commercio, Documento Especial, 23/out

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A aposta do momento são imóveis de três quartos e maiores


A necessidade das famílias de ocuparem espaços maiores leva as construtoras a investirem em apartamentos de três quartos. De acordo com o diretor da Construtora Pinto de Almeida, José Francisco Vieira Coelho, esse tipo de imóvel já representa dois terços dos lançamentos.

"Lançamos esse ano, dois empreendimentos com imóveis de três quartos: Quintas de Icaraí e The Place, ambos no bairro de Icaraí, um dos mais valorizados na cidade", aponta José Francisco.
Para Vicente Maciel Filho, diretor da construtora Fernandes Maciel, a mudança no valor do crédito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) que passou de R$ 500 mil para R$ 750 mil pode alavancar as vendas e consequentemente aumentar os preços.

"Esse tipo de empreendimento geralmente custa a partir de R$ 650 mil. Por enquanto o preço é este, mas devido ao estreitamento previsto da oferta em função do bloqueio de novos projetos, deve aumentar", revela Vicente Maciel.

Segundo o executivo José Francisco Vieira, os imóveis de três quartos ou mais são muito procurados em bairros como Icaraí, Jardim Icaraí, Santa Rosa e Charitas.
"De acordo com as pesquisas, verificamos que o apartamento de três quartos possui uma demanda maior em bairros com uma infraestrutura já definida como comércio, restaurantes, escolas e outros serviços", conta.

Ele declara ainda que essa modalidade de habitação é oferecida no mercado com um espaço que varia entre 85 metros quadrados a 100 metros quadrados para proporcionar mais conforto e lazer para os moradores.
"Existe uma busca por apartamentos de três quartos mais compactos e modernos, com cozinha americana, suíte canadense (quartos interligados pela mesma suíte), varanda com churrasqueira e área de lazer mais sofisticada com espaço gourmet, fitness, home cine e espaços para pizza e churrasqueira", diz.
Vicente Maciel explica como o empreendimento de três quartos é visto pelos compradores.

"Pelo consumidor ele é como sonho de consumo, tendo em vista que morar em casa em Niterói se tornou muito difícil, por ser longe ou insegura. Pelos investidores ele pode ser uma boa opção de locação", aponta.

Perfil - Para o diretor da Pinto de Almeida, José Francisco Vieira, o imóvel de três quartos é destinado a pessoas com a situação financeira estabilizada. 

"Os clientes que possuem esse perfil já passaram pela experiência da compra do primeiro imóvel e agora estão em busca de mais espaço e conforto. Estes consumidores buscam além de um imóvel maior e com mais cômodos, uma área de lazer bem estruturada que ofereça atrativos para que a família possa se divertir no próprio condomínio com comodidade e segurança", salienta.

O casal de dentistas, Ana Guerra e Márcio Oliveira, são pais de três meninos e compraram recentemente um apartamento de três quartos em Santa Rosa. Ana Guerra diz que um imóvel de dois quartos ficou pequeno com a chegada do pequeno Kevin, de 2 meses.

"O Matheus de 6 anos e o Guilherme de 7 anos são muito levados e não poderia colocar o berço do bebê no quarto deles. Ia ser impossível. Conversamos e antes do Kevin nascer conseguimos nos mudar para um lugar maior. O que para mim foi ótimo. Uma casa com mais espaço dá para organizar melhor as coisas", enfatiza a dentista.

Márcio Oliveira destaca que o fator decisivo para o casal escolher o imóvel foi a variedade de opções de lazer.

"Pelo fato de estarmos com o bebê pequeno ficamos uma boa parte do nosso tempo em casa. Aqui temos uma piscina privativa, colocamos alguns brinquedos na varanda e eles adoram", destaca.



O Fluminense, Lislaine Rottas, 21/out

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Queda dos aluguéis não significa compra


Após três anos de altas no valor de locação de imóveis no Rio, o Índice FipeZap apontou que o preço do aluguel começou a cair. Enquanto em agosto a queda registrada foi de -0,1%, em setembro o recuo foi de -0,3%. A dúvida que fica é: isso indica que deve-se adiar a compra da casa e alugar um imóvel?

Segundo especialistas, saber se é a hora de alugar ou comprar um imóvel depende de cada pessoa e, principalmente, do momento pelo qual está passando. O lugar onde mora é onde quer fincar raízes? Há capital suficiente para investir? Deve-se considerar também o fato de que, ao alugar, a pessoa não terá o bem no final, embora os valores de aluguel e prestações sejam, às vezes, bem próximos.

Depois de dois anos morando de aluguel, a professora Cleuza Faustino, de 49 anos, resolveu investir num novo imóvel. Antes de morar no apartamento alugado, ela era dona de um em Guadalupe. Enquanto não vendia o primeiro bem, alugava um apartamento em Madureira, que depois seria seu.

- Resolvi comprar, porque não gosto de pagar aluguel. Prefiro pagar por uma coisa que vai ser minha. É melhor, porque posso ajeitar a casa do jeito que eu quiser, e as mudanças que fizer vão ficar para mim, não para outro proprietário.

Eduardo Zylberstajn, coordenador do FipeZap, explica que a queda no valor do aluguel pode indicar uma retração do mercado imobiliário como um todo.

- Eu interpreto isso como um sinal de que talvez o aumento da demanda por moradia tenha dado uma trégua. O aluguel mede muito diretamente isso. As pessoas não têm como comprar, mas precisam morar em um local, aí o aluguel capta essa demanda - explica. - As quedas foram relativamente pequenas, então não é muito mais negócio alugar do que comprar.

O economista Gilberto Braga acha que deve-se investir na compra:

- Sempre é uma boa hora para comprar a casa própria, pois se trata de um bem que, além de substituir o aluguel, fica como um legado para os herdeiros e a família.



Extra, Lara Mizoguchi, 20/out

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Rio de Janeiro quer atrair construtoras de SP


Com a perspectiva de crescer 5% este ano, a cidade do Rio de Janeiro segue na busca por uma fatia do mercado imobiliário da capital paulista. Segundo dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio de Janeiro (Ademi-RJ), a cidade se prepara para ganhar investimentos e bater o ritmo de lançamentos de São Paulo.
 
Para o vice-presidente da Ademi-RJ, Alexandre Fonseca, o momento dos cariocas se mostra bastante promissor e as oportunidades seguem em alta para o mercado. "Em 2000 o município de São Paulo chegou a ser seis vezes maior que o do Rio de Janeiro em unidades residenciais lançadas. Hoje esse número caiu para duas vezes", disse ele.
 
Os números da entidade indicam que em 2000 foram lançadas 30 mil unidades em São Paulo, contra cinco mil no Rio de Janeiro. No primeiro semestre deste ano os lançamentos na capital paulista somaram 14 mil, enquanto seis mil foram lançados no Rio.
 
José Carlos Ferrão, professor de macro economia da Universidade Federal d Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o mercado carioca ganhou algumas vantagens na competição com São Paulo este ano. "Há um grande problema de terrenos em São Paulo. A mudança do plano diretor, anunciada pelo prefeito Fernando Haddad, fez com que recuasse a procura das empresas por espaços na cidade. Isso poderá trazer alguns investimentos para o Rio", disse.
 
A busca de imóveis na cidade do Rio de Janeiro é a aposta da recém-nascida Benx. Braço da incorporadora do Grupo Bueno Netto , a empresa entra em 2014 em busca de oportunidades de negócios comerciais e residenciais no próximo ano.
 
O diretor de incorporações da Benx, Luciano Amaral, diz que a empresa conta com R$ 300 milhões para aquisição de terrenos. "O Rio de Janeiro é um mercado com grande potencial. Por isso nosso foco, por enquanto, são empreendimentos em São Paulo e no Rio de Janeiro", afirmou.
 
Os dados da Ademi-RJ projetam ainda que as empresas que escolherem entrar agora no Rio de Janeiro poderão contar com incremento tanto da demanda quanto da oferta de imóveis.
 
"Em 2011, o mercado carioca experimentou um crescimento acentuado de 25% na comparação com 2010", explicou Fonseca, que completou: "2012, por sua vez, foi um ano de consolidação e 2013 se inicia com a tendência de crescimento tanto na oferta quanto na demanda", detalha.
 
Quem também divulgou a entrada no mercado imobiliário carioca foi a Damha Urbanizadora, braço do Grupo Encalso Damha, conglomerado empresarial fundado em 1964, que atua com engenharia civil, agronegócios, shopping, concessão de rodovias, energia e imóveis.
 
A empresa anunciou para os próximos meses o lançamento do Residencial Damha I, em Campos, primeiro empreendimento na cidade e no Estado do Rio de Janeiro. Com 446 lotes residenciais, o empreendimento teve aportes de R$ 45 milhões.
 
O empreendimento é um dos 12 lançamentos planejados pela Damha Urbanizadora para 2013, em um projeto de expansão nacional que prevê valor geral de vendas (VGV) de R$ 700 milhões no ano. "Para nós é uma satisfação e, ao mesmo tempo, um desafio poder ingressar em Campos, cidade de grande potencial econômico do Estado do Rio de Janeiro", diz o diretor superintendente da empresa, José Paranhos.
 
Com investimentos da ordem de R$ 45 milhões, o Residencial Damha I está localizado na Rua Aires de Souza, 289 - Parque Rodoviário, próximo ao Shopping Boulevard. Em seus 350 mil metros quadrados (m²), serão oferecidos 446 lotes residenciais, que possuem dimensões entre 400 e 448 m² e ocupam área de 185,8 mil m². Outro importante destaque fica por conta dos espaços reservados exclusivamente para áreas verdes e de lazer, que totalizam 74,8 mil m², ou 21% da área total do empreendimento.
 
COMPLEXOS MULTIÚSO

Outra opção é apontada pela ADEMI-RJ como de grande potencial: os grandes complexos multiúso. Entre os destaques da entidade está o Trump Towers, incorporado pela Even. O projeto tem cinco torres de 38 andares e o VGV somará cerca de R$ 5 bilhões ao final dos lançamentos.
 
Além do complexo da Even, o Porto Atlântico, que foi lançado em março deste ano e conta com 884 unidades, gerou para a incorporadora OR VGV de R$ 803 milhões e está todo vendido.
 
Outro destaque é o Porto Vida, idealizado pelas empresas OAS, OR, REX e Carioca. Com mil unidades a previsão de entrega do empreendimento é para outubro deste ano e o valor geral de vendas somará R$ 500 milhões.
 
Já o Porto 1 Rio Corporate, da incorporadora João Fortes e MDL e voltado ao público AA, conta com 34 unidades, será lançado este ano e tem VGV previsto de R$ 250 milhões.



DCI, 18/out

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PDG e Ager apostam em centro empresarial no RJ


A PDG lança ainda este mês o The City Business District, centro com shopping, salas comerciais e escritórios com Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 400 milhões em sua primeira fase. A expectativa é de que a primeira fase do empreendimento - que contempla um shopping, uma torre corporativa e três prédios de escritórios na Barra da Tijuca - fique pronta no fim de 2016, depois, portanto, da Olimpíada na cidade. Os executivos envolvidos no projeto, a PDG lança o The City em parceria com a Ager, dona do terreno e incorporadora das unidades, apostam que a demanda imobiliária no Rio vai continuar aquecida mesmo depois dos grandes eventos esportivos programados para a cidade.

Segundo o diretor regional da PDG, Claudio Hermolin, o setor de petróleo, com o pré-sal, e a infraestrutura de transporte em construção na Barra são dois exemplos de incentivos que manterão em ebulição o mercado imobiliário no Rio.

Hermolin, que é vice-presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio (Ademi-RJ), acredita que a Barra da Tijuca - que puxou o crescimento da cidade nas duas últimas décadas - passará certamente por forte demanda de imóveis comerciais nos próximos anos.

"O pré-sal vai trazer para o Rio uma injeção na economia que nós ainda não temos a exata noção do quanto vai ter de impacto nos negócios da cidade", frisou Hermolin, lembrando que o empreendimento ficará em uma das vias que mais cresce no Rio, a Abelardo Bueno, onde ficam, entre outros, a HSBC Arena e o Parque Aquático Maria Lenk, sede de competições no Pan de 2007.

No primeiro semestre, o mercado carioca registrou o lançamento de 5.976 unidades residenciais, 1.538 unidades comerciais e 510 unidades hoteleiras, segundo dados da Ademi. As 8.024 unidades lançadas significaram um aumento de 4,18% em relação às 7.702 unidades do primeiro semestre de 2012.

Maior projeto da PDG no país em 2013, a primeira fase do The City terá 50 mil metros quadrados de escritórios na primeira fase, volume que deve saltar para 200 mil metros quadrados ao fim da terceira fase de construção.

O terreno de 100 mil metros quadrados foi adquirido pela Ager em troca da torre corporativa que será erguida na primeira fase do projeto. Essa torre terá nove andares, com espaços de até 735 metros quadrados. O shopping, que terá cerca de 5 mil metros quadrados de lojas já foi adquirido pela JCA5 Participações, cujos sócios são a Autonomy Investimentos e o grupo Neves.

Os envolvidos garantem que haverá demanda para que todo o terreno seja ocupado nas duas outras fases de construção. "A gente pode dizer que vai ser todo desenvolvido. Só não pode dizer quando", diz Antônio Henrique Neves, sócio da Ager.

As conversas entre Ager e PDG começaram há três anos e o projeto foi mudado três vezes até se chegar ao conceito atual. Ernesto Raposo, também sócio da Ager, ressalta que o lado ambiental também foi contemplado e a construção utilizará um sistema de resfriamento de água chamado "district cooling", em que a Light Esco fornece água gelada para refrigeração, garantindo 30% a menos de consumo de ar condicionado. O projeto arquitetônico foi desenvolvido pela Arquitectonica, empresa americana responsável, entre outros, pelos edifícios da sede europeia da Microsoft, em Paris.


Valor Econômico, Rafael Rosas, 17/out

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Orçamento do governo do Rio prevê gastar R$ 3 bi com metrô em 2014


As obras para a escavação de túneis e abertura de seis novas estações entre Ipanema e o Jardim Oceânico que levarão o metrô da Zona Sul para a Barra da Tijuca - a Linha 4 - exigirão investimentos de R$ 3 bilhões do governo do Estado do Rio em 2014. O valor corresponde a cerca de 25% dos R$ 12,1 bilhões que o estado projeta ter disponíveis para gastar com infraestrutura, no último ano do governo Sérgio Cabral.

A proposta orçamentária do estado para o ano que vem começa a ser debatida nesta quarta-feira, em uma audiência pública da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa (Alerj).

- O prazo para o metrô ficar pronto é 2016, devido à realização dos Jogos Olímpicos. Por isso, em 2014, o valor investido terá que ser bem elevado, a fim de cumprir o cronograma - explicou o secretário estadual de Planejamento, Sérgio Ruy Barbosa, que participará da audiência.

A proposta encaminhada pelo governo à Alerj projeta uma receita de R$ 75,9 bilhões para o ano que vem, a ser repassada ao governo, ao Legislativo e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). O valor representa um aumento de 5,67% em relação à previsão para este ano. Dos R$ 12,1 bilhões orçados para investimentos, R$ 7,87 bilhões deverão vir de empréstimos de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa Econômica Federal, Banco Mundial (Bird), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre outras.

Oposição quer reduzir remanejamento

Por enquanto, tudo na proposta orçamentária é consenso, até porque o governador tem a maioria na Assembleia. A bancada de oposição na Alerj vai tentar aprovar emenda para reduzir a margem de remanejamento que o governador terá do orçamento.

A proposta enviada ao Legislativo prevê uma margem de até 25%. Normalmente, o percentual aprovado corresponde a 20% das receitas. Mas, para o deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), a margem de remanejamento deveria ser ainda menor, a fim de reduzir o espaço que o governo tem para decidir sozinho onde investir, sem a interferência dos deputados.

- A receita de R$ 75,9 bilhões está apenas um pouco acima das projeções que o estado previa em junho. Mas a grande crítica que eu tenho é em relação à margem de remanejamento. Até se a margem de remanejamento aprovada for de 20%, já é muito. Como boa parte das receitas obrigatoriamente têm que ser aplicadas em vários projetos, o que sobra para remanejar na realidade fica muito abaixo disso. O Legislativo aprova o orçamento mas, na prática, o estado fica com liberdade para decidir onde investir sem contestação - disse Luiz Paulo.

Recursos do PAC no projeto somarão R$ 2,7 bilhões

A proposta orçamentária prevê também investimentos de R$ 2,7 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Os recursos serão destinados a uma nova etapa das obras de infraestrutura na Favela da Rocinha e à urbanização do Complexo do Lins. Este, recém-ocupado, vai receber duas novas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Para os preparativos para os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, estão previstos R$ 22,6 milhões em recursos. Uma parte dessa verba irá para a conclusão de uma nova estação de integração entre as composições do Metrô e da Supervia, nas proximidades do Maracanã.
Gasto com pessoal aumenta

Pelo projeto encaminhado à Alerj, está previsto um aumento de 12,27% nos gastos com pessoal, que passarão de R$ 29,9 bilhões para R$ 33,6 bilhões. Uma parte desse crescimento nos gastos cobrirá um reajuste entre 11,5% e 13% para 75 mil policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários, a partir de 1º de fevereiro. O percentual final dependerá da inflação acumulada pelo IPCA deste ano.

A proposta prevê ainda que R$ 17,7 bilhões da arrecadação com ICMS e royalties do petróleo sejam repassados para os 92 municípios do Estado do Rio. Para as áreas de segurança e educação estão previstos, respectivamente, R$ 91 bilhões e R$ 5,4 bilhões.



O Globo, Luiz Ernesto Magalhães, 16/out

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Venda de imóvel novo cai em 7 Estados, mas cresce no RJ e em SP


A disparada das vendas de imóveis novos na região metropolitana de São Paulo, que têm crescido cerca de 40% neste ano, não está sendo acompanhada por outras capitais brasileiras. Estudo feito pelo Secovi São Paulo mostra que em sete outros Estados o movimento foi contrário e as vendas caíram. Apenas o Rio acompanhou a tendência de alta, crescendo 8% - índice bem mais modesto do que o de São Paulo.
 
O que os números estão mostrando, segundo especialistas, é reflexo direto da mudança de estratégia feita nos últimos anos pelas construtoras e incorporadoras, que logo depois de captarem mais de R$ 20 bilhões na Bolsa de Valores se lançaram País afora em empreendimentos que acabaram fracassando. Para reverter os prejuízos que tiveram que reconhecer entre 2011 e 2012, elas estão focando agora nos mercados que conhecem e têm demanda, justamente São Paulo e Rio.
 
"Construiu-se indiscriminadamente no País e em alguns mercados houve um desequilíbrio entre o tipo de empreendimento ofertado e a capacidade de compra das pessoas", diz João da Rocha Lima, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e consultor na Unitas.
 
Dados dos analistas do setor no Bradesco BBI mostram que as 16 empresas listadas em Bolsa lançaram no primeiro semestre R$ 14,5 bilhões em empreendimentos em todo o Brasil, número inferior aos R$ 19 bilhões de 2011 ou R$ 15,7 bilhões de 2012. Mas novamente São Paulo está em direção oposta e os lançamentos cresceram 41% em número de unidades. Esse avanço nos lançamentos é outro motivo que explica a alta das vendas na capital paulista.
 
Pelo estudo do Secovi, Belo Horizonte é a cidade com maior queda nas vendas, de 16%. De acordo com o vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Lucas Guerra Martins, a aprovação de novos empreendimentos que era de 90 dias, com a mudança de gestão na prefeitura, passou a um ano e meio.
 
No Rio, as vendas de imóveis têm crescido na cidade há cinco anos, de acordo com João Paulo Rio Tinto de Matos, presidente da Ademi-RJ.
 
Um dos motivos para o aquecimento do mercado é a sensação de segurança que melhorou na cidade depois da pacificação de favelas.
 
Demanda. A expectativa de demanda por imóveis tende a continuar crescente em função do chamado bônus demográfico do crescimento das famílias nos próximos 30 anos.
 
O analista Luiz Maurício de Garcia Paula, do Bradesco BBI, lembra que por mais que a população cresça apenas 0,7% por ano isso significa 140 mil novas famílias somente em São Paulo por ano. No auge de vendas imobiliárias no ano de 2010 foram vendidas 76 mil novas residências. Neste ano, no primeiro semestre, foram apenas 28 mil.
 
"Apesar do PIB ter crescido menos e a renda não ter dado saltos significativos em termos reais, o nível de desemprego está estável, o que dá segurança na compra de um imóvel", diz Garcia Paula.

As vendas devem ser impulsionadas pelo aumento da faixa de valor dos imóveis a ser passível de uso do FGTS, que passou a R$ 750 mil. Segundo dados do Secovi, 20% dos lançamentos em São Paulo entre setembro de 2012 e agosto de 2013 estão nesta faixa de preço.



O Estado de São Paulo, 15/out